Capítulo catorze: insegurança.

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Pov Lauren

Camila acabara de sair pelo portal, que sumiu pouco antes de Ally voltar com alguns medicamentos.

-Vou colocar alguns medicamentos no soro, vão ajudar com as dores e abaixar um pouco sua pressão, está muito alta. -Ally dizia enquanto preparava o catéter do soro. -O que foi? Não me diga que desenvolveu medo de agulhas. -Ela pergunta, nem sabia que cara eu estava fazendo, só lembro de estar pensando em Camila.

-Ally... Como eu sei que alguém está gostando de mim? -Pergunto, Ally ri antes de me responder.

-Bom, você realmente é muito ruim em perceber essas coisas.

-O que quer dizer?

-Não está óbvio?

-Se estivesse...

-Lauren, se você não sente isso vindo da pessoa, então talvez realmente não tenha nada. É algo que você não tem que fazer muito esforço pra perceber.

-Eu fui uma namorada muito ruim pra você? Seja sincera... Sabe, você foi a única pessoa que namorei...

-Lauren isso foi a muito tempo atrás, eu mal me lembro. Namoramos durante o que? Dois meses? -Ally pergunta.

-Eu só queria entender algumas coisas, sabe, sobre mim mesma... Não sei se faz sentido agora. -Eu falo.

-A gente pode ter essa conversa no bar, tomando uma gelada quando você tiver se recuperado!

-E se eu não sair dessa?

-Lauren, eu poderia te tranquilizar dizendo que todo o governo está se movendo para fazer algo sobre, junto com a Hammond que teme em perder sua mais famosa campeã dos jogos. Mas lhe dizer que Camila está cuidando disso, já é suficiente. Porque ela descobriria e traria a cura pra você, nem que fosse sozinha.

-Eu não tenho medo de morrer. Eu só queria ter feito algumas coisas antes.

-Então trate de fazer essas coisas assim que você se recuperar! E eu já volto! -Ally diz, saindo da sala novamente, me deixando sozinha em meus pensamentos.

Eu queria ter conseguido perguntar a Camila se ela sente algo a mais por mim, era só perguntar... Por que eu travei? Por que é tão difícil?

Eu tenho tanto medo da rejeição, que só consigo pensar: por que alguém como ela ficaria comigo? Ela pode ter tudo o que quer, quem ela quiser. A verdade é que eu sou uma pessoa extremamente insegura de mim mesma, e ninguém sabe disso. Eu já fui rejeitada antes, por uma pessoa que me dava todos os sinais possíveis. Talvez eu só tenha demorado demais, e quando fui fazer algo, já era tarde. Tenho medo de acontecer o mesmo com Camila, demorar demais e ela acabar perdendo o interesse em mim. Mas e se não houver nenhum interesse a mais? E se tudo que ela sente não passa de uma amizade? Aí eu perco a pessoa com quem mais me importo na vida? Duvido que ela ainda seria minha amiga depois que descobrisse dos meus sentimentos. E Camila... Ela também está tão bem sozinha, e se ela não quiser nada sério? Eu consigo vê-la com outras pessoas sem demonstrar ciúmes?

São tantas perguntas e nenhuma resposta, e essas respostas deveriam vir de mim mesma.

Sem contar a quantidade de traumas que tenho, depois do que Forge fez comigo... Eu passei por muita terapia, e ainda assim tenho sequelas. Fora que o público ainda lembra até hoje, embora que com menos frequência... 

Estou eu tentando me justificar? Talvez. Há muitas coisas que me arrependo de ter deixado de fazer, e me abrir pra Camila é uma delas.

Sou acordada de minhas reflexões pelo barulho da porta abrindo.

-Olá. -Diz um homem de aparência estranha entrando lentamente. Ele era bem alto e pálido, com estranhos cabelos azuis pro alto. -Posso entrar?

-Ahm... Quem é você? -Pergunto, me ajeitando na cama.

-Ah, sou Jaime. Camila me enviou para checar como você está... E também lhe apresentar aos seguranças que ficarão na sua guarda. -Ele diz, animado.

-Ah, ela já te mencionou algumas vezes. -Eu digo, me recordando.

-Ela também me fala muito de você! É um prazer conhecê-la pessoalmente. -Ele diz apertando minha mão em um balanço gentil.

