Vale das Sombras

ARIZONA

Me desculpem a demora!




Eu acordei ouvindo a voz rouca de Simon me chamando. Minha mente ainda estava nublada pelo sono, e demorou alguns segundos para que eu percebesse onde estava. Quando finalmente abri os olhos, me deparei com a escuridão do deserto ao meu redor. A única luz que conseguia enxergar era uma claridade tímida que começava a surgir no horizonte, indicando o nascer do sol.

"Precisamos ir" Simon murmurou, me tirando de meus devaneios. Eu resmunguei em resposta, ainda sonolenta e desanimada em ter que deixar meu momento de descanso.

"Sim" concordei, me levantando relutante, e sentindo o frio que me atingiu como um soco. Simon havia jogado sua jaqueta sobre meu corpo enquanto eu dormia, e eu agarrei o tecido ao meu corpo para me aquecer "Nossa eu não me lembro de estar tão frio assim antes".

"Já passamos por coisa pior" ele murmurou ainda deitado, e eu ri fraco, sabendo que ele estava certo.

"Concordo" falei apertando os olhos para enxergar melhor no escuro, tentando encontrar minhas roupas que estavam jogadas em algum canto. Assim que as encontrei, eu rapidamente engatinhei até elas e comecei a me vestir, tentando não sentir o frio que me penetrava a pele.

Enquanto me arrumava, pude ouvir o som abafado da caçamba da picape batendo e balançando, indicando que Simon já havia descido e estava me esperando. Rapidamente finalizei a arrumação e saí da caçamba, encontrando Simon parado ao lado da picape, vestido com sua balaclava usual. Ele se aproximou da caçamba e estendeu a mão, segurando-a firme e me ajudando a descer com cuidado, seus olhos fixos nos meus. Senti o calor da sua mão na minha, o que fez meu coração bater mais rápido e um arrepio percorrer todo o meu corpo. Quando finalmente pisei no chão, Simon continuou me olhando com um olhar intenso, e eu fiquei sem fôlego por um instante. "Algum problema?" perguntei, com um sorriso tímido nos lábios, ainda sentindo a eletricidade do toque dele.

Simon virou o rosto para mim por um momento, mas desviou o olhar rapidamente, parecia estar perdido em pensamentos. Eu o observei com curiosidade, tentando decifrar o que se passava em sua mente, mas ele não disse mais nada. Apenas me acompanhou até o carro e abriu a porta para mim com gentileza.

Agradeci com um sorriso e entrei no carro, sentindo um leve nervosismo se espalhar pelo meu corpo. Simon entrou em seguida e se ajeitou no banco do motorista, colocando a chave na ignição.

"Alguma ideia do que vai falar para os seus pais quando os encontrarem?" ele perguntou, rompendo o silêncio enquanto ligava o carro.

"Sim", eu respondi, me ajeitando no banco do passageiro. "Te conto no caminho".

Ele acenou positivamente e começou a dirigir, seguindo em direção ao local onde encontraríamos meu pai. Respirei fundo e comecei a explicar tudo detalhadamente para ele. Falei sobre o plano de encontrar meu pai no caminho para o trabalho, pedir para que ele convencesse minha mãe a nos encontrar em um restaurante próximo, e de lá explicar toda a situação e partir para a casa do tio Andrew.

Simon ouviu atentamente, parecendo entender cada detalhe. Quando terminei, ele assentiu com a cabeça, parecendo concordar com tudo.

"Parece um bom plano", ele disse, com um tom analítico. Concordei com a cabeça, sentindo um misto de esperança e medo se misturarem dentro de mim. Sabia que não seria fácil, mas não tinha outra escolha.

A cidade de San Bernardino começava a acordar lentamente, com o sol ainda escondido atrás das montanhas, as ruas estavam vazias e silenciosas. O cheiro de café fresco e pão recém-assado vinha das padarias ainda abertas. Simon dirigia pelas ruas tranquilas, seguindo as direções que eu havia dado. A rota nos levou por estradas secundárias, passando por pequenas cidades e vilarejos pitorescos, onde as casas eram cercadas por árvores frutíferas e animais pastavam nos campos próximos. As paisagens eram de tirar o fôlego, com montanhas imponentes ao longe e vastas planícies estendendo-se até onde a vista alcançava.