II. Had Gadia

61 2 0
                                    


l'eau vint éteindre le feu

qui avait consumé le bâton

qui avait corrigé le chien

qui avait étranglé le chat

qui avait devoré l'agneau

que mon pére avait acheté pour le prix de deux sous

Precisava lavar os cabelos.

Foi o que Hermione constatou ao passar a mão por eles, encarando todos os pergaminhos e livros sobre psiquiatria espalhados por sua cama.

A mão voltou meio oleosa - o calor incomum que estava fazendo no Reino Unido nos últimos tempos fazia com que sua cabeça suasse mais. Talvez por isso estivesse com aquela dor irritante nas têmporas. Talvez fosse algum problema de visão, ou poderia ser sono ou fome. Respirou fundo, largando a pena e fechando o tinteiro. Era o calor.

Ela se encaminhou até o banheiro. Andava daquele jeito leve sobre o assoalho de madeira, as pontas dos pés tocando o chão. Quando morava com Rony, ele costumava observá-la andar pela casa, e dizia que não havia nada de mais sedutor que seus pézinhos afundando no carpete e suas panturrilhas contraindo a cada passo. Ela sorria, ruborizada, principalmente quando ele confessava que sempre observara os músculos de sua perna se movendo, mesmo embaixo das meias ¾ do uniforme. Mas logo o beijava, dizendo que ela também já tinha observado muitos músculos dele se movendo, e eles acabavam rindo e fazendo amor ali mesmo, onde estivessem.

Mas este não era mais o caso - Rony não estava mais lá e ninguém estava elogiando suas panturrilhas agora, e ela nem ao menos estava em casa. Pelo contrário: na hospedaria em Rosyth, a única coisa que a observava de longe eram as fotos e as fichas criminais de Malfoy pelas dobras de seu acolchoado, e a fortaleza de Azkaban na paisagem da janela lateral.

Na quinta-feira da semana retrasada, quando deixara Azkaban, tinha mais ou menos em mente os casos prontos de Julia Heiss e Theo

Thompson - iria apresentá-los para Marris na terça-feira, e escreveu os mesmos em folhas de papel branco, durante a viagem de trem de Rosyth a Londres. Thompson era, talvez, o caso mais complicado, já que sua violência era mais cruel que a violência passional de Heiss. Fez um quadro comparativo entre os dois, pediu um café. Ao chegar em casa, passou tudo a limpo, e depois de jantar, começou a trabalhar no relatório sobre Draco Malfoy.

Hermione ligou o chuveiro, verificando a temperatura com as costas da mão. Enquanto esperava que a água esquentasse mais, tirou sua roupa lentamente e pegou, no nécessaire sobre a pia, tudo que precisava - sabonete, xampu, condicionador. Entrou no chuveiro, fechando os olhos para molhar o cabelo.

Há duas semanas tinha iniciado as tentativas de relatório sobre Draco Malfoy. O Dr. Marris se surpreendeu quando, na terça-feira, ela não entregou o mesmo. O fato é que tinha passado à noite em claro tentando escrevê-lo, descrevê-lo, e não tinha conseguido. Nem ao mesmo uma linha. Amassara dezenas de pergaminhos, acabara com um tinteiro inteiro, e quase estragara a ponta de uma pena por escrever com raiva. Mas o relatório não saía. Marris deixou que ela entregasse na outra terça-feira, após sua quarta sessão com Malfoy.

E por mais que ela tentasse, espremesse o cérebro, os livros, ela não conseguia escrever. Theo Thompson, o caso mais grave a se comparar, tinha sido violentado aos doze anos pelo pai - Malfoy nunca sofrera nenhum tipo de violência familiar. Theo Thompson tinha sido uma criança pobre, que nunca tivera muito na vida, e que tinha sido facilmente seduzido pelas propostas de Voldemort - Malfoy tinha sido uma das crianças mais ricas de sua época. Theo Thompson não conheceu os irmãos, pois todos morreram de infecções quando ainda eram muito pequenos; e por ter sido o único sobrevivente, seu pai o culpava - Malfoy sequer tinha ficado resfriado na vida inteira. Theo Thompson, em sua loucura, acreditava que Voldemort era uma espécie de Deus em ascensão - Malfoy não acreditava em nada.

HALLELUJAH | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora