05 - Você não é desagradável assim

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O sábado chegou, Hana havia mandado a localização e estava estranhamente ansiosa. A mãe dela estava de plantão e o pai havia saído para uma emergência. Eles ficariam sozinhos em casa. O que aumentava ainda mais a ansiedade.

Quando a campainha tocou Hana correu em direção à porta. A respiração estava ofegante. O rapaz do outro lado da porta estava tão ansioso quanto ela. Ele não tinha muito contato com garotas. Talvez pelo péssimo temperamento. A garota em questão tinha algo que ele não sabia explicar. O perfume dela não saia da mente dele mesmo se tentasse.

Não podia deixar isso atrapalhar. Ele queria ser o número 1. Garotas só atrapalham.

Ela abriu a porta. Ele estava lá. Mãos no bolso. Jeans largo, camiseta branca coberta por uma camisa xadrez em tons de rosa. Ela não se lembrava de ele ser tão bonito.

Se ela pudesse ler os pensamentos dele, ela saberia que ele a observou de forma rápida para os seios dela, por baixo da camiseta do Megadeth e as pernas torneadas por baixo de um jeans rasgado nos joelhos.

-Entra, pode deixar os sapatos aqui, eu vou pegar chinelos pra você.

-Não se incomode. Fico de meias mesmo.

-Por favor, eu insisto.

Ele aceitou calçando os chinelos.

-Eu fico sem graça, mas você tem que ir para o meu quarto. As minhas coisas estão lá.

-Se te incomoda um cara entrar no seu quarto deveríamos ir para outro lugar.

-Não incomoda! Eu só fico com vergonha. É a primeira vez que um rapaz vem na minha casa e entra no meu quarto. - Ela ficou vermelha.

-E-eu não queria saber disso. - Ele ficou levemente corado. - Vamos logo.

Eles subiram para o quarto dela. O quarto de Hana era um verdadeiro quarto de uma nerd. As paredes com pôster de banda, a prateleira com inúmeras coleções de mangás e hqs, a colcha e as cortinas com variados tons de azul e preto, sob a cama uma pelúcia do Hawks de quem era muito fã, a escrivaninha mais ou menos organizada .

Ele percorreu o olhar em cada detalhe. A curiosidade sobre ela chamava sua atenção. "Hana Mizume, 15 anos, 1,60 de de altura, corpo magro, seios pequenos do tamanho de uma laranja, olhos azuis turquesa, cabelos azuis vívidos, gosta de rock, mangás e hqs, fã do Hawks... uma verdadeira nerd de merda" Ele pensou enquanto analisava cada detalhe.

-Seus pais encontram você aqui neste quarto? - Ele perguntou a encarando.

-Sim...? - Hana perguntou sem entender nada.

-Você roubou todo o azul do mundo e colocou neste quarto.

Ela entendeu a piada e achou graça. Ele se encantou com a risada dela.

-Eu gosto muito de azul.

-Nem deu pra perceber. - Ele debochou ironicamente.

Ela riu novamente.

-Sente-se aqui por favor, como devo te chamar? Katsuki, Bakugou ou posso te chamar da maneira carinhosa que o seu amigo Midorya te chama? É, Kachan?

-Ele não é meu amigo... É só um nerd idiota. - Ele olhou para os olhos dela que esperaram por uma resposta. - Fique a vontade. Vai depender da forma como devo te tratar. Mizume, Hana..

-Hana.

-Hana. - ele assentiu.

-Gosto de Kachan.

-Pode me chamar assim então.

-Sente-se aqui Kachan, por favor.

O rosto dela se iluminou de uma tal maneira que ele não conseguiu agir da maneira indiferente que ele era acostumado. Ele se sentou ao lado dela enquanto ela começava a falar sobre o trabalho. Ele era muito inteligente e isso a atraia muito. Gostava da forma como ele entendia rapidamente as coisas.


Rapidamente o horário de almoço chegou.

-Nossa. Já são quase 11 hrs. Vou pedir algo pra gente comer. - Ela pegou o celular.

-Não. Você não sabe cozinhar? - Ele disse como se fosse uma verdadeira abominação.

-Não sou das melhores. Na verdade sou bem medíocre.

-Porque você não morre de uma vez? Quem não sabe cozinhar? - Ele disse visivelmente irritado.

-Eu não sei.

-Pelo amor de Deus. O que você tem na cozinha?

-Bem, vamos lá ver!

Eles desceram as escadas e ela mostrou os armários para o Kachan, a quem ela carinhosamente passou a chamar. Ele escolheu os ingredientes e demonstrou um talento incrível na cozinha.

Ele a serviu quando o almoço ficou pronto.

-Meu Deus! Que delicia. - ela ficou encantada. Não sabia que era tão bom cozinheiro! Não esperava isso de você.

-Não sou um animal. Você que é ruim demais nisso.

Ela comeu mais um pouco, se maravilhando em cada porção.

-Eu me surpreendi com muitas coisas nos últimos dias. Pra te falar a verdade.

-O que quer dizer? - Ele perguntou.

-Pensei que você fosse só um cara violento e sem escrúpulos.

Ele abaixou o olhar e disse com a voz baixa e rouca.

-É o que você acha?

-Não. Não acho mais. Pra ser sincera, eu tô vendo qualidades que estão além do lado de fora. E eu estou gostando muito.

-Hum. Você não é de tudo desagradável. - Ele respondeu com um leve sorriso.

-Espero que seja um elogio.

Ela lavou as louças e guardou. Até a tarde daquele sábado eles ficaram juntos. Terminando o trabalho e as vezes jogando conversa fora sobre técnicas e sobre bandas. Ele gostava da forma detalhada como ela descrevia cada coisa e da paixão que ela tinha em cada hobby. Ela gostava da sinceridade dele e da forma dedicada dele em tudo que fazia.

Descobriu que ele gostava de cozinhar, de escalar montanhas, de comida apimentada e que era extremamente organizado. A forma como ele se portava na mesa. Ele era um verdadeiro lorde embaixo de um cara aparentemente detestável. Ele tinha um cheiro adocicado e refrescante ao mesmo tempo. Parecia ser um cara que tomava 15 banhos num dia.

Ele foi embora. Ela ficou olhando da porta ele se afastar. Ela estava mesmo se apaixonando pelo delinquente. E não havia mais como voltar atrás.


No fim daquela noite ela ficou olhando para o celular. Ela queria mandar uma mensagem. Agradecer pelo almoço e a companhia. Mas, ela hesitou.


Quando ela virou para dormir o celular apitou.

1 mensagem de Kachan.


Você não é tão desagradável. Durma bem, se não for fazer nada amanhã, me avise.

O coração dela parecia sair pela boca. Um convite pra sair? Não poderia ser verdade.

Mas, era. Da forma dele, do jeito mais desdenhoso possível ele realmente a chamou pra sair.


Todo o amor do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora