|13 - A sorte à porta ao lado|

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Com um gemido de dor, Jeongyeon recuou, tentando alcançar as costas. Quando se deu conta, estava sentada em frente à cama de Mina, olhando o animal no chão à sua frente. Suas costas ardiam em vários pontos. Torcendo a cabeça para espiar o ombro, levou a mão ao ponto que não enxergava. Voltou manchada de sangue.

— Meu Deus! Ela machucou mesmo você, não foi? — Mina preocupou-se, aproximando-se pelas costas dela. — Precisamos levar você para o hospital.

— Para o hospital? Não é possível que ela tenha arranhado fundo o suficiente para dar pontos. — Jeongyeon exclamou.

— Não. Mas você ficou um bocado arranhada. Não é fundo, mas ouvi dizer que eles podem...

— Problemas. Eu sei que podem infeccionar. Mas isso se não for feito um curativo apropriado. Vou lavar as costas sob o chuveiro, depois aplicar uma pomada anti-séptica. — Declarou Jeongyeon, erguendo-se. Voltou-se para descobrir que Mina colocara o suéter outra vez. Quando viu o rosto dela, Jeongyeon percebeu que Mina estava preocupada.

— Mas e se...

— Se eu experimentar um sintoma horrível qualquer, prometo que vou direto para o pronto-socorro.

— Mas, por que arriscar? Nós podemos...

— Não!

Mina piscou e recuou como se tivesse recebido uma bofetada.

Jeongyeon suavizou o tom de voz.

— Calma, acontece que tenho problema: detesto hospitais. Você pode dizer que é um tipo de aversão. — Disse, percebendo que Mina não ficou satisfeita. — Mas não se preocupe. Não vai acontecer nada. Se acontecer, fica aqui a minha promessa de não culpar você por isso. Negócio fechado?

Dizendo isso, Jeongyeon abaixou-se para pegar a camisa e dirigiu-se para a porta.

— Jeongyeon?

— Sim?

— Sinto muito.

— Eu também.

Todo o seu corpo participava desse sentimento. A despeito da dor dos arranhões o desejo continuava. Um desejo que ela ainda precisava aprender a controlar. Foi cedo demais o que quase aconteceu naquela noite. Não para Jeongyeon, claro. Uma mulher que passou os últimos anos evitando relacionamentos sérios sabia quando estava pronta para envolver-se emocional e fisicamente. Mas a vida de Mina foi uma sucessão de acontecimentos nos últimos dias, e antes que levassem as coisas adiante, queria saber sobre as verdadeiras emoções e desejos da japonesa. Isso levaria tempo, e graças ao capitão Wang, agora tinha muito para oferecer.

— De qualquer forma, da próxima vez que tirar minha roupa vou olhar para os lados e ver se o seu cão de guarda felino vai defender você ou não.

Quando Jeongyeon viu a sombra de um sorriso nos lábios de Mina, curvou-se para a frente e capturou-lhe a boca. Por um instante o beijo tornou-se carregado de erotismo, os dedos de Mina traçando um caminho, da cintura até os ombros de Jeongyeon, com lentidão intencional. Cada segundo foi de prazer intenso e ao mesmo tempo de tortura, pois ambas sabiam que terminaria. Jeongyeon segurou as duas mãos de Mina, retirando-as devagar antes de interromper o beijo. Lembrou-se de que não desejava apenas um lugar na cama daquela mulher, mas sim em sua vida.

Recuando alguns centímetros, cerrou os olhos para aspirar-lhe o perfume.

— E melhor você ir tomar aquele banho. — Mina disse, com a voz rouca. Recuando em seguida. — Aliás, tenho um sabonete de lavanda, aloé vera e essência de eucalipto, natural, com propriedades de cicatrização. Deixe-me pegá-lo para você.

Gatos Pretos, Amuletos e Mais Mil Coisas de Azar - JeongMiOnde histórias criam vida. Descubra agora