Capítulo 12

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MARTIM HÉRNANDEZ

— Ouviu, seu mexicano maldito? Eu mandei soltá-la, a não ser que queria ter seus miolos estourados! – digo ríspido, e é nesse momento que o homem alto se vira e dá de cara comigo.

Não sei o que exatamente está acontecendo, mas sei que não é coisa boa. Tasha está com os olhos cheios de lágrimas, seu rosto claro, agora está vermelho e inchado pelo choro silencioso. As mãos do homem estão em seu braço. Há homens atrás de mim e outros do outro lado da estrada, na mata.

— Hérnandez! – o homem fala com uma falsa felicidade, ao retirar o gorro reconheço rapidamente. – Como tem passado?

— Carlos Eduardo, por acaso mandaram você vir até aqui se suicidar? Pensei que os Mexicanos cuidavam dos seus.

Os olhos negros dele me encaram seriamente. Carlos Eduardo é o filho mais velho de Paulina, a mulher que iria se casar com o meu tio Fred. O olhando atentamente, posso ver algumas semelhança entre e alguém que conheço. Balanço a cabeça retirando esses pensamentos da cabeça e focando no o que está acontecendo.

— Acho bom você ficar calado, Hérnandez. Ou se não, eu descarrego minha arma na cabeça dela. – ele volta a puxar Tasha para frente e vejo o pavor em seus olhos.

— Então faça. Mas saiba, você sairá daqui com uma semelhança à uma peneira. – abro um largo sorriso – Espero que sua mamãe consiga lhe reconhecer através de um único fio de cabelo.

Ele avança na minha direção, mas os homens atrás de mim apontam para ele que para instantaneamente. Disfarçadamente, bato duas vezes com o meu polegar na arma. Esse é um código que usamos para avisar aos atiradores que podem começar o show. Não demorou muito e já havia corpos caindo no chão, o olhar surpreso do mexicano me faz feliz.

— Se afaste! – ele tem Tasha à sua frente, apoiando a arma na lateral da cabeça dela. Os olhos negros estão avermelhados, assim como o rosto.

— Usando uma mulher de escudo, Carlos? Cadê a sua valentia? – provoco – Solte-a e vamos resolver isso como homens.

— Homens? – gargalha – E cadê o outro homem para competir comigo?

— Atrás de você, babaca. – o som de tiro é ouvido, logo o corpo de Carlos cai no chão com um tiro no peito. Sem saber quem atirou, vejo Tasha correr na minha direção e assim posso ver Nádia vindo apavorada até mim.

Sim, Nádia atirou em uma pessoa. Eu sabia que ela estava treinando autodefesa e mira, mas não sabia que estava surgindo efeito dessa forma. A mesma vem até mim, já com uma expressão mais calma e guarda sua arma. Só consigo pensar no pequeno corpo grudado à mim, que só sabe chorar e demonstrar o quanto assustada ela está.

— Xi! Está tudo bem. – digo em seu ouvido, e sinto seu corpo estremecer em meus braços. Deposito um beijo em sua testa e a pego em meus braços, estilo noiva.

— O que eu fiz? – Nádia fala desesperada, passando a mão pelo rosto e olhando para trás.

O corpo de Carlo e dos homens que estavam com ele, estão caídos na lateral da casa. Enquanto levo Tasha para dentro, à homens indo até lá para retirar os corpos e levarem até o México. Isso será uma resposta para o líder mexicano, mostrando que não se mexe com um dos nossos. Sou parado por um dos soldados que dizem que preciso ver algo.

Vou até o interior da casa com Nádia ao meu encalço e Tasha em meus braços. Observo Adrian vir rapidamente ao encontro da esposa e a abraçando. Enquanto isso, coloco Tasha sentada no sofá e pego uma água com açúcar pra ela. A mesma não consegue parar de chorar, e isso me causa uma angústia imensa em saber que não consegui chegar à tempo.

— Preciso ir resolver um assunto, você ficará bem? – pergunto.

— Não! Por favor, fique. – ela segura em meus braços, me puxando pra si e escondendo o rosto no meu pescoço.

Agarro em seu pequeno corpo, sentindo uma eletricidade passar pelas minhas mãos, subir em meus braços e chegar em toda o meu corpo. Olho para o lado e Adrian está com a esposa agarrada em seu tronco. Aaron foi levado junto à Miguel para o cofre da casa, assim protegendo o futuro subchefe.

— Vou chamar Abel para ficar com vocês! Precisamos resolver um assunto urgente. – meu irmão diz, atraindo a atenção de sua esposa que resmunga. – Logo voltaremos.

Quando Abel, a governanta do meu irmão, chegou conseguimos sair e ir até o escritório do meu irmão. Lá estava o chefe de segurança da casa, e mais dois soldados que não entendíamos a presença. A matança foi feia, perdemos alguns soldados, mas eles ficaram sem homens. Todos que foram enviados para cá, morreram.

— Fale o que há de urgente, além de duas mulheres atraumatizadas em minha sala. – meu irmão fala, ríspido.

— Desculpe senhor, pensei que gostaria de ver isso – o chefe de segurança retira um papel do bolso e entrega ao meu irmão, que está sentado em sua mesa e pega o papel. – Estava no bolso do Carlos Eduardo.

Quando me aproximo da mesa, fico atrás do meu irmão e tomo um susto com o que vejo. É uma foto de Tasha, que está sorrindo ao lado da tia. Carlos Eduardo estava com essa foto, ele veio para pegá-la e talvez até usá-la como moeda de troca ou vingança. Mas porque ele faria isso anos depois de termos matado o seu informantes? Aliás, um deles.

— Tasha? – pergunto, perplexo.

— Sim, senhor.

— O que faremos? Eles estão atrás dela. – sussurro para o meu irmão, que ainda encara a foto.

— Ligue para Iago, estamos com problemas.

Doce Tortura - Os Hérnandez 02Onde histórias criam vida. Descubra agora