GHOST

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A dor de cabeça era insuportável, e a confusão só piorava quando olhei ao redor. Minha lanterna ainda estava ligada, iluminando a sala com seu brilho fraco, revelando a garrafa de vodka vazia no chão. As breves lembranças me atingiam como uma onda de maré, mas ainda não conseguia juntar todos os pedaços do que havia acontecido.

"Alguém acordou", Ghost murmurou roucamente, sua voz profunda ressoando pela sala e vibrando em meus ossos. Quando olhei para cima, vi que estava deitada em seu colo, coberta apenas por um lençol jogado sobre nós dois. A consciência começou a me invadir, lembrando-me da noite anterior.

"Minha nossa", exclamei, sentando-me lentamente e afastando-me dele. A proximidade súbita me deixou desconfortável. "Quantas horas se passaram?" Perguntei, passando a mão pelo rosto.

"Acredito que seja a tarde", Ghost respondeu de forma curta, sua voz cansada e fria como sempre.

Eu vi o lençol caído no chão, lembrando-me do momento em que caíram, expondo meu corpo coberto apenas com peças íntimas ao brilho fraco da lanterna. Eu estava tão bêbada que nem percebi.

"Droga", sussurrei esticando minha mão e desligando a lanterna, a escuridão que tomou o ambiente me deixou confortável o suficiente para me levantar, pegando o lençol e cobrindo-me. "Vou pegar água para nós", falei, caminhando até as minhas roupas e pegando as baterias que havia removido do fogão e a lanterna que deixei desligada no chão. "Você deveria se desencostar da parede, pode piorar a ferida nas suas costas", adverti, saindo da sala em direção à cozinha.

"Eu bem que gostaria", ele resmungou do outro lado da sala.

Respirando fundo eu liguei a lanterna e a deixei sobre a mesa, em seguida, encaixei a pilha no fogão, peguei a panela e comecei a colocar a água congelada das garrafas para descongelar. Logo em seguida eu peguei o canivete que havia deixado ali e comecei a abrir as outras latas de comida.

Eu ouvi um burburinho de lençóis do outro lado " Onde estão minhas armas?" Ouvi a voz dele atrás de mim. Me virei, preocupada por ele ter se levantado, mas assim que vi que ele estava segurando apenas um lençol na altura do quadril, imediatamente me arrependi. "Ah!", exclamei, me virando para a lata de ervilhas, sentindo o rosto esquentar de vergonha. "E-estão nas minhas roupas, você não deveria se levantar".

"Não estamos mais em campo, sargento. Não acato mais suas ordens", ele respondeu com um tom irônico do quarto. Ouvi o som de tecido sendo sacudido e de roupas sendo procuradas "Porra de lençol", ele resmungou, frustrado.

Alguém está de mau humor, pensei, tirando a panela com água, agora descongelada, do fogo. " Você precisa de repouso de qualquer forma, sei que gosta de mostrar força e resiliência, mas não estou nem um pouco afim de te arrastar por aí de novo" Comentei transferindo o conteúdo das latas para a panela.

Eu peguei a panela com água e comecei a me dirigir para o quarto. Uma fonte de luz surgiu do quarto e presumi que ele havia acendido a lanterna "Estou entrando, espero que esteja vestido" falei indo para o quarto.

Ghost estava parado no meio do quarto, ajustando o colete ao seu corpo enquanto as minhas mãos tremiam ligeiramente devido ao peso da panela. Os lençóis que usávamos para dormir estavam descuidadamente jogados no canto do quarto.

"Toma" Eu disse enquanto estendia a panela com água para ele, observando enquanto ele levantava a balaclava e bebia rapidamente, me devolvendo depois. Eu bebi um pouco, sentindo o gosto amargo da noite anterior, e ofereci mais para ele. "Beba mais, nós ingerimos uma quantidade muito grande de álcool"

Ele me olhou com uma expressão séria, avaliando a panela antes de me olhar. "Não temos tempo para isso, precisamos voltar" ele disse com firmeza, passando por mim com passos rápidos e seguindo para o outro canto do quarto, onde as minhas roupas estavam espalhadas.

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