Treasures of Blood (CAMREN/APEX LEGENDS)

Capítulo vinte e três: Acerto de contas.

POV: Lauren

Christian está morto e eu estou indo em uma viagem de dois anos em uma nave com Revenant, de volta ao meu planeta natal. Ou não.

Eu beijei Camila. Ou não.

Ela ainda sente algo por mim. Ou não.

Christian está vivo, e agora eu tenho meu irmão de volta... Ou não.

Eu tentei de todas as formas conversar com Christian, mas nada parecia útil. Ele se recusava a trocar mais de duas palavras comigo pra cada pergunta que eu fazia. O que só aumenta o meu ódio. Como ele pôde sumir por todos esses anos e voltar agora agindo como um estranho? Como se nada tivesse acontecido.

-Escuta. -Eu falo uma ultima vez, puxando Christian pelo braço quando ele passa por mim para sair do bar. -Você não pode simplesmente fingir que eu não sou nada pra você. Você não pode me ignorar dessa forma sem justificar o motivo de você ter sumido.

-Não posso? -Ele diz, se soltando de mim com força e indo embora. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo agora.

Minha cabeça estava confusa, então resolvo caminhar para espairecer. Eu tinha tantas perguntas sem respostas. Perguntas que só Christian poderia me responder, se ele estivesse disposto.

Por que ele está me tratando assim? O que eu fiz pra ele?

Caminho por cerca de vinte minutos até parar em outro bar. Honestamente, não estava afim de ficar no bar do Elliott. Ficar lá significava ser o alvo de interrogatórios sobre Christian e sobre eu não estar mais partindo, o que era óbvio de se assumir.

Me sento em uma das mesas na calçada do bar e peço uma cerveja. Fico ali bebendo devagar, admirando o céu estrelado. Me lembro de Camila, e de como costumávamos a ficar no topo do nosso prédio assistindo as estrelas juntas, bebendo uma cerveja ou um vinho caro nos dias em que Camila escolhia a bebida.

Eu realmente sinto falta dela, sinto falta de todos os nossos momentos juntas. Depois de todo esse tempo e eu ainda sinto borboletas dentro de mim quando ela se aproxima. Eu ainda fico nervosa e começo a suar pelas mãos. Eu acho que nunca vou esquecer essa mulher, principalmente depois do nosso beijo... Ou quase beijo. Me perco relembrando o breve momento em que tive seu corpo quente tão perto do meu outra vez, depois de tanto tempo. Seus lábios macios se encontrando com os meus...

Percebo um olhar de julgamento sobre mim, vindo de uma moça que estava sentada pouco a minha frente, algumas mesas depois. Então percebo que estou sorrindo e com uma mão nos lábios, enquanto olho em sua direção. Me corrijo rapidamente, desviando o olhar e tomando um gole de cerveja. Isso realmente foi constrangedor.

Eu viro meu olhar pro sentido das minhas costas, e vejo no fim da rua Camila se aproximar de mim. Ela caminha em minha direção sem muita pressa, mas seu olhar não se perde do meu por sequer um segundo, durante todo o seu caminho. E algo em ver Camila vindo assim em minha direção aqueceu meu coração de uma forma muito boa, que eu não sentia há muito tempo.

-Mesa pra dois? -Camila pergunta, parando em pé ao meu lado. Ela me dá um leve sorriso que eu retribuo. Sem falar mais nada, Camila simplesmente me abraça, me segurando forte contra seu corpo. Devido a altura de minha cadeira, minha cabeça se encaixa perfeitamente abaixo de seu busto, e eu a enlaço pela cintura com meus braços, a deixando o mais perto de mim que era possível.

Eu fecho meus olhos e tento me concentrar no cheiro de Camila, para conseguir impedir que lágrimas traiçoeiras começassem a escapar de meus olhos. Camila acaricia minha cabeça enquanto continua me segurando em seu abraço. Até que eu me afasto dela e ela se senta na cadeira a minha frente.