Capítulo 5 - Voltando para casa...

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SINAM
Eu e Yasemin precisávamos tirar umas férias e visitar alguns clientes na Itália. Então, resolvemos ir passear alguns dias em Roma, para relaxar.

Ela ficou grávida sem planejarmos e, inicialmente, levamos um susto, mas depois começamos a gostar da ideia e estávamos super felizes! Tanto que quando ela abortou, ficamos muito frustrados, com a perda do bebê, mas ela ficou muito mais. Apesar do médico dizer que era comum numa primogesta (1ª gestação), acontecer isso, ela estava apreensiva com a possibilidade de não poder ter filhos.
Y: Sinam, será que o médico falou toda a verdade? Ou eu estou velha demais para uma gravidez?! - Disse aflita.
S: Meu amor, como velha demais com 32 anos?! Você nem parece a mulher moderna que eu conheço! Hoje as mulheres têm filhos cada vez mais tarde. Mas, se você estiver insegura, podemos consultar outros especialistas. - Falei acariciando seus cabelos.
Y: Eu gostaria muito. Você vai comigo?! - Falou em tom de súplica.
S: Claro! Estamos juntos para o que der e vier. - Ela sorriu e me abraçou.
Y: Te amo muito.
S: Eu também.

Foi nesse contexto, que decidimos viajar. Nós nos casamos 1 mês após o evento de Ömer e Defne e mal tivemos lua de mel, por conta do ocorrido. A idéia inicial era não deixarmos a empresa descoberta. Então, quando eles voltassem, nós sairíamos. Infelizmente, não foi o que aconteceu.
A Passionis perdeu muito da sua alma, com a ausência de Ömer. Tentamos manter a Defne, mas ela não quis e nem tinha condições de trabalhar, pois ficou muito abatida e foi definhando, o que nos deixou muito preocupados. Porém na época, eu não conseguia falar com Ömer nada além dos assuntos da empresa, porque ele ficou muito magoado comigo e eu o conhecia o suficiente, para saber que só o tempo poderia resolver isso.

Quando chegamos em Roma, eu já sabia o endereço de Ömer e, num primeiro momento, eu e Yasemin achamos melhor eu ir vê-lo sozinho. Ele sempre foi um cara fechado e, certamente, não seria fácil nossa primeira conversa, depois de tudo. Talvez ele nunca me perdoasse.

Fui até o seu apartamento, sem aviso prévio e toquei a campainha, mas ninguém atendeu. Esperei um pouco e, como já era tarde, decidi voltar outro dia, já que nosso hotel era próximo. Quando eu estava na rua voltando para o hotel, eu vi um cara alto, com um andar parecido com o de Ömer indo em direção ao prédio dele e o segui. As ruas estavam ermas e eu achei que o tinha perdido, assim que virou numa esquina, mas ele me esperou e me encurralou pensando que eu fosse um bandido.
S: Ömer, sou eu! - Gritei.
Ö: Sinam?! O que você faz aqui?! - Perguntou surpreso.
S: Eu vim te ver! - Falei olhando seus olhos em expectativa. - Eu estive no seu prédio, mas ninguém atendeu... Você bebeu? - Ele assentiu.

 Você bebeu? - Ele assentiu

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Ö: Vamos lá para casa. Você veio sozinho? - Ele convidou mais rápido, do que eu esperava.
S: Yasemin está no hotel. Achei melhor vir ver você sozinho... - Expliquei.
Ö: Entendi... - Logo chegamos. O apartamento era amplo e claro, com móveis modernos e menos austeros do que a casa dele em Istambul. Subimos para uma espécie de terraço, com uma vista privilegiada do coliseu e ele me ofereceu uma bebida. Eu me sentei no beiral, aguardando-o.
Quando ele voltou com os copos de whisky pude notar sua aparência. Ele estava bem mais magro, com o rosto abatido, a barba e os cabelos compridos, bastante desleixado, especialmente para os padrões dele, que sempre se vestia impecavelmente. Ömer sempre foi aquele tipo de pessoa elegante, mesmo de jeans e camiseta.
Depois de um longo silêncio, ele se encostou no beiral de frente para mim, virando grandes goles da bebida e me encarando
S: Acho que chegou a hora de conversarmos... - Ele me olhou de um jeito triste.
Ö: Fala! Estou te escutando. - Incentivou.
S: Sinto sua falta. Como você está?! - Ele deu um sorriso amargo de canto.
Ö: Digamos que estou bem melhor do que já estive... - Depois de um longo um longo silêncio, eu comecei.
S: Eu sei que você não gosta de mentiras. Eu, seus tios, ela... te enganamos. Sei que é muito doloroso, mas jamais imaginamos, que você se apaixonaria dessa maneira. E se você me perguntar se eu me arrependo, eu respondo que não. Que outra forma você poderia conhecê-la e viver esse amor verdadeiro? Ela te fez uma pessoa melhor, te trouxe de volta a vida. Você percebeu isso? - Ele escutava com o olhar distante.
Ö: Talvez se eu soubesse antes, de uma outra forma, ou em outro momento, ficaria menos ofendido. - Ponderou.
S: Você tem razão. Mas se soubesse desde o início, você permitiria que ela se aproximasse, para viver isso?
Ö: Certamente não. - Falou sinceramente.
S: Eu gostaria muito, que fosse diferente, sem mentiras, mas não me arrependo de trazê-la para perto de você. Entende? Sinto muito pela forma, amigo.
Ö: Você está certo, Sinam...
S: O que você quer dizer? - Respondi surpreso.
Ö: Eu levei um ano pensando. O que é um erro, se há amor? Eu estou errado... Entre o orgulho e o amor, eu escolhi o orgulho... Deveria ter escolhido o amor... Deixei tudo e vim para cá. Confesso que tenho uma vida merda aqui... Fiz muitas besteiras. Todos os meus princípios foram para o ralo. Então, para que tudo isso? É muito difícil para mim, admitir e te dizer isso... - Falou como se sentisse dor. - Se ela estivesse no meu lugar, certamente me perdoaria, porque ela tem um coração enorme, muito mais amoroso, livre e puro do que o meu. Agora é tarde demais, ela deve ter seguido em frente. - Respirou fundo. - Você não precisa me pedir perdão. Eu não consigo entender meus tios, mas entendo que você fez por nós. Já passou, de verdade!
S: Sério?! - Ele assentiu e deu um tapinha na minha perna. - Você gostaria de saber como ela está agora?
Ö: Não! Talvez tenha casado, ou esteja em um compromisso sério com alguém decente, que a faça feliz. - Eu sorri... Mal sabe ele que eu acompanhei toda a saga dela. - Acredite esse processo doeu e dói demais. Eu tentei arrancá-la de dentro de mim a sangue frio, mas ela não sai... - Passou as mãos pelos cabelos. - E talvez, nunca sairá... É o preço que eu vou ter de pagar... - Falou baixando os olhos.
Ficamos em silêncio por alguns minutos e ele continuou.

SERÁ ILUSÃO?Onde histórias criam vida. Descubra agora