|12 - Talismã|

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O azar sempre vem três vezes.

Essas palavras ecoaram pela cabeça de Jeongyeon enquanto observava Mina com a gata nos braços. Queria sacudir a cabeça e dizer que ela estava sendo ridícula, mas o fato inegável de que haviam acontecido três fatos desagradáveis depois que ela trouxe o animal para casa. Não que ela fosse aceitar essa história de azar.

— Não vai me dizer que quer culpar o pobre animal por essas coisas?

— Claro que não. Nada disso é culpa dela. Sou eu. Eu nunca devia ter arriscado em...

— Devia, sim. — Argumentou Eunji. — Era exatamente o que você devia fazer. Desafiar o que você enxerga como destino.

— Para quê? Para que você fosse assaltada e os telefones deixassem de funcionar? Para que Jeongyeon fosse despedida do emprego?

— Minha suspensão não tem nada a ver com seu gato.

Como se o animal soubesse que estava em discussão, saltou do colo de Mina, atravessou a sala e aboletou-se na poltrona florida. Permaneceu ali, a fitar as três. Os olhos verdes dilataram-se, depois encolheram outra vez.

— Reparei que você não disse que sua suspensão não tinha nada a ver comigo. E tem, não tem? Foi por causa daquela cena na galeria de arte, onde eu não pude ficar quieta e evitar essa confusão toda com Bang Sihyuk e o gato dele.

— As circunstâncias por trás da minha suspensão são mais complicadas e eu não gostaria de falar sobre isso no momento. E quanto à sua "teoria dos três", cada um dos fatos que ocorreu tem uma explicação lógica. Os telefones, por exemplo. Pelo que sabemos, a vizinhança toda pode estar sem telefones. Portanto, antes de continuar esta conversa, pretendo ir até o outro lado da rua, saber se o telefone da Sra. Park está funcionando. Se estiver, vou chamar a companhia telefônica para saber o que aconteceu.

Com essas palavras, Jeongyeon voltou-se e saiu pela porta da frente.

— Ela tem razão sobre as explicações.

As palavras de Eunji só serviram para deixar mais tensos os músculos de Mina.

Ela desejava acreditar, mas no momento sentia que Myoui Calamidade assumira outra vez sua vida. Não conseguiria discutir o assunto sem irromper em lágrimas. Além do mais, havia o assunto da gata assustada para cuidar.

Mina caminhou para a cadeira, e o animal ergueu os olhos. Concentrando-se em eliminar da mente todos os pensamentos desagradáveis para enviar vibrações boas para a gata, Mina apanhou-a no colo, depois voltou-se para Eunji.

— Acho que é melhor voltar para o quarto. Daqui a pouco eu desço. Resolvi fazer o jantar para nós três, portanto coloquei um frango com batatas no forno cerca de uma hora atrás. Ainda queria preparar feijão, mas acho que a cozinha não é o melhor lugar para ela no momento.

— Não mesmo. Bem, enquanto você cozinha eu termino minhas anotações sobre o último paciente. Depois que eu terminar, me encontro com você para preparar a salada.

Em seu quarto, Mina reparou na cadeira iluminada pela janela e depositou ali a gata, que imediatamente se enrodilhou e deitou-se. Mina sorriu e caminhou até a porta. Olhou novamente para sua gata antes de sair, com um sorriso nos lábios.

O animal, assim como ela, parecia ter a habilidade de ocultar emoções. Não era estranho, se a gata tivesse vivido abandonada e solitária por muito tempo, procurando carinho e companhia, sem saber se os outros a desejavam por perto.

Sendo assim, iria fingir que nenhum dos desastres ocorridos naquele dia iriam afetar seu comportamento.

Funcionou muito bem enquanto estava sozinha na cozinha, concentrada em lavar as vagens de feijão fresco na pia de cobre. Enquanto esperava que a água fervesse na panela, colocou manteiga para derreter numa frigideira. Acabara de colocar o feijão na água quando escutou uma voz familiar no saguão.

Gatos Pretos, Amuletos e Mais Mil Coisas de Azar - JeongMiOnde histórias criam vida. Descubra agora