40-os pais dela

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MARCOS


Essa semana está sendo bem longa. No sábado eu fui dormir bem tarde pensando no meu pequeno pecado. Já no domingo passei o dia com a minha irmã, e à noite fomos à igreja.

Na segunda,bom, escola, casa, academia, casa, treino, casa. Terça praticamente a mesma coisa só mudou o horário da academia com o treino.

Na quarta, fui pra escola, voltei pra casa e fui pro campo treinar as crianças, algumas brigas aqui outra lá, e tá tudo certo. Academia a noite e casa, cheguei em casa um pouco  antes dos meus pais, eu fiz um lanche e dormi. Na quinta, escola, treino meu, treino das crianças, academia, e casa.

A bendita sexta-feira é que foi difícil mesmo. Acordei antes do meu horário e não consegui mais dormir, me levantei e fui tomar banho, me arrumei, e desci pra cozinha, fiz o café e deixei a mesa arrumada com um bilhete de despedida para minha família. Peguei meus materiais e minha bolsa com outras roupas,e meu equipamento e fui pra escola, hoje eu só volto pra casa no fim da tarde. Quando chegar só vou trocar de roupa e sair de novo. Uma intimação da parte dos meus pais.

Eles foram convidados para um aniversário e eu estou sendo obrigado a ir. A Bárbara adora eventos, com certeza ela vai começar a se arrumar bem cedo. Cumpri com todas as minhas obrigações do dia, tomei banho na academia e vesti uma roupa limpa pra voltar pra casa.

– Marcos anda logo ! A gente tá te esperando.

– Tá bom Bárbara, não enche o saco.

– Que bom que chegou filho, vai se arrumar, estamos te esperando na sala.

– Oi mãe, tudo bem, eu não demoro.

Subindo as escadas cruzei com meu pai.

– Filho, boa noite como foi o dia ?

– Cheio pai. Já desço tá. Só vou vestir roupa.

– Ok.

Fui para o meu quarto me arrumei, o mais rápido possível. Uma camisa social branca de mangas curtas, uma calça jogger preta, e um tênis branco. Arrumei meu cabelo e me perfumei. Pronto ! Não vou colocar minha corrente pra fora da blusa por respeito aos meus pais, eles não gostam muito. Peguei meu moletom branco, e amarrei no meu pescoço. Coloquei um relógio, peguei meu celular e saí.

Tomara que tenha comida de verdade nesse aniversário. Estou com fome. passei pela sala e não tinha ninguém, ouvi barulhos na garagem e sai de casa trancando as portas, e indo pra garagem. Meu pai estava ligando o carro. Ele parou e eu entrei.

–Nossa pra que tanto perfume Marcos.

– Me desculpa Bárbara se o seu olfato de gambar não gosta de perfume. Sorrio e ela avança pra cima de mim com tapas.

– Seu babaca, idiota … Meu pai corta a cena de bárbara

– Não sabia que tinha duas crianças no banco de trás do carro.

– Parei Bárbara.

– Idiota ! Você tá horrível!

– Bárbara e Marcos já chega e vocês se comportem. (Mãe)

– E pra onde a gente vai mesmo, vocês só falaram que era um aniversário mas não falaram de quem.

– É o aniversário da filha do pastor Rafael e da pastora Cristina. Aqueles que a gente prega na igreja deles as vezes.

Eu estava tomando água e me engasguei quando ouvi os nomes dos pais de Júlia.
Não é possível, será que… merda se for aniversário dela mesmo, eu não comprei nenhum presente.

E pior será que ela vai falar comigo ou vai fingir que nem me conhece, eu vou conhecer os pais dela.

Porra os pais dela !

E os meus também vão conhecê-la. Mas que droga !

Eu tô fudido

– Marcos você tá bem ?

– Tô sim só engasguei. Meu deus meus pais podem não reconhecer ela da foto, mas a Barbara com certeza vai. E do jeito que ela não tem filtro, eu tô fudido mesmo.

–Ficou mais branco que fantasma.

– Me deixa Barbara !

– Ui nervosinho, não tá mais aqui quem falou.

Bufei de olhos fechados tentando absorver a informação mas a ficha não caia. Meu pai parou o carro e eu não vi nenhuma festa a nossa volta.

– Ué pai cadê a festa ?

– Calma Marcos, nós vamos andando até a igreja.

– Porque ?

– Porque é uma surpresa, ela não sabe de nada.

– Ata.

Nós descemos do carro e fomos andando um quarteirão. Meu pai ajudava minha mãe a caminhar ela estava com um vestido longo azul claro da mesma cor que a gravata do meu pai, e os saltos que ela usava eram medianos de cor nude. Meu pai estava de terno, bem formal.

Eu por outro lado tinha que ajudar a atrapalhada da Barbara que insisti em usar saltos enormes sem mal saber andar, tô parecendo uma bengala humana, servindo de apoio pra essa tonta. Ela está muito bonita, também de vestido, nem longo e nem curto, um pouco abaixo dos joelhos, ele é azul escuro e tem alguns botões por todo o comprimento do vestido, e os enormes saltos são vermelhos. Todos estão bem arrumados, formais e combinando até nas cores das roupas, mas eu sou a exceção.

Quando chegamos em frente a igreja estava um pouco escuro, meu coração parecia que a qualquer momento sairia pela boca. Imagine quando eu a ver. Nós fomos recebidos e direcionados pelos membros até uma mesa. Nos sentamos e ficamos esperando, em cinco minutos um homem pegou o microfone e avisou que os pastores estavam chegando, apagaram todas as luzes e trancaram a porta da frente.

O meu coração estava tão acelerado que eu poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Um farol bateu nas portas e todos se calaram. Eram eles. Primeiro o pai dela entrou e foi até o altar, depois a mãe, e os irmãos logo seguida, demorou um pouco pra ela descer do carro e resolver entrar. Assim que ela entra as luzes são acesas e os músicos começam a tocar, os parabéns.

Nada paga a confusão em que ela estava. Quando as luzes foram acesas ela tentou se acostumar com a claridade, depois ela ficou emburrada e então percebeu do que se tratava, aí ela desfez a cara emburrada e ficou quieta com um sorriso bem discreto no rosto.

Ela é tão…

Os parabéns acabaram e ela foi direcionada a mesa do bolo, e algumas pessoas foram fazendo fila pra abraça-la, desejar os parabéns e tirar as fotos com ela. Com certeza eu seria o último a fazer isso. Uma coisa não saia da minha cabeça.

Vou conhecer os pais dela.
Jesus Cristo me ajuda ! Eu sou um bom rapaz.

– Marcos vai lá no carro e pega o presente lá no porta malas, eu esqueci.

– Claro! Ufa, nunca fiquei tão aliviado com um pedido da minha mãe.

O que será que ela comprou?

Abri o porta malas e me deparei com uma cesta de chocolates e outras besteiras, tinha até uma caixinha de… halls.

–Eu não acredito. Sorrio sozinho. Parece até que eles sabiam.

Volto pra festa, e procuro meus pais, engulo em seco ao vê-los conversando com Júlia.

O NARCISISTA E A ORGULHOSA Onde histórias criam vida. Descubra agora