08 - Uma Garota Poderosa

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A luta entre Midoriya e Todoroki foi avassaladora. Kaya ficou estagnada quando viu Todoroki usar o fogo. Ele havia quebrado uma promessa. Ela queria sair correndo. Abraça-lo e dizer que tava tudo bem.

Mas, ele havia mudado. O olhar dele estava diferente. Kaya o conhecia a anos. Ela sabia que algo estava diferente. Ela aguardou ansiosa na sala de espera. Ele seria seu próximo adversário.

Ela abriu a porta e no caminho se encontraram. Todoroki olhou para ela de forma diferente desta vez. Não estava distante e frio. Estava pensativo.

-Então... você será minha adversária?

Era a primeira vez desde que chegaram na UA que ele falava diretamente para ela.

-S-sim.

-Só... tente não quebrar meus ossos...

Ela corou de leve. E depois respondeu.

-Como se eu tivesse chance contra um talento como você.

-Hum. Então vai ser uma luta interessante.

***

Os dois ficaram frente a frente na arena. Mas, pela primeira vez em muito tempo Kaya pareciam finalmente ver o rosto de Todoroki de verdade. Da arquibancada, podia se ouvir o Endeavor gritando algo como "Shotooo você não pode perder para essa garota!" mas, tudo o que Kaya queria ouvir estava diante dela.

Quando a luta foi autorizada, um já enfraquecido Todoroki tentou atingi-la com uma parede de gelo. Sem muito esforço Kaya quebrou o gelo com um soco. E partiu pra cima dele. Ele não era muito bom em ataques de curta distância. Ele se defendeu do soco e tentou em vão revidar. Socar a Kaya era o mesmo que bater em uma parede maciça de tijolos. Ele tentou afasta-la com gelo, mas, ela se movimentou rápido e lhe passou uma rasteira tirando e do chão. O agarrou pela camisa e tentou joga-lo pra fora da arena. Ele se manteve na arena com gelo. Ela voltou a ataca-lo. Desta vez com mais velocidade. Ele ergueu o gelo mais uma vez. Ela via que ele estava mais fraco, seu lado direito lentamente congelava. Ele pensou em usar o fogo, mas hesitou. Ela o derrubou e armou um soco. Ele fechou o os olhos para esperar o soco. Kaya se segurou. Jamais o machucaria, nem mesmo de brincadeira. Ela preferia morrer antes disso. Socou o chão com toda a força levantando uma cortina de poeira que impedia a visibilidade de quem estava de fora da arena. Ele sem entender nada a congelou com mão direita impedindo que ela se movesse.


Ela poderia sair dali, se quisesse. Mas, preferiu dar a ele a vitória. Quando a poeira se dissipou Midnight deu a vitória ao Todoroki, por ter "imobilizado" a adversária.

Todoroki se aproximou dela para derreter o gelo.

-Você quer que eu derreta, ou você pode sair daí?

-Você me imobilizou... - Ela disse calmamente.

Ele sorriu de leve.

-Kaya, eu te conheço a anos. - Ele começou enquanto derretia o gelo. - Já vi você levantar um carro, uma camada de gelo dessa vai segurar você?

-Por favor. Acredite.

-Vamos conversar sobre isso depois... Garota poderosa.

O rosto dela corou. Um pouco pelo calor que vinha do fogo, um pouco pelo calor daquele momento.

Ela jamais se esqueceria.

Mais tarde ela se encontrou com Midorya nos corredores. Se lembrou da expressão de Todoroki naquele momento. Ela se aproximou do jovem e quase como um sussurro disse.

-Obrigada Midorya.

O jovem sem entender nada. Respondeu.

-Pelo que Chikara?

-Você conseguiu fazer algo que nunca consegui.

Ela virou as costas deixando o jovem sem entender nada.

***

O festival de esportes se encerrou com Bakugou como vencedor. Amarrado e amordaçado foi a forma como ele foi premiado.

Hana as vezes se perguntava se o namorado dela e o ganhador do festival eram a mesma pessoa.

***

Kaya chegou em casa e contou ao pai como havia se empolgado com o festival e como havia se divertido.

-Filha, você seria a vencedora se quisesse. -O velho Thunder pontuou. - Até quando vai ficar se segurando para parecer normal.

-Ah pai. Eu não sei. Acho que eu fico mãos confortável assim.

-Um dia não vai poder ser 5% para sempre. Em algum momento você precisará de toda a sua força. Tomara que esteja preparada.

-Eu estarei.

-Ah, filha. Sua mãe vai se atrasar para o jantar. Você poderia comprar algo pra que possamos comer?

-Eu posso fazer papai.

-Não. Você está cansada. Vá e escolha o que você quiser.

Kaya trocou de roupa e saiu logo em seguida. A casa dos Chikara e a dos Todoroki era literalmente de frente uma para outra. E coincidência ou não, tanto Kaya, quando Shoto saíram de casa na mesma hora. Ela corou quando o viu.

-Oi Shoto.

-Kaya.

Um silêncio constrangedor pairou no ar. Até que ela começou a caminhar.

-Esta indo naquela direção. - Ele apontou.

-Sim...

-Então vamos juntos.

Eles caminharam juntos em silêncio. Kaya estava envergonhada, mas estava acostumada. Mas, ela queria quebrar o gelo.

-Parabéns pelo segundo lugar. -Ela começou.

-Não. Eu fui bem mediano na final.

-Sua luta com o Midorya foi incrível.

-Obrigado. Mas, não pense que esqueci que você desistiu no meio da luta. Continua com a bobagem de se segurar?

-Eu tenho medo sabia? - Ela mantinha o olhar fixo no chão. - De machucar os outros. De... te machucar.

-Eu não sou tão frágil assim. Além do mais, eu estava lá pra isso.

-Você é forte. Mas, eu não bateria em você. É uma falha minha.

Eles seguiam lado a lado. O silêncio se mantinha por alguns momentos.

-Eu vou visitar a minha mãe. - Todoroki continuou.

-Mesmo? - Kaya disse espantada

-Eu sei que você e sua mãe a visitam com frequência.

Kaya ficou ainda mais surpresa com a afirmação.

Ele continuou.

-Obrigado por tudo. Saiba que por mais que eu não saiba demonstrar, sou eternamente grato a você pelo que fez por mim e pela minha mãe.

-N-Não tem que agradecer! Eu fiz porque gosto muito dela e de você, vocês.


Kaya ia pelo menos uma vez por semana, pintar as unhas dela, cortar o cabelo. Diana gostava muito de Rei e sempre que possível ela e Kaya a visitavam.

Kaya a tratava como uma mãe. Ela nunca havia dito para ninguém. Provavelmente a irmã de Shoto contou que elas iam lá com frequência.


Kaya chegou em frente ao restaurante que iria. Ela olhou finalmente nos olhos de Shoto e criou coragem para falar.

-Eu gosto muito de você Shoto. Tenho muito carinho por você. Saiba, que tem em mim uma amiga. Pode contar comigo para o que precisar. Sempre pôde.


Ele sorriu e disse calmamente.

-Eu sei disso. Eu... Eu também gosto de você.

-V-Venha jantar lá em casa. Um dia... d-desses. - O rosto dela parecia pegar fogo. - Eu faço soba.

-Eu vou. Só marcar o dia. Eu gosto de soba. Frio. Na quinta a noite estarei livre.

-Considere marcado então. Quer que eu te busque? - Ela brincou.

Ele demorou um pouco a entender a piada e depois riu.

E a armadura de dor, rancor e amargura caiu. Finalmente.


Todo o amor do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora