Capítulo seis: O Fantasma Quebrado

229 16 12
                                    

Pov: Jauregui.

Dia seguinte, pela manhã, descobre-se que o artefato é a cabeça de alguma coisa... De um outro simulacro. Bem diferente de Revenant, porém. Talvez esse robô seja a chave pra matá-lo? Ele deve saber as coordenadas exatas de onde encontraremos o código fonte? Eu não sei.

Só sei que era muita coisa pra minha cabeça, e Camila foi sozinha enfrentar o simulacro... Era suicídio.

A equipe toda não parecia ligar pro fato de que Camila não voltaria viva dessa luta. Ninguém se mobilizou pra ajudar.

-Hey, Lauren. Ainda falta uma última parte do artefato, pra ele funcionar. Dinah e Normani sumiram e o resto da equipe está ocupado com outras coisas. Consegue vir comigo? - Gibraltar pergunta.

-Quase não há mais Prowlers lá, acabamos com quase todos. Você acha que você e o Robô dão conta? - Pergunto enquanto estou arrumando meu armamento em minhas costas.

-Acho que sim... - Gibraltar hesita.

-Gibbs, eu conto com você nessa. Agora tem outro lugar que eu preciso ir. - Eu falo, posicionando minhas bombas de fumaça.

-Você está indo ajudar Camila, não é? - Gibraltar pergunta. Não entendi se ele está curioso ou decepcionado.

-Olha, eu sei que ela é problema. Mas ela está encrencada por culpa minha. Então ou eu vou manter ela viva, ou eu vou matar aquele Simulacro. Seja como for, isso acaba hoje. - Eu disse saindo.

Acontece que hoje, eu me sinto como "a garota nova". Eu me priorizei na missão e deixei meus sentimentos me afetarem, o que colocou um alvo nas costas de Camila. Eu precisava arrumar essa bagunça.

Quando chego no Desfiladeiro, paro minha nave ainda no alto. Pegando meu rifle de atirador, G7-Scout, acompanhando a cena por aproximação de lente. Camila sai de sua nave estacionada, ela olha pra frente e respira fundo.

Essa pode ser a última vez que ela faz isso.

-Eu sei que está aqui, consigo te sentir. - Camila diz, e por um segundo, achei que ela estava falando de mim. Então vejo a sombra do simulacro se aproximar, e ele se mostrar na luz. Seu tamanho era quase o dobro do de Camila. Eu estava há no máximo 200 metros de distância dos dois e conseguia sentir a tensão.

-Sem ninguém pra te ajudar, garotinha? Que desapontante você é. - Ele diz. Então não sabe que estou aqui, ou está fingindo.

-Vamos acabar logo com isso, demônio. - Camila diz.

-Eu prefiro não apressar, esperei tanto tempo por isso... - Ele diz, então vejo Camila apertar algum botão em seu bastão, e várias torretas surgem de sua nave, com a mira travada em Revenant.

OK, eu subestimei ela.

-Isso vai te matar por um tempo, e então estarei bem longe daqui quando você acordar. - Camila disse.

-Camila... Eu não estou aqui pra matar você. -ele diz.

-Isso é difícil de acreditar. Pra que mais você serve? - Ela fala. Então Revenant começa a se aproximar dela, e minha mira está bem em sua cabeça, eu só preciso de um tiro pra controlar a situação.

-Eu vim aqui te ajudar. - O que? Revenant tinha algum plano de distração, eu deveria atirar agora?

-O quão burra você acha que eu sou? - Camila pergunta.

-O contrário... Você acha que é a primeira que vem atrás de mim querendo vingança? São 300 anos de mortes, isso não é nada novo pra mim... Não é nem sequer a primeira à usar Snipers como guarda Costa.

Merda, ele sabia que eu estava lá.

-Mas você foi a primeira à ter acesso ao meu código fonte, você é a única que pode acabar com isso. -Ele diz.

-Que diabos? - Camila pergunta.

-Você sabe como é dar o último suspiro? É claro que não. Você sufoca enquanto sua mente se perte no escuro, e você não pode fazer nada além de rezar para falsos deuses enquanto sucumbe ao abismo. Eu tenho que vivenciar isso toda vez, Camila. Você acha mesmo que eu quero viver?

-Você quer que eu sinta pena de você?

-Você não está entendendo... Eles me programaram pra apenas morrer e ter tudo apagado da memória. Mas agora meu sistema teve uma falha, e eu sou obrigado a vivenciar trezentos anos de morte e dor, tudo de uma vez só! - Revenant se altera, fazendo Camila recuar - É o inferno. Cada segundo da minha existência é o inferno... Minha capacidade de danificar meu próprio código fonte? Ainda está bloqueada... Irônico. Eu não posso colocar um fim nisso sozinho.

-Que porra você está...

-Ninguém nunca foi capaz de descobrir como acabar com isso, até você aparecer! E eu quero mais que tudo que você ache o código e enfie uma bala bem no meio da minha cabeça, pra eu finalmente poder descansar em paz. - Revenant diz.

-Você quer que... Eu acabe com seu sofrimento?

-Você ganha o que você quer, eu ganho o que quero... Falar isso quase me deixa feliz. E está tudo feito, moeda trocada. - Ele diz, Camila permanece imóvel, sem reação. Ele se prepara pra partir, mas antes, se vira em minha direção - Te vejo no campo de batalha, soldado. - Ele diz, olhando diretamente pra mim, enquanto desaparece nas sombras.

Camila ainda está paralisada do mesmo jeito, em algum tipo de choque. Não a vejo nem sequer piscar.

Desço da nave, me aproximando devagar de Camila. Que ainda está ali, na mesma posição, olhando fixamente o canto onde Revenant desapareceu. Coloco uma mão suavemente na parte superior do seu braço, tentando fazer um movimento tranquilizador... Algum tipo de carinho. Qualquer coisa pra que ela acordasse daquele transe.

Funciona, ela olha direto em meus olhos. E os dela estão marejados, com lágrimas de confusão que se recusam a cair.

Nenhuma de nós fala nada de imediato. Até que Camila quebra o silêncio.

-Pensei que ia atirar... Matar o cara mau. - Camila disse.

-Bem, me diga quem realmente é o cara mau da história quando descobrir, e eu atiro nele. - Eu disse, fazendo com que ela soltasse um indício de risada.

Antes que ela possa responder, meu telefone toca. Era Gibraltar.

-Eu não posso falar agora... - Eu digo.

-Conseguimos a última peça, e você tem que voltar agora. Descobrimos o que aquela coisa é! - Ele diz.

-OK. - Desisto.

-Hammond ligou, e eles disseram que já estão encaminhando as coordenadas do código fonte à Camila.

-Entendido. - Afirmo antes de desligar.

E Camila está lá de novo, parecendo que acabou de ser atropelada por um trem.

-Você escutou... Missão cumprida. - Eu disse.

-Sim. Vou ter minha vingança... Sendo a resposta pras orações dele. - Ela diz, insatisfeita.

-E o que você vai fazer? - Eu pergunto.

-Pela primeira vez em muito tempo... Eu não tenho ideia.

Treasures of Blood (CAMREN/APEX LEGENDS)Onde histórias criam vida. Descubra agora