I wish (larry stylinson)

Four

Louis

Uma festa imbecil.

Harry está nesse alvoroço por causa de uma festa. Está certo que é a primeira dele, mas é sempre a mesma coisa: Adolescentes estúpidos com os hormônios a flor da pele, se esfregando até no corre mão da escada; bebidas em excesso, música alta, e, no fim da noite, gente não sabendo sequer seus nomes.

- E essa? -  Harry tirou a atenção do espelho e se virou pra mim.

- Está boa - murmurei.

- Você nem olhou - ele resmungou, fazendo beicinho.

- Harry, é só uma festa! Você não vai casar.

- Diga, por favor.

- Tá. - Suspirei, apoiando-me no cotovelo e o analisando de cima a baixo. Harry usava um jeans escuro e blusa branca. Tudo muito simples.  - Você está ótimo - disse por fim.

- Tem certeza? Acho que vou trocar essa blusa.

- Urgh! - Cobri meu rosto com o travesseiro e me afundei na cama, ouvindo a risada de Harry.

Logo o colchão afundou e eu senti o corpo quente de Harry próximo ao meu. Ao tirar o travesseiro do rosto, notei que ele estava com o olhar perdido em um ponto qualquer do quarto.

Quem resistiria dar uma espiadinha nos pensamentos dos outros se tivesse a oportunidade?

Eu não.

Encarei Harry, logo em seguida mirando minha atenção em sua mente. De imediato o rosto do garoto que ele gosta, Nicholas, apareceu. Ele sorria, mas isso só até a paisagem mudar novamente.

Agora o local era o que parecia ser uma festa, haviam vários adolescentes. E novamente o tal de Nicholas apareceu, dessa vez de corpo inteiro.

Ele está fantasiando. Legal.

Harry apareceu em seguida, aproximando-se do garoto e enlaçando-o pela cintura.

- Louis?

- Mmm? - murmurei, sem tirar minha atenção da cena.

Ele aproximou seus rostos.

- Você está xeretando minha mente? - Harry arqueou a sobrancelha.

- Claro que não.

Ele roçou seus lábios no do garoto e então... a cena mudou novamente. Estava tudo ofuscado, distorcido. E então apareceu um cara obeso. e ele dançava freneticamente, deixando tudo balançar de forma assustadora.

- Harry! - Gritei, saindo de sua mente - Ah, que nojo! Ugh!

Ele começou a gargalhar, rolando de um lado para o outro da cama.

- Eu sabia que você estava xeretando minha mente!

- Mas precisava fazer isso ? - perguntei, levantando-me. Senti meu corpo se encher de tremiliques - Você me deixou traumatizado. Ugh!

- Isso é para você aprender o significado da palavra ''privacidade'' - continuou a rir.

(....)

Harry convidou Niall e Liam para irem a festa com ele, mas isso graças a mim, que o lembrei de que os dois rapazes são os únicos amigos verdadeiros que ele tem. Parece que Harry já está se esquecendo deles.

Ele diz que não, mas eu sei que sim.

Liam e o outro garoto loiro estavam mais a vontade naquele ambiente repleto de gente e musica alta. O som do footlose ecoava pela grande casa, e as pessoas dançavam animadamente.

Harry, mesmo que sendo cumprimentado por todos ali presentes, ainda estava tenso.

- Pega uma bebida, vai ajudar. - Apontei a mesa mais ao fundo, repleta de garrafas e copos de plástico vermelhos - Só não abusa -avisei.

Foi a mesma coisa de dizer, ''Vá, Harry, e tome todas''.

Talvez fosse pelo nervosismo que ele entornava um copo atrás do outro. Harry é popular, isso já foi comprovado, mas continua sendo inseguro.

Logo o tal de Nicholas apareceu e, sem mais nem menos, o pegou pela mão, levando-o para o meio da pista improvisada. Liam e Niall também já haviam sumido, e eu decidi me sentar no ultimo degrau da escada, assim tendo uma visão melhor de tudo e todos, principalmente de Harry.

Ele já estava mais relaxado - por causa da bebida, claro -  e sorria tanto que era capaz de seu rosto se partir em dois.

Eu até pensei em pegar amendoim e comer para passar o tempo, mas acho que seria estranho para as pessoas em volta verem apenas a embalagem suspensa no ar e os grãos voando um a um até sumirem - indicando que foram pra minha boca.

É, seria estranho. E ninguém estava bêbado ao ponto de ver amendoins voando.

Voltei minha atenção para o casal que era meu foco principal.

Nicholas era tão "perfeito", fosse do modo de se vestir, fosse no modo de agir e falar. Chegava me dar tédio.

Harry e ele se calaram. Ficaram apenas olhando um para o outro, e não é preciso ser um gênio pra saber o que rolaria a seguir. Era aquele tão comum aproximar de rostos, troca de olhares, molhar de lábios.

- Ah, mas não mesmo - murmurei e, quando eles já estavam super próximos,  estalei os dedos, fazendo o copo de Harry se inclinar, molhando assim a roupa de Nicholas. Ele se afastou - Ops!

Bem feito pra ele.

Harry tentava, ao mesmo tempo, se desculpar e limpar a camisa do garoto com um guardanapo tirado sabe-se lá de onde. Eu apenas ria discretamente da cena toda e Nicholas sorria fraco, tentando dizer que estava tudo bem.

Ótimo. Além de babá, eu teria que presenciar um beijo desses dois, sendo que Harry sequer está dando a mínima para minha existência.

Não conte comigo quando estiver vomitando, Harry. Não mesmo.

(...)

- Abaixa mais a cabeça - murmurei, dando tapinhas nas costas de Harry enquanto ele botava todo o almoço, misturado à bebida, para fora. Isso bem no gramado da dona da festa.

- Eu vacilei com o Nick, Louis. - Ele me encarou por alguns segundos e voltou a abaixar o rosto, para vomitar mais ainda - Eu não sei como consegui derrubar toda a minha bebida nele. - Falou com dificuldade.

- Eu avisei para maneirar.

- Mas eu precisava beber para conseguir falar com ele. - Se defendeu.

- Então sempre que se encontrar com aquele garoto vai precisar estar bêbado pra consegui falar com ele? - Arqueei a sobrancelha.

- Não enche, Louis - resmungou, limpando a boca com as costas da mão. Ele deu dois passos para frente, mas parou - Está tudo girando. - Colocou a mão na cabeça.

- Vamos embora - suspirei, enlaçando meu braço em sua cintura.

- E quanto a Niall e Liam?

- Eles sabem se virar sozinho.

Estalei os dedos. E num piscar de olhos, estávamos no quarto de Harry. Ele se jogou na cama de bruços, resmungando algo inaudível.

- Você é incrível, Louis - bocejou - Obrigado. - Suas orbes verdes foram escondidas, aos poucos, por suas pálpebras. E logo ele sua respiração ficou leve, assim como sua expressão facial.

- Não agradeça, eu vou começar a cobrar. - Falei, mesmo que ele não pudesse ouvir. Tirei seu par de tênis e os joguei de baixo da cama - Mas, aposto que não me acha tão incrível quanto Nicholas -  sussurrei. E, no fundo, desejando que isso ele pudesse ouvir, desejando que ele me dissesse o contrário. Mas eu sou um gênio, eu concedo, e não desejo.

Vendo por esse ângulo, eu percebo o quanto isso é uma droga.

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