06 - Encontro?

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No dia seguinte eles marcaram de se encontrar no cinema. Um filme novo havia estreado. Eles se encontraram já em frente ao cinema.

-Você até que é pontual. - Ela disse sorrindo.

O rosto dele se iluminou com o vestido que ela vestia. Um vestido amarelo de alcinhas e uma sandália deixando os delicados dedos dos pés a mostra. O cabelo dela estava solto como de costume, mas arrumado de uma maneira diferente que o chamou a atenção, além dos delicados brincos de flores nas orelhas.

-Estou surpreso que não esteja de azul. -Ele debochou.

-Resolvi radicalizar. E aí? Que filme vamos ver.

-Pra ser sincero pensei em algo diferente. Não gostei de nenhum filme em cartaz e se a gente desse uma volta no parque, e depois a gente fosse comer alguma coisa?

-Isso é realmente um encontro? - Ela olhou para ele com os olhos doces.

Ele corou e abaixou o olhar.

-Não seja boba. Não é isso. Eu só te chamei pra dar uma volta.... porque estava entediado. - Ele desconversou

-Tudo bem. Vamos dar uma volta então. Isso é bom. Vou ter a chance de te conhecer melhor.

Eles caminharam juntos, jogando conversa fora. Passearam pela cidade. Sentaram-se no parque. Hana falava sobre coisas variadas, cinema, música, heróis. E Kachan gostava da forma como ela descrevia tudo detalhadamente e a inteligência dela. Ele dava respostas curtas, diretas. Parecia se esforçar para não se deixar levar pelo momento.


"Garotas são besteira. Eu vou ser o número 1, não posso ficar perdendo tempo". Ele pensava, mas não conseguia nem dar um passo longe dela.

-Eu não devia ficar de papinho... eu tenho um objetivo... - Ele foi sincero como sempre.

-Não vou atrapalhar seu objetivo. Estamos apenas conversando. Não há nada de mal nisso.

Eles ficaram em silêncio por um breve instante.

-Se achar melhor, eu vou embora e nós fingimos que nunca aconteceu. - Ela disse olhando fixamente para o lago a frente deles, com uma expressão triste. - Eu pensei que estava gostando da minha companhia.

Ele engoliu seco e ficou em silêncio por um breve instante. Olhou discretamente para o rosto triste dela e abaixou a cabeça. Não gostava de vê-la triste.

-Eu não disse que não gostava da sua companhia. Na verdade, é bem agradável.

Ela olhou para o rosto dele, que ainda evitava manter contato visual.

-Eu tenho um objetivo, desde criança. Eu vou ser o número 1. O maior herói de todos. Eu só tenho medo de que se me deixar levar eu não consiga realizar meu sonho. - Ele continuou

-Bom. Acho que isso foi um elogio. Não tenho intenção de te atrapalhar. Pra ser sincera, o que eu puder fazer por você, eu farei. Você não precisa deixar de ter uma vida. Claro que tudo para os heróis fica mais difícil. Eu também quero ser uma heroína. Eu lutei muito por isso.


Ele finalmente olhou para o rosto dela. A expressão dele não era a raivosa de sempre. Estava sereno, pensativo. Se fosse outra pessoa teria explodido e deixado a emoção sair. Mas, com a Hana, ele pensava antes de falar, analisava a situação. Se importava com os sentimentos dela.

Ela se virou de frente para ele, e pediu que fizesse o mesmo. Ele sempre de braços cruzados, ou com as mãos nos bolsos. Ela pediu para tocar as mãos dele. Ele aceitou de forma receosa, afinal era uma individualidade poderosa.

-Não precisa se preocupar. Eu não tenho medo. Pode não parecer, mas eu sou bem forte. - Ela tocou de leve as mãos dele e olhou dentro dos seus olhos. A expressão dele não mudava e ele continuava olhando fixamente para o rosto dela. - Sabe. Eu tô sentindo umas coisas bem estranhas. - o rosto dela corou - Eu não sei o que é exatamente. Todo mundo me disse pra ficar longe de você. Que você era uma espécie delinquente, mas... eu não consigo ficar longe. Tô sempre te observando, você é incrível. Mas, eu queria saber sobre você, sobre seus Hobbes, sobre seus sonhos. Queria ser sua amiga. Lutar pela sua felicidade. Queria ver você feliz de verdade.

Ele sentiu o rosto queimar de novo. Não era uma coisa que ele era acostumado.

-As pessoas me bajularam a vida toda. Sempre tive tudo. Eu sempre fui forte e destemido. Mas, eu não me lembro de alguém ter dito coisas tão doces e gentis. Você... parece ver algo que ninguém vê.

-Que você é um adolescente de 16 anos, cheios de incertezas como qualquer outro? Você é incrível. Vai ser um herói número 1. Com toda certeza. Mas, você é inteligente, responsável, tem um senso de justiça como nenhum outro, e você tem o sorriso mais bonito que eu já vi. Gosto da sua confiança, isso enche meu coração.

Ele ficou sem reação por um instante. E depois deixou o orgulho de lado.

-Eu... Gosto do seu cheiro. Do seu sorriso. Da sua gentileza e sua doçura. Da forma como você se esforça. E... eu sinto muitas coisas misturadas por você. E... eu não sei o que vou fazer. Acho que... - ele se aproximou do rosto dela devagar. - Eu queria muito beijar você.

Ele tocou o rosto dela com as mãos e o acariciou de leve. Sem medo, ela fechou os olhos e se aproximou dando consentimento. Ele a beijou de forma delicada. Depois segurou os cabelos dela e a beijou de forma intensa. O coração dela parecia que ia sair pela boca. Era o primeiro beijo dela. O primeiro beijo dele.

Passaram o resto do dia juntos. Depois ele a levou pra casa.

-Hana, eu não sei se estou pronto para tudo isso. Mas eu quero ver onde vai da. Eu sou um homem responsável, não quero brincadeira e nem tampouco desrespeitar você. A partir de hoje você é minha namorada. Ninguém além de nós dois vai saber por enquanto. Vamos manter assim até onde der. Não quero outras pessoas no nosso relacionamento.

-ok... tem contrato disso tudo?

-Calada! Eu tô falando sério. Talvez não ficaremos próximos o tempo todo. Mas, você ainda será minha namorada. Qualquer engraçadinho que ousar tocar em você, eu mato. - o rosto dele realmente estava sério.

-Tudo bem. Eu acho.

-Te vejo amanhã na escola. - Deu um beijo de leve nos lábios dela e foi embora.



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