IV. A Linha

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you drain me dry and make me wonder

why i'm even here

Os lábios finos prenderam o lóbulo de sua orelha, sussurrando coisas que se confundiam com o ar quente saindo de sua boca. A unha deslizou pela pele branquinha, deixando um rastro vermelho por onde passava, vermelho róseo como a boca que pedia pela dele. O cheiro misto de hortelã e de fumaça estava preso nas fibras do tecido de sua roupa, e tê-lo ali era querer mais, pedir mais, gritar por mais.

A mão dele entrou pela parte de trás de seus cabelos, enroscando os cachos castanhos nos dedos longos, puxando-os de leve. Sentia-se cada vez mais úmida, conforme ele a tocava, buscando sua intimidade com a mão direita, penetrando-a com o dedo médio bem devagar. Soltou seus cabelos, buscando um cigarro com a mão livre, ainda tocando-a profundamente, ritmando cada vez mais os movimentos. Ele tragou ao mesmo tempo em que ela gemeu. A fumaça foi solta lentamente, enquanto ele buscou seu clitóris com o polegar, massageando-o devagar.

Ela levou a cabeça para trás, os fios castanhos desenhando o lençol, e abriu os olhos. Parado ao lado da cama – a pele arroxeada, olheiras fundas, aspecto doentio – estava Rony, os cabelos lembrando cobras de bronze. Ela contraiu o corpo, assustada, e Malfoy colocou outro dedo dentro dela. Rony bateu com força em seu rosto.

—X—

this double vision i was seeing is finally clear

Observou a paisagem passar como um borrão cinza e verde, enquanto o táxi tentava se espremer entre os outros carros da avenida movimentada. Na mão, um papel amassado, já desmanchando por causa do suor: Handerson Street, 12, Austin – Texas.

Fora para os Estados Unidos apenas uma vez, há muito tempo. Ainda nem sabia que era uma bruxa: tinha apenas nove anos, e estava aprendendo frações numéricas na terceira série. Seus pais a levaram à Disney, como presente de aniversário – tinha sido uma aventura e tanto. O lugar era quente, convidativo, e era impressionante como os americanos podiam falar rápido, se quisessem.

O céu estava azul e os termômetros marcavam 83ºF – 11:42 AM. Tinha aparatado às 16:42 PM de uma Londres nublada e fria. O sobretudo e a malha em que se embrulhara antes de partir agora estavam embolados em seu braço, junto com a bolsa. Não levou nenhuma mala. Pretendia desaparatar ainda hoje, independentemente do horário. Ainda mais porque não achava que aquela seria uma visita longa.

Poderia ter usado todo o seu censo de direção para tentar aparatar na frente da mansão do magnata do petróleo Tim Miles, mas a mudança de continente e de fuso horário repentina a tinha deixado com dor de cabeça. Era o que acontecia em distâncias muito longas. Um táxi seria mais fácil.

Não sabia exatamente por que havia cedido a esse 'desejo' dele, mas no fundo, achava que era um pouco de curiosidade própria, que tinha aumentado ainda nos últimos dias.

Era domingo. O que significava que, quando voltasse para Londres, já estariam próximos da segunda-feira, e logo seria terça-feira, e ela o veria.

Isso lhe causava a sensação estranha de uma agulha longa penetrando fundo em seu estômago, fazendo subir um gosto ainda pior em sua saliva. Culpa. Era o que seus sonhos representavam: a voz dele soava em sua mente, acompanhada do cheiro tóxico do cigarro, dos dedos dele em todos os lugares de seu corpo, e Rony aparecia, e ela se sentia mais culpada do que tudo naquela vida.

"Estamos aqui, senhorita" – o sotaque incrível do texano dirigindo o táxi a tirou de seus pensamentos. Hermione ergueu os olhos, observando a casa. Era bonita, larga e branca. Era cercada por grades claras, adornadas com arbustos, e um gramado muito bem tratado se estendia até a porta de entrada. Uma bandeirinha dos Estados Unidos estava pendurada em um mastro ao lado do portão. Típico.

HALLELUJAH | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora