|2 - Cama de rosas|

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— Vim visitar uma amiga. — Respondeu Mina. Pelo menos aquilo era verdade.

— Certo. E sua amiga a apanhou no aeroporto e a trouxe para cá? — Mina negou com um gesto de cabeça. Sabia que o gerente do hotel poderia contradizê-la, portanto alterou a história, dizendo a detetive Jeongyeon que tomara um táxi para a casa da sua amiga, para ficar sabendo que a pessoa tivera de sair da cidade, numa emergência familiar. Depois disso ela perguntara ao motorista onde poderia encontrar um motel bom e barato para passar a noite. Essa parte também era verdadeira. E o restante era suficientemente próximo à verdade para deixá-la tranquila. — Quanto tempo pretende ficar?

— Eu... não sei.

Imaginei que seria para sempre, pensou ela.

Jeongyeon enfiou a mão no bolso e entregou-lhe um pequeno cartão branco.

— Aqui está meu cartão. Talvez eu tenha mais perguntas para fazer em outra oportunidade, portanto se mudar de endereço me avise, sim?

O tom profissional e o olhar que acompanhou as palavras não deixaram dúvidas de que não se tratava apenas de um pedido. Ela a observou enquanto Mina lia o cartão, depois erguia os olhos para ela. Só então a detetive Yoo levantou-se e saiu. Ao lado de fora, esperou que Jimin se juntasse a ela.

— Vamos ver se a polícia técnica conseguiu descobrir alguma coisa, depois acho que podemos ir para casa. — Disse Jeongyeon.

— Recebi um memorando hoje em relação ao tiroteio Yansun. Quero que você pare na loja de armas na esquina da rua Saessak com a Bujeon amanhã de manhã antes de ir à delegacia. Já demos àquele sujeito tempo suficiente para localizar o tal registro que extraviou.

— Também pretendo chegar cedo amanhã, porque tenho de fazer uns telefonemas para Seul.

— Para a capital? Por quê? — Quis saber Jimin. Os dois chegaram ao quarto trinta e nove, onde três homens usando luvas moviam-se pelo quarto com pequenas escovas e sacos plásticos.

— Acho que vou verificar a srta. Myoui.

— Calliope? — Espantou-se Jimin. — Por quê? Não estou contente que nossos sequestradores de gato tenham escapado, mas a situação dela parece ser claramente um caso de estar no lugar errado e na hora errada. Aliás, ela parece mesmo ser azarada, porque perdeu o emprego, depois a amiga não estava em casa. Aí ela chega aqui e fica exatamente neste motel, quando a rua está cheia de outros melhores?

Jeongyeon encarou seu colega.

O Park tinha razão. A srta. Myoui parecia ter vocação para atrair coisas ruins. Além disso era a própria imagem da inocência, com aqueles olhos pretos, misteriosos. Fazer bem seu trabalho implicava em que Jeongyeon ignorasse os encantos que incluíam maquiagem e sorrisos inocentes. Sua profissão exigia que examinasse os detalhes, percebesse inflexões diferentes, observasse as mãos da pessoa que falava, além de outras pequenas diferenças. Tudo isso a levara a concluir o óbvio.

— Ela está mentindo.

— Mentindo? Sobre o quê? — Quis saber Jimin.

— Não tenho certeza.

[...]

Por volta das dez horas da manhã seguinte, embora Jeongyeon soubesse muito mais sobre Myoui Mina, ainda não sabia sobre o que ela estaria mentindo. E não tinha certeza de conseguir uma oportunidade para descobrir.

— jeongyeon. Recebi sua mensagem quando cheguei. O que nos traz até a sala de emergências?

Jeongyeon voltou-se a tempo de ver as portas de mola fecharem-se atrás de Jimin.

Gatos Pretos, Amuletos e Mais Mil Coisas de Azar - JeongMiOnde histórias criam vida. Descubra agora