III. Os Vícios

50 1 0
                                    


how dare you say that my behavior is unacceptable?

1. O cigarro

O cigarro lhe foi apresentado na prisão, por dois mestiços que eram seus vizinhos de cela – não podia conviver com ex-comensais. Por muitos dias observara eles sorverem de fumaça quente, hora após hora. Um dia, um deles esticou o braço entre as grades, e ofereceu-o.

Draco não conversava com aqueles mestiços frequentemente, mas sabia que um deles se chamava Sean e o outro William. Descobrira isso quando um deles chegou e se apresentou ao outro. Pelo sotaque, deviam ser escoceses, o que não importava muito. Não sabia qual era o crime que tinham cometido para estar em Azkaban. Não tinha a mínima vontade de saber, também.

Sean e William fumavam o dia inteiro. Recebiam cigarros através das esposas que podiam visitá-los de quinze em quinze dias, e pelo visto, não era uma prática proibida na prisão, ou então seria interceptado pelos carcereiros. Talvez apenas drogas bruxas estivessem banidas – ele não tinha certeza, já que durante a vida inteira, a única droga que lhe seduzira fora o álcool.

Mas ao contrário do cigarro, o álcool era proibido em Azkaban.

Por isso, depois de dois meses, o cigarro se proliferara na penitenciária, formando uma nuvem embaçada de fumaça sobre a cabeça de todos. Draco, talvez pelo seu racismo, era um dos únicos que ainda não tinha experimentado – e por isso, fora o único não punido por carregar um maço de cigarros, depois que Marris resolveu proibir o mesmo.

Mas Sean e William pareciam ter encontrado um jeito de burlar a segurança, e recebiam a mistura de nicotina e mais alguns componentes separados dos papeizinhos de enrolar, além de isqueiros. Assim, não podiam fornecer cigarros para toda Azkaban, mas podiam, ao menos, confeccionar seus próprios cigarros e deliciar seu vício.

Draco não sabia por que não começara a fumar quando não era proibido, mas de repente, se vira com o travesseiro cheio de cigarros feitos por ele mesmo. E achar lugares para fumar não era uma tarefa tão difícil assim.

—X—

Era quase ridículo, mas aceitável: pelo fato de o cigarro ser uma droga trouxa, Marris não tinha a mínima noção dos males que ele poderia fazer para a saúde de uma pessoa, bruxa ou não. De fato, a medicina bruxa não estudava doenças trouxas. Ela mesma só sabia de muitas coisas porque era nascida trouxa e filha de dentistas que trabalhavam na área. A BBC Londrina estava repleta de propagandas – 'to smoke, to die' – enquanto O Profeta Diário nem ao menos sabia o que era nicotina.

A proliferação do cigarro tinha sido rápida, o que não era difícil. Mesmo os prisioneiros sendo majoritariamente puros-sangues, isso tudo era plausível: Hermione costumava pensar que, uma vez na prisão, ficamos facilmente tentados por qualquer coisa que seja viciante, um remédio contra o tempo ou um escape de realidade.

Com um ou dois focos de fumantes, não era complicado o controle, mas quando a maior parte dos encarcerados passou a viciar-se, Hermione alertou Marris sobre o cigarro, explicando-lhe o que causava no corpo do humano. Foi quando o chefe resolveu estudar sobre e proibir o uso.

Era de conhecimento geral que alguns presos continuaram fumando, passando por cima da segurança de alguma forma. Mas enquanto não voltasse a se espalhar, e os presos continuassem achando que faziam isso escondido, não tinha por que os punir, de fato.

Por isso mesmo ela não se impressionou quando Draco Malfoy tirou um maço de cigarros feito à mão do bolso, em sua frente, e acendeu um deles. Ela sentiu o cheiro da fumaça.

HALLELUJAH | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora