17 - O que é Amar, afinal?

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Os dias foram passando conforme as primeiras folhas caiam. O outono havia chegado e logo seria inverno. Muitas coisas aconteceram naquela escola, e na vida de seus alunos.

Hana e Kaya se preparavam para o estágio na agência da Grande Bertha. Enquanto isso, Midoriya iria junto com Togata para a agência do NightEye e Bakugou e Todoroki teriam a segunda chance para as licenças provisórias.

-Hey Hana, qual é mesmo seu nome de heroína? - Kaya perguntou arrumando as malas.

-É Tetis.

-Deusa Egípcia do mar. Interessante. Eu escolhi Vis. Nome latim para Força.

-É mesmo. No estágio devemos nos chamar pelos codinomes. Já ia me esquecendo.

-Sim.

Kaya e Hana desceram já prontas para ir ao estágio. Com exceção dos reprovados, todos estavam ocupados com suas agências. Todoroki estava sentando com um livro na mão, enquanto Bakugou estava emburrado em frente a TV.

Ao ver Todoroki, Hana não perdeu a oportunidade de cutucar. No fundo ela achava ele lento demais até mesmo para perceber o que sentia.

-Então, Kaya. Como foi o encontro com o Mirio?

Kaya sentiu o rosto queimar como fogo e ficou sem reação. Ela não havia dito nada sobre aquele dia. E ficou ainda mais constrangida ao ver o garoto que amava sentado atrás de Hana.

-Kaya?

-Foi... -Ela olhou para o jovem ainda sem reação folheando as páginas de um livro, lembrou-se de todas as palavras ditas por ele naquele dia. Não a vejo como mulher. -Foi incrível. Eu nem sei te descrever o quanto aquele momento foi único.

Todoroki não esboçou reação. Mas, o livro que segurava com mão direita começou a congelar sem que ele percebesse.

Antes de sair, ela ainda olhou para trás para ver se ele tinha ao menos erguido o olhar. Nada.

-Mizume! - Kirishima entrou segurando um pequeno embrulho. - Deixaram isso aqui para você.

-Para mim?

-Sim.

-Quem?

-Foi entrega. Pelo visto sem remetente.

-Obrigada.

Hana apenas guardou o embrulho na mochila e seguiu para a porta. Bakugou que observava calado disse sem tirar os olhos da TV.

-Não vai abrir?

-Não. Eu abro quando voltar.

Ele ficou mais uns segundos olhando para a jovem atentamente e respondeu um seco "ok".

Quando Kirishima voltou do estágio naquele dia ele o procurou em seu quarto.

-Bro? Acordado a essa hora? - o ruivo debochou olhando para o relógio as 21 horas.

-Preciso te perguntar uma coisa. - o loiro disse em tom sério.

-Manda.

-Quem entregou o embrulho para você?

-Embrulho?

-Sim. Idiota! Da Hana!

-Hana...? - Kirishima debochou. -você a chama pelo primeiro nome?

-Não te interessa!

-Pensando bem, ela te chama de Katsuki, ou de Kachan.

-Responde, caralho! - o loiro disse irritado.

-Eu não sei Bro. Era de uma empresa de entregas. Tive que assinar e tudo. Pela qualidade da embalagem parecia ser coisa cara.

-Ok. - Bakugou respondeu secamente.

-Por que?

-O que?

-Este interesse? Você nunca liga para nada.

-Não é nada.

-Gosta dela?

Ele não respondeu mais nada. Só virou as costas e foi embora. A única coisa que passava em sua cabeça, era que ela o havia substituído. Rápido. Sem nem ao menos dar a chance dele pensar, ou de lutar por ele. E isso o deixava profundamente triste.

***

Hana chegou do estágio e foi direto para o quarto. Ela sentou-se na cama e tirou o embrulho da mochila. Ela desenrolou com cuidado e se deparou com uma gargantilha de prata com um pingente de M.

"Mizume" Ela pensou. Dentro da caixinha, um pequeno bilhete.

Se quiser me conhecer, me encontre amanhã a noite, as 22 horas, no fundo do seu prédio. Vou te esperar.


Vou lutar por seu amor.

Hana ficou curiosa. Queria mesmo saber quem era o admirador secreto. Já havia pensado em tantas pessoas.

A noite seguinte ia demorar a chegar. Tomou um banho e se vestiu para dormir. Mas, antes de fechar os olhos escutou bater na porta.

Para a surpresa dela, um triste Bakugou esperava na porta.

-Katsuki, o que faz aqui?

-Você já me substituiu? - a voz grossa custava a sair, arrastada pela insegurança e o medo de ser ouvido pelos outros.

