Assim que abri os olhos, os acontecimentos da noite passada me atormentam. Checo que Yuri não estava mais na cama, então me dou mais tempo para encarar o teto e ser sugado pela vergonha. Não acredito que realmente sentei no colo de Yuri nu. Sinto-me arrepiar medonhamente só de rememorar essa parte. Ainda parecia inacreditável que um cara me fez gozar. Tocou o meu pau.
Resmungo incrédulo contra o travesseiro.
O pior de tudo era que eu não estava com nojo ou coisa qualquer. Só me sentia esquisito sobre tudo isso. Talvez esse termo não fosse o suficiente para explicar as sensações que abatiam o meu corpo.
Poderia ter sido pior, certo?
Não posso me deixar abater. Eu tinha um plano comportamental para o dia de hoje.
Ainda sem estar pronto para olhar na cara de Yuri, levo um bom tempo para tomar banho. Tentei criar um espírito antagonista dentro de mim. Não precisava de muito esforço para ser um babaca, às vezes. Sendo assim, preciso maneirar nas decisões que eu vou tomar daqui em diante. Não queria ser um imbecil total, mas também não queria ser um boneco de fácil manipulação. Era necessário encontrar um meio termo. Yuri não iria me desarmar.
Com minha cabeça a mil e um plano mal formulado, desço as escadas como se estivesse indo para o campo de batalha. Yuri estava sentado no sofá, um livro na mão e com toda a aparência de um homem que não tem um único problema na vida.
- Bom dia. - Digo, indo em direção a cozinha para ver se achava alguma coisa para comer.
- Bom dia, dormiu bem? - Em um piscar de olhos, Yuri já estava a poucos passos de distância de mim.
Ele transpirava bom humor, o que não era de todo ruim.
- Muito bem e você? - Eliminando a distância entre nós, Yuri envolve um de seus braços em minha volta. O seu cheiro era tudo o que eu podia sentir, além do contato tórrido com o seu corpo.
Depois de ter essa cara pelado perto de mim, essa aproximação era básica.
- Também. - Murmura com um sorriso fechado.
- Você parece estar feliz. - Era meio que contagiante. Toco sua camisa branca, sentindo-me brevemente confuso.
Esse Yuri era a versão que eu esperava receber quando dormi na casa dele. Parece que, no fim das contas, eu o recebi.
Eu devia estar parcamente acostumado com ele, ainda mais depois de ontem, pois quando Yuri me puxa contra si, sua mão gentilmente repousando na minha nuca e se inclinando para beijar a minha testa, minha reação foi apenas fechar os olhos indolentemente.
- Eu estou. - Diz suavemente com seus lábios ainda na minha testa. Antes de se afastar, beija-me mais uma vez. - Você deve estar com fome. Vamos tomar café da manhã.
Yuri entrelaça os nossos dedos, guiando-me para fora.
Logicamente, eu estava com reservas sobre esse cara. No entanto, conforme ele agia como se o mundo fosse perfeito, eu ia cedendo um pouco. A noite de ontem me deixou no limite e parte de mim ainda tentava lidar com o que escutei de Lucca.
Yuri nos levou para um restaurante local próximo à praia. O lugar não estava cheio, então sentamos na parte de fora, admirando a paisagem.
- Você gosta muito de praia, né? Mora perto de uma e esse é nosso segundo encontro em uma. - Digo, distraído colocando geleia na torrada.
- Acho que isso advém dos meus pais. Sempre que tinham chances, estávamos visitando alguma praia nova. Seja no Rio ou não. Lembro que na maioria das nossas viagens, o destino era um lugar que havia praia. O casamento deles foi na praia e as bodas também. - O vento da manhã passa por nós, trazendo o cheiro da maresia e esfregando seus dedos invisíveis pelos cabelos de Yuri, que os seguem ansiosos. Yuri sorri saudosamente, como se as palavras o levassem de volta ao passado.
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Beije-me como se eu fosse seu
RomanceMarcus Henrique teve uma ideia genial! Por que não tentar seduzir o seu chefe para conseguir ser efetivado na empresa em que assinou um contrato temporário? Acostumado a não temer e desafiar os limiares da vida, o jovem rapaz entra em uma briga com...