Folheio pela sétima vez a 2ª edição do livro País do Fogo: A História de Konoha. O objeto cheirava a velho com suas páginas todas amareladas possuindo tons de marrom nas bordas. Andando em círculos novamente, imagino entediada, escorada em uma das diversas estantes cheias do local.
Acendemos velas antigas pousadas em candelabros nas paredes para iluminar o grande edifício de madeira, sendo visível um segundo andar pelo mezanino aberto de ponta a ponta. A sala em si tinha cheiro de conservada, como se apenas fantasmas pisassem aqui, além de não limparem nunca.
A 'Biblioteca Silenciosa' como é conhecida, é a maior biblioteca de todos os países, onde se armazena documentos confidenciais sobre os maiores clãs e ninjas que já viveram no mundo todo. Recebeu esse nome porque apenas o alto escalão de todas as capitais podem acessá-la. Mas com ajuda de Madara, conseguimos nos adentrar nela usando o Sharingan nos guardas para não deixarmos rastros.
Fecho o livro de capa vermelha em um suspiro, quando olho para cima e vejo a figura de Madara sentado ao lado de duas pilhas enquanto lia um pergaminho relaxado. Suas olheiras escuras eram mais que visíveis, enquanto cabelo fazia contraste com seus olhos que refletiam na vela ao seu lado. O som do meu caminhar corta o silêncio da madrugada, levando o indicador pelos milhares de exemplares confidenciais e subo as escadas indo em direção ao que me importava. Me ajeito no parapeito de madeira querendo chamar sua atenção sem sucesso, enquanto permanecia na poltrona concentrado.
- Onde achou aquele arquivo? - Cruzo os braços e franzo o cenho, observando o pedaço de seu peitoral exposto pelo quimono.
- Não faça perguntas que você não precisa de respostas. - Diz olhando para mim sem levantar a cabeça e voltando para o arquivo novamente.
Sabia que ele estava escondendo algo de mim, não sabia dizer o porquê dessa sensação, já que o mesmo era ótimo em mascarar mentiras. Mas eu desconfiava.
- Tem alguma coisa a ver com o incêndio? - Cerro meus olhos esverdeados louca para saber a resposta.
Ele se remexe na cadeira insinuando que eu o estava incomodando, indo de encontro com meus olhos e contraindo o maxilar como se quisesse dizer mil e uma coisas mas se segurasse, logo, não saindo nada de sua boca.
- Foi o que eu imaginei. - Assinto em desapontamento, a raiva crescendo ainda mais. Não era possível que aquele estardalhaço todo fora por causa de um documento. - Nunca passou pela sua cabeça que diversas vidas inocentes valem mais do que uma informação que poderíamos ter descoberto de outra forma!? - Digo com o tom de voz alto, indignada.
Ele me olhava com seriedade claramente tentando formular uma resposta condizente. Apoiando o pergaminho na pilha e deitando sua cabeça na mão com uma expressão cansada.
- Aquela vila matou seu pai quando você era criança, apenas porque achavam que seu clã era uma ameaça. Eles fizeram experimentos nele para depois... - Madara faz uma pausa percebendo meu rosto confuso e atordoado ao mesmo tempo. - Ninguém se desculpou ou se sentiu culpado pelo mal-entendido, então eu apenas fiz o meu trabalho.
Eu gelei tentando entender se o que ouvi era verdade, mas ele não vacilou, continuava me encarando, até minha respiração começar a acelerar. Eu não esperava por isso, não era essa a resposta que eu tanto almejava. Eu tenho mínimas lembranças do rosto do meu pai, mas eu lembro que tinha um apego muito grande a ele, era o meu herói até uma certa idade quando achei que o mesmo tinha me abanado de propósito. Como? Onde? Eu estava confusa, as perguntas não sabiam direito como serem formuladas, aquilo me pegou de surpresa e eu não sabia como reagir. "Meu pai não me não me abandonou, ele foi assassinado." Era o que ecoava na minha cabeça incansavelmente.
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Por detrás das paredes
Hayran KurguMatsuda Airi, uma jovem Jounin que trabalha na Fundação Anbu desde que se conhece por gente, tendo muitas vezes que andar ao lado de Danzõ por ter habilidades sensitivas fora do comum. A mesma pertence ao clã Matsuda - clã esse esquecido durante an...