Capítulo 15

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TASHA SLOAN

Lágrimas. Existes vários e vários tipos de lágrimas e suas funções. Existe à lágrima basal, que é formada em olhos saudáveis para auxiliar na limpeza. Há também aquela lágrima reflexiva, que se formam para combater algo que está irritado seus olhos, como a cebola. E há a lágrima emocional, aquela que vem quando você está triste, feliz ou indeciso.

Nesse momento, estou liberando a lágrima emocional. O medo que eu seja a principal causadora de todo o desastre que ocorreu na casa do subchefe Adrian, está me corroendo por dentro. A ansiedade, de nao saber como será na nova cidade e principalmente, estar ao lado de Martim me deixa nervosa. A preocupação, será que eu realmente estarei segura lá? E principalmente, as pessoas importantes pra mim estarão seguras?

Acabo de colocar a última peça de roupa na mala. Pelas instruções de Martim, tenho que levar somente o necessário, o resto comparemos tudo lá. Iremos sair de madrugada, então poucas pessoas saberão pra onde fomos e que estaremos juntos. Devo admitir o que me mais me preocupa é que ficarei ao lado dele. Martim não é uma pessoa ruim, mas ele tem um poder me mexer comigo que é surreal.

Os olhos azuis escuros, quando encontram os meus, causam uma truculência de emoções dentro de mim. Temo em não conseguir me segurar e querê-lo em mim. Não sou inocente, sei o que rola entre um homem e uma mulher, já me masturbei várias vezes e sozinha, cheguei ao ápice do prazer. Em outro lado, devo lembrar da fofoca que ronda os Hérnandez, de que Martim irá se casar com Pilar Martínez.

— O que pensa, meu amor? – a voz da minha tia, me faz erguer o corpo e olhá-la escostada na porta de braços cruzados. Sem conseguir dizer nada, corro em sua direção e a abraço de forma firme – Oh! Minha pequena.

— Isso está sendo tão difícil, minha tia. – digo, com a voz chorosa.

— Eu sei, minha linda. Sei bem como se sente, e saiba que sempre estarei com você. – acaricia meus cabelos e beija minha testa.

— Como você pode dizer isso? Se estaremos distantes. Madrid não é perto.

— Me ouça, minha linda – segura em meu rosto, secando minhas lágrimas e sorrindo em seguida – Não importa a distância, sempre estaremos uma com a outra. Veja isso como uma oportunidade de conhecer um lugar novo, aproveitar da melhor forma.

— A senhora continuará aqui, e isso não vai me acalmar.

— Estarei segura, agora pense em você – toca em minha testa com o indicador – Faça sua mente enxergar sempre o lado bom das coisas. Você estará segura, Martim irá lhe proteger, então trate de aproveitar.

— Estar com Martim não é a situação mais tranquila que existe.. – resmungo, fazendo minha tia soltar um riso e logo se recompor.

— Não saberá, se não ir. – abre outro sorriso – Vejo os olhares dele pra você e vice-versa. Tasha, espero que tenha consciência do que fará enquanto estiver com ele. Martim é um homem publicamente comprometido, e mesmo assim tem fama de mulherengo. Só estou dizendo, que não desejo vê-la de coração partido quando tudo isso acabar.

— Estou ciente de tudo isso, tia. – suspiro, dando um passo pra trás – Não ficarei com ele, pode se acalmar. Como eu disse, estou indo somente porque não me deram escolha.

— Será o melhor pra você, minha linda.

— Eu sei, minha tia. – tento sorrir – Espero que ocorra tudo bem.

— Tasha.. – a porta é aberta rapidamente, e logo a fisionomia de Martim aparece no quarto. Ele está lindo, usando uma blusa social cinza com uma calça jens preta. Os cabelos negros estão penteados pra trás, e deixando o brinco a mostra. – Atrapalho?

— Oh! Não, senhor. – minha tia responde – Só vim me despedir, e ver se minha menina precisava de algo.

— Está tudo bem, minha tia. – digo, e ela assente sorrindo.

— Vim avisá-la que sairemos daqui à vinte minutos. – ele intercala o olhar entre eu e minha tia – Melhor você ir se despedindo, mesmo que certamente não iremos ficar muito tempo fora.

— Tudo bem, farei isso. – digo.

— Obrigada! – minha tia diz, antes que Martim saísse do quarto. Ele se vira para olhá-la, e ela continua – Por estar cuidando da minha menina. Ela é tudo que tenho, e ver o senhor preocupado com a segurança dela me faz ser grata.

— Tasha é da família. – ele move seus olhos azuis até mim, retirando todo meu fôlego – Não poderíamos fazer menos por ela.

— Mesmo assim, muito obrigado. – agora é minha vez de agradecer.

— A disponha, minha senhora. – ele sorri de canto, saindo em seguida.

Doce Tortura - Os Hérnandez 02Onde histórias criam vida. Descubra agora