-Igualmente! -Eu digo.

-Sabe, não é como se ela precisasse falar muito também... Sou um grande fã seu! -Ele diz, eu solto uma risada baixa.

-Ela te paga pra ser um bom bajulador?

-É sério! -Ele ri- Eu fiquei bem chateado e tenso na época que vocês se conheceram, Camila sempre me falava o quanto ela te odiava, imagina meu medo de contar pra ela que eu era um fã? -Ele diz, eu não consigo evitar rir. Jaime parecia ser um cara legal.

-Como vocês se conheceram mesmo?

-Um dia Camila me salvou de um grupo de bandidos. Ela deu uma surra em quatro marmanjos. Eu fiquei extasiado de ver algo assim ao vivo, só tinha visto lutas desse tipo em filmes e em jogos. O que mais me intrigou foi seu equipamento, e logo pensei que ela poderia ser uma lenda dos jogos Apex, uma candidata. Como ela salvou minha vida, ofereci meu trabalho em troca, e tenho aprimorado seu equipamento com tecnologia de ponta desde então. Tento ser o mais útil que consigo, fazendo tudo o que ela manda. Ela resistiu no começo, disse que não se sentiria bem tendo alguém que dedicasse sua vida desse jeito à ela, mas quando ela entendeu a minha história, viu que estaria me fazendo um favor. E convenhamos, Camila leva jeito pra comandar de qualquer forma... Eu costumava seguir um homem, cujo qual eu chamava de pai, cegamente. Ele me ensinou tudo que sei. Até que ele viu que eu não era de muito mais uso, e me descartou como um robô quebrado. Minha vida perdeu o sentido depois daquilo, ficar em garagens tentando desenvolver qualquer coisa que fizesse alguém se interessar por meus serviços. Fico feliz que Camila apareceu em minha vida... -Ele diz, ficando em silêncio por um tempo, com um ar nostálgico e um sorriso leve no rosto. O amor que ele sentia por Camila era sincero e puro. -Enfim, desculpe. Acho que falei demais.

-Não... Eu acho interessante essas coisas. Caminhos que parecem que foram feitos pra se cruzar.

-Aliás, quando foi que vocês começaram à se dar bem? Eu realmente perdi o ponto da transição. Em um dia ela te xingava, e de repente no outro ela dizia que você era a pessoa mais gentil que ela conheceu! Cheguei a considerar uma bipolaridade.

-Bom saber que ela ficava me xingando por aí.

-Ah, droga. Eu e minha boca. -Ele disse e nós rimos.

-Eu também não sei ao certo, quando comecei a confiar e me preocupar tanto com Camila... Eu normalmente não faço isso por qualquer pessoa.

-Ela também não... Camila é osso duro de roer, aquele coraçãozinho dela é de pedra. Nunca a vi baixar a guarda pra ninguém antes. E agora parece que ela se desarmou por completo por sua causa.

-Isso é ruim?

-Depende... Se você planeja quebrar aquele coraçãozinho em pedaços, então sim. Eu serei obrigado à te odiar e vir tentar te matar, e você vai acabar me matando, então a história vai terminar meio trágica. -Algo na entonação de Jaime conseguia trazer um alívio cômico perfeito à tudo que ele dizia.

-Eu nunca faria isso... Mesmo se um dia ela me desse o coração dela.

-Você sabe que se você demorar demais pra perceber que algo já é seu, você acaba perdendo, né? -Ele diz, eu fico em silêncio por alguns segundos.

-Não tenho certeza se entendo sua intenção vindo aqui. -Fecho o semblante, me mostrando desconfortável. E nem sei porque, estava tão bom me abrir com Jaime, falar sobre Camila, eu queria continuar. Mas algo simplesmente me bloqueava.

-Me desculpe, não foi a intenção te ofender... Bom, eu já vou indo, e novamente, foi um prazer te conhecer. Qualquer coisa que precisar, estarei a disposição. -Ele diz, fazendo um sinal de continência antes de se retirar da sala.

-Também foi... bom te conhecer. -Eu digo baixo, depois que ele já tinha saído. Me arrependendo por ter cortado a nossa conversa, ainda mais por ele ser alguém com quem Camila se importava muito.

Treasures of Blood (CAMREN/APEX LEGENDS)Onde histórias criam vida. Descubra agora