Because you?

Capítulo 15: Por que você?

Alguns dias se passaram desde a partida de Arwen para Valfenda, doze, para ser mais exata. Nesse meio tempo, Aragorn começou a questionar-se sobre os seus sentimentos por Legolas. Desde o dia do acontecido na sala do trono, o rei não conseguiu olhar para o elfo da mesma forma como o olhava antes. Toda fala simples que outrora não faria seu coração bater rápido, agora o esquentava, fazendo com que se sentisse protegido e amado.

Gimli também não estava ajudando, a todo momento dizendo sobre como os dois ficariam bonitos juntos, como queria ver um mini Legolas correndo pelo castelo e até mesmo algumas piadas e provocações mais pesadas, a audácia do anão não era pouca.

"O que fazem a tarde toda no escritório sozinhos, hum? Todos os dias?" Ele perguntava para eles em um cair da noite. Legolas e Aragorn tentavam deixar suas feições sérias, enquanto por dentro estavam explodindo de alegria, sem saber como reagir e o que falar.

Sobre o que faziam no escritório, isso era simples: na maioria do tempo conversavam sobre coisas aleatórias e, no final, Legolas sempre acabava dormindo em uma poltrona perto do rei.

Nunca conversaram sobre amor ou coisa do tipo. Legolas havia perdido a coragem de perguntar a ele sobre sentimentos e essas coisas, coisas que há um tempo atrás não eram um problema.

O rei não conseguia tirar o elfo da cabeça por nenhum segundo, e queria tê-lo ao seu lado a todo momento, como se a presença de Legolas o mantivesse vivo. Cada pequena frase do loiro fazia com que Aragorn se sentisse mais vivo.

"Aragorn, não se esqueça de comer algo hoje à tarde" ou "Saia para fora de seu escritório ou vai ficar branco igual um papel!" essas simples falas agora atingiam o rei de uma forma tão avassaladora que nem ele mesmo conseguia descrever.

Após a partida de Arwen, Legolas passou a visitá-lo todas as tardes em seu local de trabalho, pois ele sabia que o moreno estava se sentindo sozinho e abatido sem a companhia de sua ex esposa.

Aragorn tinha consciência que sentia algo pelo loiro, e que esse algo iria além do gostar. Não era um sentimento passageiro, e ele sabia que não iria sumir de uma hora para a outra. Estava pensando a muito tempo sobre isso, desde a partida de Arwen, e não achava errado sentir algo por seu amigo, mas a opinião dele pouco importava para a sociedade, mesmo sendo o rei ainda estava com medo, que, se seus sentimentos pelo elfo forem recíprocos, a maneira de como todo o povo de Gondor iria reagir ao saber que o seu rei amava outro homem. Mas, se seu povo gostasse realmente dele, e apoiasse a maneira que ele governa, não o julgaria nem iriam o apunhalar pelas costas com falas cruéis e olhares cheios de raiva.

Agora o rei se encontrava dentro de seu quarto, em mais uma noite na qual ele se deitava em sua cama e sentia um frio e um vazio em suas costas.

Sentia falta de uma companhia, não para fazer sexo ou esse tipo de coisa, e sim para dormir, apenas. Abraçados, desfrutando o calor que seus corpos emitiam, apesar de ser verão, a noite fazia frio, ainda mais quando elas eram chuvosas. Essa estação estava com bastante chuvas, não de dia, mas sim pela madrugada, onde todos dormiam com o barulho dos pingos caindo nos seus telhados e os animais sentiam em seu coro as gotas grossas e geladas que caiam das nuvens.

Nessa noite, o rei estava realmente muito ansioso. Mas essa ansiedade não era em vão, e tinha um motivo para ele estar assim.

— Se passaram alguns dias desde a partida de minha, agora amiga, Arwen, e desde então meu cérebro e meu coração estão me levando a um caminho onde minhas escolhas poderão me fazer feliz e decepcionar o povo, ou poderão me deixar triste e alegar os cidadãos. Eu devo escolher entre o amor que sinto por Legolas, e viver ao seu lado até que minha morte me alcance e me leve, se seus sentimentos por mim forem recíprocos, mas ao escolher isso, talvez eu decepcione meu povo, pois não consigo adivinhar qual será a reação deles. Ou a segunda escolha: me casar com uma camponesa qualquer e ter um herdeiro, mas não por amor, e sim por obrigação. Assim, esperarei sentado em meu trono até quando estiver velho o suficiente para ser substituído, viverei uma vida triste e monótona ao lado de alguém que eu não amo, enquanto assisto Legolas partir em uma jornada, onde ele mesmo alega não saber seu fim e nem seu destino final. Por que você, Legolas? Esse amor me parece impossível e possível ao mesmo tempo, não sei explicar...