Capítulo 22

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- Você e a Daya saem para bastantes encontros, né? 

O dia de domingo usual é composto por uma fraca tentativa de recuperar o folego para o resto da semana. Sentia-me menos preparado hoje e, quem sabe, um pouco humilhado. Yuri me fez de otário na nossa última aposta. Estava claro como o dia que ele corria recorrentemente e não era dos tipos de corridas que eu e Enzo compartilhávamos. Aquele cara não deveria ser tão atlético!  

O que me restava agora era a fina linha de orgulho que me aconselhava a dar o meu melhor nesse encontro. Mesmo não cedendo, Yuri tinha razão. Eu nunca - propositalmente - planejei um encontro. Em alguma parte da minha cabeça guardava a informação de que as mulheres achavam isso uma grande coisa ou algo assim. Pelo visto, até os homens. Pode ser algo cultural que imbricava importância nisso que eu não estou incluído. Não me interessava de forma alguma. Mas agora eu tinha que fazer parte desse movimento insignificante que era definido como "encontro". 

O plano, mesmo que não formulado em detalhes, era mostrar para Yuri que eu sou capaz de faze-lo se sentir incrível num encontro. Eu só tinha que pensar como agradá-lo. O problema era que não sei bem como fazer isso. O cara tinha gostos muito refinados e esse mundo era desconhecido para mim. 

- Sim. Se contar cada coisa que fazemos juntos como um encontro. Ela ama fazer piquenique. Então, cada um é um...- Enzo falava com tranquilidade até tropeçar em suas palavras e franzir a testa em minha direção.  - Por que? Pretende levar alguém em um encontro?

- Sim. 

Enzo arregala os olhos e para abruptamente como se uma força força invisível houve intervido. Não me preocupo com a sua reação, tomo um gole da minha água e admiro o parque parcialmente cheio a nossa volta. Dia de domingo de manhã era reservado para os passeios com os cachorros e com as crianças, que tinham a mesma energia de um cachorro de qualquer forma. Muitas delas passavam ali pulando ou jogando bola, tal qual os quadrúpedes. 

- Quem é? - Antes de me deixar falar, continua. - Pera, é aquela mina que você cismou? A que não queria sair com você ou algo assim? 

- Isso mesmo. -Murmuro. 

- Ela aceitou sair, então? Você é insistente, né. Coitada. - Enzo ri com seu própria comentário. 

- Enfim, eu só queria fazer algo legal, mas não faço ideia do quê. - Admito, tenho um pouco de fé nele. Não era possível que Enzo não tinha ideia acerca de encontros. Os anos namorando tinha que lhe dar algum retorno! - Me diz alguma coisa. Como você fez no primeiro encontro de vocês?

Enzo cruza os braços, seus olhos voltando-se para o horizonte. 

- Quer a real? Não me lembro. Você sabe que a gente ficou por muito tempo. Saíamos e era isso. Combinávamos o que nós dois achávamos maneiro. Porque você não pergunta a ela o que ela gosta e para de tentar impressionar? O simples é sempre a melhor opção.

- O simples é sempre a melhor opção. - Repito, gostando do conceito daquela frase. 

- Você não vai mesmo me dizer quem é essa mulher? Sério, estou curioso! Qual foi, me diz aí. - Dando um tapa na minha nuca, Enzo levanta as sobrancelhas repetidamente. 

- Você não conhece...

- Me mostra a foto. Que mistério é esse? Por acaso é alguma ex minha? - Longe de espantado, ele parecia achar graça na ideia. 

- Você não é o centro do mundo. - Digo, retornando a andar, mas com a minha frente para Enzo. - Além do mais, eu já peguei a sua ex. Ela me disse que sou muito melhor que você. 

Beije-me como se eu fosse seuOnde histórias criam vida. Descubra agora