CHAMAS

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Enquanto eu estava imersa em meus receios, a voz de Simon soou ao meu lado, interrompendo meus pensamentos. "Você acha que seja o avião que saiu do quartel a alguns dias atrás?" Sua pergunta ecoou no ar, despertando minha atenção.

Meus olhos se fixaram nas imagens que passavam na televisão e uma sensação de familiaridade tomou conta de mim. Observando atentamente, notei que a pintura do avião era semelhante àquela que havia visto antes. Um murmúrio escapou de meus lábios enquanto eu ponderava sobre essa possibilidade, "A pintura é semelhante"

Simon permaneceu ao meu lado em silêncio, seu semblante refletindo uma intensa contemplação. Era evidente que ele estava mergulhado em uma profunda reflexão, ponderando sobre todas as possibilidades que aquele avião trazia consigo. Uma sensação de inquietude e presságio percorreu meu corpo ao ouvir suas palavras sussurradas: "Devemos nos apressar, isso não é um bom sinal". Com um movimento decidido, ele se retirou do local, deixando-me para trás, imersa em meus pensamentos.

Respirei fundo, buscando reunir coragem para seguir Simon. Desconectei-me do que se desenrolava na televisão, uma vez que a urgência e a incerteza da situação me empurravam para a ação imediata.

Após alcançarmos o carro, a pergunta pairou no ar como um eco em minha mente inquieta: "Acha que Roba está por trás disso?", indaguei a Simon. Eu desejava intensamente que aquela situação fosse apenas uma estranha coincidência, mas mesmo que aquele avião não pertencesse a Konig, o fato de ser uma aeronave militar indicava claramente que estávamos sendo alvo de algum ataque.

"Roba está morto, estamos lidando com alguém totalmente diferente, talvez alguém tentando se passar por ele", murmurou Ghost, com seriedade evidente em seu tom de voz, enquanto organizava os equipamentos no carro.

A pergunta queimava em minha mente e eu não conseguia deixar de expressar minha confusão: "Por que alguém se passaria por uma pessoa morta?". Afinal, aquilo não fazia o menor sentido lógico.

"Não era um qualquer, Roba tinha nome e status. Seja lá quem esteja por trás disso, suas intenções são um mistério, mas suas ações estão me deixando furioso", respondeu Ghost, com uma nota de frustração perceptível em sua voz. Ele continuou, revelando seu plano: "Vamos para o México, conheço alguém lá que poderá nos ajudar".

Eu suspirei, finalizando a tarefa de colocar as coisas no carro, e olhei para Ghost com um misto de curiosidade e intriga. "E quem seria nosso novo contato?" questionei.

Ele parou por um instante, lançando-me um breve olhar antes de responder: "Coronel Alejandro Vargas".

"Alejandro?", perguntei, o nome despertando uma vaga familiaridade em mim. "Como ele pode nos ajudar?"

Simon deu a volta no carro e abriu a porta do passageiro para mim. "Você, minha cara, é uma pessoa muito curiosa. Respondo a você no caminho. Teremos uma longa jornada até o México", murmurou ele.

"Eu não faria tantas perguntas se você fosse direto ao ponto", retruquei, aproximando-me dele enquanto meus olhos se fixavam nos dele, buscando respostas.

"Gosto de te manter falando. O som da sua voz é uma das coisas que me fazem odiar menos a minha vida", ele disse, sem rodeios, como se aquelas palavras não significassem nada.

Aquilo me fez parar imediatamente, sentindo meu rosto queimar de constrangimento. Rapidamente, entrei no carro, torcendo para que ele não percebesse a minha reação.

"Vou ter uma última conversa com Roman. Já volto", anunciou ele, fechando a porta do carro e dirigindo-se ao galpão, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

Enquanto Simon se afastava, concentrei-me em respirar profundamente, tentando acalmar meu coração acelerado. No retrovisor, observei sua figura diminuir gradualmente, mas minha mente estava ocupada pelas imagens perturbadoras dos destroços do avião. Um aperto doloroso se instalou em meu peito, um pressentimento de que algo terrível estava se desenrolando ao nosso redor.

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