A CABANA

1.3K 178 47
                                    


Eu acordei com um peso sobre minha cintura e uma luz invadindo meus olhos assim que os abri. A princípio, forcei-os abertos, mas, ao erguer uma das mãos para proteger-me da claridade, vi a garrafa de vodka na minha frente, além de algo frio encostado em minhas costas. Quando as lembranças da noite anterior começaram a inundar minha mente, percebi que estava abraçada a Simon em uma cabana abandonada no meio da floresta.

Completamente nus.

Com um suspiro, retirei cuidadosamente o braço de Simon de minha cintura, cobrindo meu corpo com um lençol enquanto me sentava. Não conseguia me lembrar de como chegamos lá, mas sabia que Simon teve um surto na noite anterior. Senti uma forte dor no ombro, que latejava insuportavelmente. Uma dor adicional ao que já estava acontecendo.

Voltei a olhar para Simon, que ainda estava dormindo, com a balaclava cobrindo metade de seu rosto. Minhas mãos foram ao meu pescoço quando me lembrei da noite anterior, quando ele avançou sobre mim, mencionando o nome "Roba". Quem seria esse tal de Roba? Mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, a voz grave de Simon ecoou na cabana.

"O que você está olhando, sargento?", ele perguntou, ainda com os olhos fechados. Limpei a garganta antes de responder.

"Estou checando se você está vivo", respondi, sentindo minha garganta arranhar.

Simon abriu os olhos, e por um momento, senti minhas bochechas corarem, enquanto ele examinava brevemente meu corpo nu, antes de fixar seus olhos azuis e frios em meu ombro machucado.

"Você exagerou um pouco, não foi?", ele perguntou, com seu tom frio de sempre.

"Era isso ou nós dois morríamos", respondi, desviando o olhar e encolhendo os ombros, gemendo devido à dor. Simon se sentou ao meu lado, com o lençol escorregando para seus quadris.

Embora eu tentasse desesperadamente não olhar para ele, minha mente se encheu de pensamentos inadequados. Fiquei surpresa ao sentir sua mão tocando meu ombro machucado, examinando a fratura com toques suaves e cuidadosos.

De repente, uma dor invadiu meu corpo, fazendo-me piscar algumas vezes. Quando voltei a abrir os olhos, Simon não estava mais sentado ao meu lado e eu não estava mais enrolada no lençol. Olhei em volta e vi que Simon estava inconsciente, e podia sentir meu corpo pegar fogo. Febre, estava começando a ter alucinações.

Me afastei, segurando o lençol para cobrir meu corpo, e fui para a cozinha. Sabia que era importante manter o corpo em movimento, mas precisava fazer alguma coisa com relação ao tenente, antes que minhas alucinações se tornassem mais severas. A escuridão dominava a cabana, apenas algumas rachaduras permitiam que a luz fraca entrasse e revelasse as silhuetas vagas dos objetos.

Eu me aproximei de uma pilha de roupas e as peguei, levando-as para o meio dos lençóis. Eu sabia que precisaria remover o excesso de umidade antes de colocá-las debaixo da manta que Simon estava deitado, o calor dos nossos corpos iriam secar parcialmente as roupas, depois eu só iria precisar costurar os rasgos.

Com um pouco de esforço, eu comecei pelas minhas próprias roupas, que estavam ásperas e pesadas devido ao frio intenso. Trabalhei lentamente, torcendo cada peça até que estivesse macia o suficiente para ser usada. Quando terminei com as minhas roupas, o lençol que havia usado já estava completamente úmido, então peguei outro e repeti o processo com as roupas do tenente. Meus braços latejavam com o esforço, mas ao menos eu estava me aquecendo um pouco.

Ao terminar, joguei as roupas ao lado do tenente e levantei a manta para inseri-las debaixo. Depois, cobri tudo novamente com a manta.

"Simon", eu chamei, colocando uma mão em seu ombro. Ele tremia e suava intensamente. "Vou te mover para o outro lado, está bem?"

Vale das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora