36 - Debaixo de suas asas

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Kira ficou em silêncio. Ele se levantou rapidamente e sentou-se diante dela. Ela ficou muito sem graça com a situação.

-Por que não me disse que era virgem?

-Me desculpe.

-Não tem que se desculpar, só que... eu teria feito diferente...

-Como assim? Você teria me amado diferente?

-Não, eu teria sido um pouco mais cuidadoso. Para você não se machucar, darling.

-Não queria te contar isso. Eu pensei que seria rápido e indolor.

-É doloroso para mim também sabia? Eu tenho mais dificuldade de chegar onde precisa entende? E se eu fosse outro tipo de cara só ia com força e pronto!

Ela arregalou os olhos.

-Quero que seja bom pra você, ok? - Ele a beijou. - A gente pode deixar para outro dia.

-De maneira nenhuma! Eu sou forte ok? E eu quero agora. Não ligo para nada disso. Estou esperando este momento a minha vida toda.

-Você tem certeza?

-Absoluta!

-Kira... você me enlouquece... eu não vou me responsabilizar.

Kira o segurou pelos ombros e o jogou na cama e ficou em cima dele. Como uma fera ela estava com os olhos brilhando e o segurou pelos braços.

-Eu sou uma predadora, não tenho medo de você...

Ele se virou novamente sobre ela, e começaram de novo. Era uma verdadeira luta entre predadores naquele momento.

Ele a beijou mais uma vez e começaram de onde pararam, ele foi avançando e pediu passagem para adentrar o corpo dela, desta vez sem medo e sem culpa, sentiu uma leve ardência e soltou um suspiro. Ele se movimentava devagar e quando começou a mudar a sensação ela se virou sobre ele ficando por cima e começou a cavalgar. Ela gostava da sensação e ele mais ainda, observando o corpo pálido da jovem, os seios rosados. Ele a segurou pelos quadris com força enquanto ela se movimentava como se soubesse fazer aquilo a vida toda. O orgasmo veio em sincronia, ela debruçou-se sobre ele e o abraçou. Depois ela deitou-se ao lado dele, observando ele virar-se de bruços para ter mais conforto para as asas. Ele ficou olhando para os olhos dela e depois a cobriu com uma das asas. Era uma forma de carinho e afeto.

-Kira... eu tô sentido tanta coisa agora que eu não sei por onde começar a te dizer.

-Então eu começo. - Ela disse se aproximando do rosto dele. - Eu te amo de todo o meu coração desde o primeiro dia que te vi, há 15 anos. Eu gravei seu cheiro em minha memória e eu te encontraria em qualquer lugar, em qualquer distância, no meio de qualquer multidão. Eu sou leal a você e eu mataria e morreria por você.

-Mesmo se você soubesse que não sou o que você pensa. Eu fiz coisas de que me arrependo.

-Como transar com outras mulheres além de mim?

-Eu não disse isso!

-E nem precisa...

-Não. Não é isso. Eu fiz muitas coisas ruins sabe?

-Escuta Keigo. Não precisa me contar. Ok? Eu juro que não te farei perguntas. O dia que se sentir a vontade você me conta. Eu conheço você, conheço seu coração. Nos viemos praticamente do mesmo lugar, quem sou eu para julgar você.

-É por isso que eu amo você.

Eles dormiram juntos naquela noite. Kira estava tão feliz que nem ao menos se importava com o espaço que as asas tomavam. A melhor forma era embaixo delas. Não tinha jeito.

No dia seguinte eles foram trabalhar normalmente como se nada tivesse acontecido. Mas, a relação foi ficando cada vez mais intensa e mais forte a medida que o tempo passava. Depois disso todos na agência começaram a perceber e ai não teve mais como negar. A imprensa especulava, mas ninguém tinha certeza de nada.

O primeiro ano se passou. Hawks conheceu a avó dela 6 meses antes dela falecer. Kira havia perdido a única família que tinha. No velório Kira teve o desprazer de se encontrar com a mãe que não via há quase 17 anos.

A mulher chegou algemada, com um macacão laranja, os cabelos haviam se acinzentado, o rosto cheio de rugas, os dentes haviam caído boa parte e a expressão era de remorso e culpa.

Ela se aproximou de Kira que segurava a foto da avó abraçada ao seu corpo, e disse com a voz arrastada.

-Será que algum dia... você me chamará de mãe?

Kira a encarou friamente e respondeu de forma seca.

-Mãe? A minha mãe acabou de morrer. Você eu nem sei quem é.

-Eu sei que errei muito.

-Não. Errar é esquecer a porta da geladeira aberta. Você me quebrou, me destruiu, e me deixou de comida para os abutres. Isso é bem diferente.

-Algum dia pode me perdoar?

-Eu não posso. Sinto muito. Eu não posso perdoar alguém que nunca sequer esteve presente. Apesar que suas mãos estão tão sujas quanto a da Unohana, mas vocês para mim, agora são indiferentes.

Kira desviou o olhar da mulher que mantinha a cabeça baixa. Ela sabia que talvez ela até se arrependesse. Mas, era tarde demais para querer ser mãe de verdade. Ela havia feito sua escolha, agora tinha que arcar com ela.

A avó havia deixado tudo para Kira.


Depois disso, Kira vendeu a casa da avó e comprou um apartamento. O namorado passava mais tempo no apartamento dela do que em casa, e acabou vendendo o pequeno lugar onde se encontravam.

A vida deles era assim. Ela não fazia perguntas sobre nada, ele dormia no apartamento dela pelo menos três por semana e o resto da semana ele ficava com a mãe dele.

Tudo ia a mil maravilhas até aquele momento, mas depois tudo ia começar a ruir lentamente.


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