Capítulo dezesseis: Lembranças Excruciantes

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Pov Camila

Eu não sei quantas bebidas se passaram, só sei que comecei a fazer o que menos queria: me abrir.

-E então... Agora que você está claramente bêbada, quer falar mais sobre o que está acontecendo? -Valk pergunta.

-Falar mais o que? O que você viu não foi humilhação suficiente? -Pergunto, com a voz embriagada.

-Na verdade, não entendi direito o que aconteceu. Só vi você jogando as coisas no lixo e saindo com muita raiva.

-Fui rejeitada, Kairi! É isso que você quer ouvir? -Aumento o tom de voz

-Quem rejeitaria uma mulher como você?

-Lauren Jauregui.

-Você tem certeza que não interpretou algo errado? Lauren não é idiota de te dar um fora.

-Me diga, Kairi. De quê outra forma você interpretaria um "não existe nada entre nós, somos só amigas"?

-Uh... Acho que não tem muitas formas de interpretar isso.

-Pois é. Agora aqui estou, na merda, por alguém que não merece uma lágrima do meu rosto. -Eu disse, virando a garrafa de Soju de uma vez. Era uma bebida alcoólica coreana forte e muito boa, que, honestamente, eu nem sabia do que era feita. Só sabia que Crypto me apresentou e eu gostei.

-Se você sabe que não vale a pena, pare de sofrer com isso.

-Simples assim, né? -Eu falo e dou risada.

-Se quiser eu posso te ajudar à se distrair com outras coisas.

-Eu não estou com cabeça para muitas coisas agora. Na verdade, pra nada.

-Por que não nos conhecemos melhor? Me diga de onde você vem, qual a sua história.

Passamos um longo tempo conversando sobre nosso passado, e fiquei feliz por ter conseguido me distrair dos pensamentos ruins. Kairi também tinha uma história triste, inclusive, muito parecida com a minha. Perdemos os pais cedo, e nos viramos indo pro caminho do crime, até criarmos força o suficiente pra ir atrás de vingança. A diferença é que Kairi já se sente suficientemente vingada, provavelmente porque ela não viu seus pais morrerem na sua frente. E agora quer encontrar alguma diversão nos Jogos. Éramos muito parecidas, e nos dávamos muito bem. Eu poderia dizer que criaria uma valiosa amizade, se não estivesse sentindo as investidas descaradas de Valkyrie em mim ao decorrer da noite. De certa forma, aquilo me decepcionou. É sempre assim, parece que as pessoas olham pra mim e só pensam "sexo". Todo mundo que demonstra interesse é dessa forma clichê, como se fazer flertes descarados fosse o caminho certeiro até o meio de minhas pernas. Eu sempre era objetificada, e não podia reclamar, já que isso seria justificado por eu ser "sensual demais". Eu gostava de saber que eu era sexy, mas não precisava ser tratada como um pedaço de carne.

Uma melancolia me bate, com Lauren não era assim, sempre foi diferente... Ela foi a única que pareceu se interessar por quem eu realmente era, e a forma que ela demonstrava se atrair pelo meu corpo me excitava e me fazia sentir bem comigo mesma ao mesmo tempo. Eu nunca tive isso antes, com ninguém. Eu era a que flertava e a deixava sem graça, e isso era tão divertido.

Mas talvez fosse só coisa da minha cabeça... Talvez não, realmente era. Lauren nunca sentiu mais que uma amizade por mim. Eu fantasiei coisas que nunca foram ditas, e agora estava sofrendo por ter sido tão inconsequente.

-Não querendo acabar com a noite das duas, mas já fechamos faz duas horas, será que vocês não podem me deixar dormir? -Diz Eliot, com um pano de prato pendurado em seu ombro.

Treasures of Blood (CAMREN/APEX LEGENDS)Onde histórias criam vida. Descubra agora