O quadrilátero de asfalto próximo à Torre da Balsa estava vazio. Mina sentou-se num banco observando a rua, reparando na fila de pessoas à direita que aguardavam a vez de embarcar. Deixara a tipóia na bolsa, uma decisão tomada pouco antes de descer do táxi de Park Yejun. Com o passar dos minutos, a articulação começava a doer. No instante em que se preparava para ir embora, Jinyoung apareceu na calçada com sua caixa nas mãos. O sol formava um halo ao redor dos cabelos dele. Quando ele se aproximou, percebeu que as feições que chegara a adorar encontravam-se tensas e desconfiadas. Jinyoung deixou a caixa cair no banco, ao lado de Mina.
— Aqui estão suas coisas. O que mais você quer?
Mina levantou-se. Jinyoung era mais alto, o que tornava um pouco mais difícil de sustentar-lhe o olhar.
— Que tal uma explicação? Podemos começar com: por que pediu para casar comigo quando já é casado?
— Eu me apaixonei por você, está bem? Você parecia tão livre, tão acessível, diferente da minha sofisticada e controlada... bem, não vem ao caso. Sei que foi errado. Mas aconteceu e depois que eu me apaixonei, tive de descobrir uma forma de ficar perto de você. — Declarou ele, passando a mão por entre os cabelos.
— Pois saiba que não acredito numa só palavra do que você diz. Porém na remota possibilidade de que esteja dizendo a verdade, nunca lhe ocorreu ser honesto? Comigo? Com ela? Um casamento é um compromisso sério. Se você tem um problema no seu, não se volta para outra, simplesmente. Converse com sua esposa, tente resolver. Se não for possível, então termine tudo. Mas certamente não se casa com uma pessoa antes de terminar o casamento com outra.
— Você não tem a menor idéia sobre o que está falando. Como é minha vida. Não sou casado apenas com uma mulher, mas com um negócio de família, do qual meu sogro é proprietário. Levei sete anos ampliando uma pequena galeria e transformando-a numa cadeia com representantes em vinte outras cidades do país. Eu perderia tudo isso se me divorciasse. — Mina não disse nada na breve pausa que ele fez. — Já sei. Devia ter pensado nisso antes. Mas tenho minha filha para considerar, também. Perder meu emprego seria ruim, mas perder Lia seria insuportável. Pensei por um instante que poderia ter tudo. O negócio, minha filha e eventualmente você, mais a vida que planejamos em Seul. Mas você tornou claro que eu não podia ter você sem me casar. Então...
As palavras morreram enquanto os olhos dele se perdiam na distância. Mina o observou por vários segundos, sentindo a raiva crescer dentro dela.
— Quer dizer então que foi por minha culpa que você tentou a bigamia. Porque queria o quê? Sexo? Sabia que eu me magoara com uma falsa promessa de casamento antes e que não permitiria isso outra vez? Se para conseguir o que você queria era apenas se casando comigo, quem se importaria com uma esposa e uma filha vivendo na ignorância do outro lado do país?
Ela observou enquanto as sobrancelhas de Jinyoung se ergueram apenas um pouco e os olhos arregalaram-se, cheios de inocência, um efeito auxiliado pelos cabelos esvoaçados pela brisa. Mesmo naquela situação, ele parecia o bom moço do filme.
De repente Mina entendeu por quê. Jeongyeon mencionara numa das conversas. Jinyoung acreditava em suas próprias mentiras. Ao final, Mina se apaixonara pelas ilusões que ele era capaz de criar. Pois a máscara agora caíra.
— Mina, acredito que você suspeita que eu não tivesse boas intenções, considerando...
— Considerando o diamante que me deu, tão falso quanto sua proposta de casamento?
— Não acredito. Então está assim por causa de dinheiro? Você imaginou que iria conseguir um homem rico, que iria cobrir você de presentes numa casa de primeira? Agora está brava porque descobriu que sou apenas um trabalhador que dá duro e está tentando extrair o melhor de sua situação?
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Gatos Pretos, Amuletos e Mais Mil Coisas de Azar - JeongMi
FanfictionParecia que em todos os lugares aonde Myoui Mina ia, alguma coisa desastrosa acontecia! Agora, ela se deparava com um caso intrigante, e via-se sob proteção de uma sexy, porém desconfiada detetive. Sim, positivamente, ela era uma pessoa azarada, e n...