Rodolfo nos levou por um corredor iluminado por lâmpadas fracas, cuja luz fraca criava sombras dançantes nas paredes desgastadas do prédio. Passamos por várias portas até chegarmos a uma sala de aspecto austero, com paredes despidas de qualquer decoração, pintadas em um tom de cinza frio. O chão era de ladrilhos desgastados que rangiam a cada passo que dávamos.
Nossos olhos se encontraram em meio à penumbra quando tentei, com todo cuidado, explicar a situação sem revelar muitos detalhes. A tensão pairava no ar, pois a única coisa que importava naquele momento era a missão: encontrar Manuel Roba.
Rodolfo, era um homem de semblante sério e olhar perspicaz, permanecia em silêncio enquanto ouvia atentamente. Seus olhos escuros eram como faróis, buscando pistas em minhas palavras. Finalmente, ele se pronunciou quando chegamos à porta da sala.
Ele girou a maçaneta com uma mão firme e empurrou a porta, revelando o interior da sala. Era um ambiente amplo, com uma fileira de agentes sentados em mesas alinhadas, todos fixando seus olhos nas inúmeras telas de computador que iluminavam o espaço com uma luz azulada. O som constante de teclados sendo digitados ecoava no ar, criando uma melodia frenética.
"Nós fazemos o possível para manter nossos olhos em tudo o que acontece", explicou Rodolfo, sua voz ecoando na sala. "Mas, como vocês devem saber, esses criminosos estão sempre um passo à frente. A cada dia que passa, encontram lugares melhores para se esconderem. Parece que até entre os mortos eles conseguem encontrar refúgio."
Ele apontou para uma porta no canto da sala, que levava a uma sala de arquivos escura e empoeirada. Estantes abarrotadas de pastas e caixas antigas davam a sensação de que ali o passado estava cuidadosamente guardado.
"Muitos segredos do passado são tratados como tais", continuou ele, enquanto nos conduzia até a sala de arquivos. "Arquivos sobre criminosos como Roba são mantidos dessa forma para evitar qualquer vazamento de informação."
Rodolfo abriu a porta da sala de arquivos, revelando prateleiras empoeiradas repletas de pastas antigas e documentos amarelados pelo tempo. O cheiro de mofo e papel antigo invadiu nossos sentidos. Ele nos encarou com seriedade.
"Mas lembrem-se," disse ele, com uma expressão séria, "mais importante do que conhecer o seu inimigo é não deixar que ele saiba que estamos atrás dele." Suas palavras ressoaram naquele ambiente carregado.
Em algum momento, tenho certeza de que todos nós já nos deparamos com um álbum de fotografias, uma espécie de portal para o passado, onde o tempo parece congelar. A mesma sensação de estar imerso no passado me envolveu enquanto permanecia naquela sala apertada, um ambiente impregnado por um odor sufocante. No entanto, nada era mais opressivo do que a angústia que apertava meu peito.
Era ansiedade? Talvez. Medo? Sem dúvida.
Eu batalhava para absorver o dilúvio de informações disponíveis, cada revelação sobre aquele homem ampliava minha angústia, alimentando um desejo profundo de que ele estivesse verdadeiramente morto. Minha esperança frágil se via ameaçada por detalhes sinistros que pintavam Manuel Roba não apenas como uma pessoa, mas como um monstro em sua forma mais brutal, personificando o mal em sua expressão mais selvagem. Seus métodos cruéis para arrancar informações de inimigos se estendiam a extremos que faziam minha fé na humanidade vacilar.
Após o que parecia uma década de busca por qualquer pista, finalmente encontrei algo que mexeu comigo. "Acho que encontrei alguma coisa", murmurei para Ghost, minha atenção fixada nas informações diante de mim.
"O quê?" ele perguntou, aproximando-se para examinar o documento comigo. "Quarteis que ele liderava? Devem estar todos desativados a essa altura do campeonato", ponderou Ghost ao perceber minha concentração.
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Vale das Sombras
RomanceNão imaginar o que fazer depois da formatura, não criar planos e não imaginar um futuro te trouxe aqui. Ainda que não tivesse sonhos, seus pais tinham expectativas de que você teria um futuro brilhante e isso te fez tomar a decisão de se alistar par...