-O que? - Ela disse sem entender nada.

-Você ouviu. Eu te pedi um tempo e você já está com outro?

-Não sei do que está falando.

-Pensei que... gostasse de mim...

-Katsuki...

-Não quero te ouvir!

O loiro virou as costas e saiu sem dizer nada. Ela ainda tentou chamá-lo, mas foi em vão.

Hana ficou parada sem entender nada. Como sempre ele nunca estava disposto a ouvir.

***

No dia seguinte ele estava hostil como sempre. Não olhava para Hana, e nem ao menos a dirigia a palavra. A noite acabou chegando rápido.

Ela correu cedo para o quarto e se preparou. Não contou a ninguém. Ficou com medo de ser uma armadilha ou uma pegadinha de mau gosto. Mas, mesmo assim ela foi.

Hana desceu na surdina e foi até o encontro do admirador. Ao chegar no local, viu um jovem loiro, de longe. Apertou a visão para ver de quem se tratava e foi se aproximando devagar. Quase caiu de costas quando viu Neito Monoma parado olhando atentamente para ela.

-Monoma? O que está fazendo aqui?

-Por que a surpresa? Esperava outra pessoa? - Ele disse em tom amistoso.

Hana estava confusa. Era uma pegadinha daquele idiota.

-Não sei ao certo. É... uma brincadeira?


O rosto sempre debochado do aluno da turma B estava com um semblante diferente.

-Acha que eu brincaria com você? - o olhar de Monoma estava assustadoramente doce naquela noite.


Hana demorou um pouco para perceber.

Não era brincadeira.

-Espera. Você...

-O seu admirador secreto. Fui muito brega?

Foi.

-Não. Eu só estou surpresa, não esperava você aqui. E não é todo dia que recebo cartas, então...

- Le vent de l'autre nuit a jeté bas l'Amour


Qui, dans le coin le plus mystérieux du parc,


Souriait en bandant malignement son arc,


Et dont l'aspect nous fit tant songer tout un jour!


-Você... fala francês? - Ela perguntou espantada.

-Sim. E tem muitas coisas que eu posso te surpreender. - Ele disse se aproximando lentamente da jovem e tocou o colar que havia presenteado. - Gostou do presente? - Ele era estranhamente sedutor.

-Sim. Achei lindo. Obrigada.

Ela olhou para os traços do jovem. Como sempre estava sendo irônico, irritante e debochado, ela não havia percebido como ele era bonito. O rosto era harmônico seus olhos eram azuis.

-Por que eu? A gente nem se fala direito. Deve ter alguém mais interessante. Tipo a Kendo.

-Eu observo você. Você é inteligente, discreta, elegante. E tem o cabelo com o azul mais lindo que eu já vi. - Ele tocou as mãos dela ainda mantendo distância. Hana admirava a forma como ele era requintado e atencioso, mas tinha uma sedução hipnotizante. - Não sei. Acho que gostei de você desde a primeira vez que te vi e te achei interessante. O que eu quero dizer, é que eu queria muito te conhecer melhor. Ter uma chance com você...

Ela olhava atentamente nos olhos dele. Sem dizer uma palavra. Pensou em todas as cartas de amor. Em todo carinho até aquele momento. Em quantas qualidades ele via nela. E se lembrou de Bakugou brigando por coisas bobas e sendo injusto com ela.

-Por favor Senhorita Mizume. Me diga alguma coisa. Eu, precisei de muita coragem para vir aqui. Acredite.

Hana não pensou muito. Estava cansada. Cansada de Bakugou e de seu temperamento, cansada de correr atrás dele e de nunca ser valorizada. Ela tocou o rosto de Monoma com as duas mãos e se aproximou do rosto do rapaz, depois passou a mão em seus cabelos.

Ele entendeu que aquela era a resposta. Passou as mãos em sua cintura e beijou com intensidade. Ela gostou do beijo. Lascivo e inocente ao mesmo tempo. Um encontro entre o doce e o pecado. Gostava da forma como ele mordia o seu lábio inferior e passava as mãos em suas costas e em seu cabelo, do perfume francês inebriante.

Depois ela o abraçou, encostando a cabeça em seu peito, enquanto ele acariciava seus cabelos.

-Eu não quero brincar com você, senhorita Mizume. Jamais faria isso. Não com você. Quero mesmo ficar com você.

A noite estava linda. A lua estava cheia. Hana estava tão imersa naquele momento que não pode ver que estavam sendo observados, por um Bakugou mergulhado em puro ódio e cólera.


Todo o amor do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora