Capítulo 37

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A semana praticamente se arrastou com apenas dois dias separando a sexta de mim. Geralmente, eu sou paciente, mas já faz um tempo que eu não me sinto estimulado para realizar algo. Dentro dessa bolha de fixação que eu me encontro, preparei tudo para sexta. Até mesmo limpei a casa e troquei os lençóis da cama. Eu estava mais que pronto. 

Yuri me checou, por meio de mensagens, conforme os dias foram passando, sem estender qualquer conversa. Ele podia tentar fugir agora porque, depois, não terá muita saída. 

Na manhã de sexta, eu lhe enviei uma mensagem o lembrando de seu compromisso comigo. Só aceitaria o cancelamento se alguém de sua família estivesse morrendo, tirando isso, não tem qualquer motivo que me convença além de covardia. 

MarcusHenrique: Às sete na minha casa. Vou te passar o endereço caso esqueça o caminho. 

Sentia que seria um bom dia. Pelo menos, seria se tudo o que eu quisesse acontecesse. Quer saber, a perspectiva de conhecer algo novo me deixava ansioso. Antes, a minha experiência se resumia a mulheres e uma única boca masculina que beijei bebo alguns anos atrás. A partir de Yuri, eu serei um homem com o dobro do que já vivi. Não terei mais limitações corporais. O que vier é lucro! 

Isso não é o máximo?

Hipoteticamente falando, é claro. Não sei se vou me atrair tão facilmente por outros homens. Talvez eu fosse demissexual para o gênero masculino! Isso existia? Enfim, que seja. Não ligo o suficiente para me importar. Só preciso tirar Yuri do meu sistema. Essa paixonite de merda está ferrando com meu cérebro que eu suspeito já não ser lá essas coisas. 

YuriMontri: Terei que passar em casa antes, não vou chegar às sete em ponto. 

Franzo a testa, inconformado com sua réplica. 

MarcusHenrique: Sem chances! Se precisar tomar banho, eu tenho chuveiro! Roupas? Eu tenho! Ah, comprei cuecas, pode ficar com uma! Você tem que ir direto para o meu apartamento! Sem negociações!

Parecia desesperado? Porque eu estou! Já basta ele ter visto Leandro antes de sair de casa, se voltasse para lá e dissesse aonde vai, eu duvido que o guru da inteligência emocional vai aceitar rindo. Tecnicamente, ele é tipo o corno da situação. 

YuriMontri: Como dizer não se você está sendo tão benevolente?

Suspiro, aliviado. 

- Tudo bem, aí? - Patrick para em frente a minha mesa com sua caneca na mão. 

Não é que eu repare demais nele, mas era visível que Patrick não tinha afeto por qualquer outra cor que não fosse preta. Hoje ele trajava botas pretas, calças jeans escuras e uma blusa de manga curta, adivinhe só, preta! Enquanto ele portava seu estilo emo-gótico, o seu namorado era o completo oposto. Eu seguia Lucca nas redes sociais e ele amava blusas coloridas. Inclusive, em uma das inúmeras fotos desinteressantes que ele posta nos stories, vestia uma blusa laranja de tonalidade tão forte que me deu dor de cabeça em apenas olhar. 

Eles eram meio que o oposto um do outro, mas davam certo.

- Tudo. Você não acha que, se eu desse em cima do seu namorado, ele te trairia comigo? - Queria apenas tirar uma com ele, sem nenhum interesse real em Lucca. 

Até porque, se eu tenho um tipo, obviamente não é aquele garoto. Também não poderia ser Patrick. Preferia alguém com mais ou menos seus trinta anos, olhos verdes, cabelos escuros que batiam próximo ao queixo, esse que compunha uma mandíbula definida...

- A pergunta correta é: você acha que Lucca me trocaria por você? Realmente? - Patrick toma um gole de seja lá o que havia naquele copo. 

Pelo jeito, ele acordou com certo humor. 

Beije-me como se eu fosse seuOnde histórias criam vida. Descubra agora