Capítulo 35

1.1K 128 202
                                    

Meu primeiro pensamento quando acordei, vendo Yuri na cadeira ao lado concentrado em seu celular, foi "Foda-se Leandro". 

Sem querer, eu interrompi o encontro deles e isso me deixava radiante. Minha cabeça quase foi embora no processo, ainda assim, tudo aconteceu por um motivo. Yuri estava tão distraído, questiono-me se ele ao menos dormiu. O sentimento de vitória se esfarela muito rápido diante do entendimento de que Yuri passou a noite toda comigo. Nessa cadeira que parecia antagônica a palavra conforto. Ele não precisava, mas ficou. 

Algo muito próximo a culpa perpassa pela minha pele, mas eu finjo que não a sentia. Olhando-o do outro lado, queria poder tocar seu cabelo ou a sua mão do modo que ele fez algumas horas atrás. 

Yuri levanta os olhos, encontrando os meus.

- Você acordou. Como está se sentindo? - Levantando-se, ele se aproxima da minha cama e eu faço exatamente o que pensei segundos antes, segurando a sua mão na minha. 

- Consigo raciocinar, então acho que estou bem. - Toco os seus dedos, sentindo-os contra os meus, verificando que eu podia absorver a textura de sua pele macia. 

- Isso é bom. Vou chamar a enfermeira. Disseram que você faria alguns exames hoje e poderia ser liberado mais tarde. - Yuri não afasta sua mão, apenas me deixa movê-la como eu queria. - Eu preciso ir trabalhar, Henrique. - Diz suavemente, como se estivesse falando com uma criança. Eu só podia estar sob efeito da droga que me deram porque eu não me importaria se ele falasse assim comigo de vez em sempre. 

- Eu sei. - Murmuro quase desfalecendo quando sinto sua mão livre toca a minha testa, seu dedo fazendo uma carícia delicada na área. 

Por que era tão bom? 

- Você quer que eu ligue para sua vizinha ou o seu amigo Enzo? Alguém precisa saber que você está aqui. 

Abro os meus olhos para encontrar os dele. Yuri parecia cansado, havia uma sombra escura sob seus olhos e, ainda assim, ele não estava repugnante. Passar algumas horas com Flavia me fez perceber que esse lance de sentir atração por Yuri é insano. Agora eu precisava explorar isso até que sumisse e eu pudesse voltar a curtir outras pessoas. No momento, era óbvio que eu só queria Yuri. O que é um absurdo enorme para mim! Mas era melhor aceitar que eu carrego esse carma do que lutar contra ele. Seria como da vez que eu fiquei obcecado por Gabriella no segundo ano da faculdade. Ela era uma veterana de Letras e, após duas ficadas, eu achei que estava apaixonado. Não durou mais que seis meses, mas foram semanas intensas de muito sexo. 

Eu só tinha que recuperar na minha memória algo parecido, encontrar o padrão de comportamento e supera-lo. A resposta era simples: eu precisava apenas transar com ele até sentir que meu interesse fizesse suas malas e participe para a próxima. 

- Eu ligo. Bianca será melhor, Enzo vai fazer muito drama por ter que entrar aqui. - Enzo era a última pessoa que eu poderia contar quando se tratava de hospitais. Ele era tão frouxo que dava pena. O cara daquele tamanho com medo de agulhas e sangue. Se eu ligasse para ele, provavelmente, Daya teria que vir no seu lugar. Ela era certamente a alfa daquela relação. Mas, por outro lado, Daya iria me dar um sermão de oito dias e sete noites e eu não estava afim disso. Bianca era a melhor opção. No máximo, me olharia com reprovação e me criticaria quando eu estivesse melhor. 

- Eu preciso ir. - Murmura, seus dedos descendo para o meu rosto e eu fecho os meus olhos de novo, sentindo o seu toque contra a área em que havia as sardas. Eu poderia ficar aqui com suas mãos sobre mim o dia inteiro. - Dói? - Yuri leva os seus dedos até o meu queixo onde havia um pequeno desconforto por causa do soco daquele idiota. 

- Um pouco. Ele é um frango. - Murmuro sob um suspiro quando seus dedos passam pelos meus lábios. 

Antes que ele pudesse me responder, a porta se abre. Yuri retribui o comprimento da enfermeira e eu a ignoro por alguns segundos com uma significativa implicância por ela se intrometer entre nós. 

Beije-me como se eu fosse seuOnde histórias criam vida. Descubra agora