EPÍLOGO

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ÖMER
Depois de solucionarmos todo o mal entendido, por conta do vídeo de Eda, eu e Defne tivemos uma conversa franca. Parece, que cada vez que conversamos, mais as coisas se esclarecem em nossas cabeças, como se estivéssemos amadurecendo as ideias, ratificando a minha certeza de que ela é a mulher da minha vida.
Eu fico atordoado quando ocorre algo, que possa nos separar, ou ameace nossa estabilidade. Nem sei como pude ficar um ano longe dela, sem seu cheiro, seu gosto, seu corpo... Fazer amor com ela é cada dia melhor, pois ela está mais mulher, cada vez mais solta e cheia de iniciativa e de paixão.
Mas, a melhor notícia dos últimos tempos, foi saber que ela está grávida, estamos grávidos...Apesar de achar cedo, pois queria curtir mais um tempo só nós dois, eu fiquei muito feliz. Eu vou ser pai! Meu coração está aliviado por tudo estar entrando nos eixos.
Passamos a noite na casa de meus pais, onde a energia do local me remete a uma vida familiar feliz. Apesar deles terem falecido há muitos anos e de nossa felicidade ser conturbada, pelas interferências externas, especialmente por parte de meu avô, essa é a minha referência de lar.
Hoje eu compreendo em parte, que ele dentro da sua rigidez, alicerçada em valores arcaicos, prejudicou não só a harmonia familiar de seus filhos, mas também sua paz interior e sua própria felicidade. Ele se perdeu projetando um ideal de felicidade, não se permitindo viver o que a vida lhe trouxe. A vida se renova a cada dia, não devemos ficar presos numa única possibilidade, mas estarmos abertos para novas realidades, que quando muito diferentes da nossa, assustam.
Concordo com Sinam, quando ele diz, que se eu não tivesse convivido tão intensamente com Defne, eu não teria me permitido deixá-la entrar na minha vida e no meu coração. Muitas vezes me perguntei, caso ela não fosse minha assistente, o que fez com que eu a conhecesse mais de perto, se eu teria investido em algo a mais com ela.
Lembro de me sentir profundamente atraído por ela, na primeira vez em que a beijei lá no Manu, como se aquela aproximação me fizesse enxerga-la, afinal eu frequentava o local há alguns anos e não lembro de tê-la visto antes. Dentro da minha rigidez e fechado num mundo, que eu criei e onde poucas pessoas tinham acesso, provavelmente eu não investiria numa relação com ela, mesmo que eu a visse outras vezes. Talvez eu tenha herdado parte dessa rigidez do meu avô, preso nas limitações do meu dia a dia, com um modelo de mulher ideal na minha cabeça, no qual Defne não se encaixava à primeira vista, por estar distante do meu mundinho fechado, apesar de todos os meus sentidos mostrarem o contrário. Alem disso, seu senso de família, seu coração, sua gentileza e nobreza de alma são fatores, que não poderiam ser vistos a olho nu, sem falar da sua inteligência, talento e beleza. Eu não sou uma pessoa apegada a beleza externa, riquezas, ou posição social, mas de longe as pessoas são todas iguais e o conteúdo só pode ser visto de perto. Então, como conhecer sem se aproximar?
Eu a tenho ao meu lado na cama agora e, enquanto a observo tão indefesa em seu sono, considero que ninguém poderia ser mais perfeita para mim! Às vezes a vida nos mostra o caminho ideal de um jeito torto! Nós precisamos passar por tudo isso, para entender o essencial, o que realmente vale a pena. 
Ö: Vamos dorminhoca acorda... - Falei acariciando seu rosto e distribuindo beijinhos...
D: Vamos ficar mais um pouquinho? O bebê está com sono... - Eu ri.
Ö: Boa estratégia. Mas, acho que a mamãe é quem está preguiçosa. - Ela me puxou, abraçando.
D: Eu não estou conseguindo imaginar um lugar melhor do que esse aqui. - Falou se aconchegando em meus braços.
Ö: Eu também não! Mas, o dever nos chama! E hoje, tenho uma surpresa para você! - Ela pulou se sentando. Eu ri.
D: Surpresa?! Qual? - Perguntou empolgada, como uma criança. Muito fofa.
Ö: Surpresa não tem spoiler... - Falei me fazendo de importante.
D: Está bem. - Concordou desanimada.
Passamos em casa para trocar de roupa e fomos para o trabalho. - Ainda estou esperando a surpresa, ou foi um blefe?!
Ö: Vamos almoçar juntos... Pode ser? - Ela assentiu.
D: Fazer o que, né?! - Beijei sua testa.
Ö: Ansiosa... - Brinquei. - Prometo fazer valer a pena. - Ela deu um beijo leve nos meus lábios e foi em direção ao prédio em que trabalha.

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