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Eu estava em choque, não conseguia dizer nada, apenas lágrimas indesejadas caíam sem minha permissão...

— A gatinha está triste? — disse Dabi, num tom debochado.

POV Dabi

Achei que ela fosse chorar, querer me abraçar, sei lá, surtar. Mas ela simplesmente começou a gritar.

— SEU TROUXA! TU SABE O QUE FEZ A MAMÃE PASSAR? AS CRIANÇAS? OU ATÉ EU? TU TEM MERDA NA CABEÇA? A MAMÃE TENTOU SE MATAR POR TUA CAUSA E VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE APARECER E FALAR COMIGO? TU TEM NOÇÃO DA MERDA QUE VOCÊ FEZ? — Mary gritava.

— Perfeito, essa era minha intenção — respondi.

Vi ódio e nojo estampados no rosto dela.

— Você não presta, sai da minha frente! — ela disse.

Não fiz o que ela falou, então vi os cabelos dela começarem a ficar laranja e flutuar.

— Que porra é essa? — perguntei.

— EU MANDEI SAIR! — gritou Mary.

Para a situação ficar mais estranha, fui arremessado contra a parede, ela explodiu a porta. Caralho, essa é nova para mim.

— Não chegue perto da minha família — ameaçou Mary.

— Até onde eu sei, eles são minha família e não tua.

— Espero que tenha entendido. Da próxima vez, eu te mato — disse ela e foi embora.

Bem, estou ansioso pelo nosso próximo encontro...

POV Mary

Não sei o que estou sentindo. Imagine que seu irmão morre e volta anos depois como um vilão. É essa a sensação. Estou extremamente brava.

Fui para a escola. Hoje tem aulas extras. Vou matar tempo no banheiro, não quero ir para casa. Não sei o que fazer ou se conto para as crianças e para o papai. Não! Foram anos sem ele, agora não vai fazer falta. Dá para fingir que nada aconteceu, dá para continuar como estava...

Cheguei da escola. As crianças estavam no curso de tecnologia e chegam às 18:40. Desliguei meu celular, não queria responder as mensagens da Hado e do Tamaki.

Organizei a casa e lavei a louça. As crianças arrumaram cada uma suas camas e suas partes do nosso acordo. Sentei no sofá para assistir TV, mas não consegui prestar atenção em nada. Será que é mesmo o Toya? Não, acho que não. Deve ser um lunático. Toya não faria isso...

19:30

As crianças já chegaram e tomaram banho. Estávamos decidindo o que comer. Decidimos que seria pizza e já fiz o pedido faz um tempinho.

— Quem vai atender? — perguntei.

— Você, ué — respondeu Shoto.

— Teu zóio! Eu trabalho, estudo e cuido de três seres difíceis. Já faço demais.

— Vai Netsou, tua vez — disse Fuyumi.

— Ahhhhh, por que eu? — reclamou Netsou.

— Vai reclamar?

Ele apenas me olhou com uma careta e foi esperar a pizza na porta.

**Toc toc toc**

— Já vai! — gritou Netsou, abrindo a porta e pagando a pizza.

POV Dabi

— Por gentileza, posso falar com a responsável pela casa?

— Qual seria o motivo? — perguntou Netsou.

— Seria sobre o último pagamento no cartão que fizeram há um mês.

— Ah, espera um minuto. MARY, O TIO DA ENTREGA TÁ TE CHAMANDO AQUI! — gritou ele. — Ela já vem, moço.

— Oi, o que seria? — perguntou Mary, olhando para mim. Antes que dissesse algo, puxei a porta ficando só eu e ela fora do apartamento. — PQP, EU NÃO—

Cobri a boca dela.

— Cala a boca, caralho.

Ela me olhou com cara feia. Ia dar as costas para mim, mas eu segurei.

— Porra! Acha que eu viria aqui sem motivo? (Já até vim.) Você é o foco da Liga dos Vilões. Só vim te dizer isso. Não quero que — abaixei minha cabeça até a altura dela — matem minha irmãzinha.

— Vá se foder e sai do meu apartamento e não volta — disse Mary, me dando as costas. Antes dela fechar a porta, coloquei o pé.

— Vou te esperar no terraço — disse, tirando o pé. Ela fechou a porta. Fui para o terraço e esperei por vinte minutos. Achei que ela não apareceria.

— Me diz, o que você quer? — perguntou Mary, finalmente aparecendo.

— Como eu disse, não quero nada, mas estão atrás de você. Porra, eu não costumo ser legal ou ter pena, mas essas crianças já são fundidas psicologicamente. Imagina se perdessem você. Iam ter que sofrer na mão do puto de novo.

Ela não disse nada, apenas encarava meus olhos. Logo vi lágrimas saindo dos seus lindos olhos verdes.

— Por que se tornou alguém ruim? Você tinha todo potencial para ser feliz ao nosso lado — disse Mary, abaixando a cabeça e limpando as lágrimas.

Aproximei-me e segurei seu rosto, fazendo-a me encarar novamente.

— Não é tão simples, sabe. Talvez, lá no fundo, eu quisesse ser alguém bom... Mas essa parte de mim morreu. Vou apenas cumprir meu objetivo, depois não vejo mais motivos para continuar.

— E qual seu objetivo? Matar o Endeavor? Por tentar te transformar num herói?

— Você sabe tudo que ele faz e fazia. Não tenta limpar a barra dele. Bem, mas como não tenho muito entretenimento, decidi te ajudar. Mas tem um preço.

— Me ajudar como? E que preço?

— Se você soubesse o tanto de gente atrás de você... Mandou metade da tokyomanj para a cadeia. Eles querem sua cabeça. E sem falar que você é um obstáculo para muita gente chegar ao All Might. Então, querem te tirar da reta. Como sou um ser não tão ruim, vou ajudar.

Ela me encarava sem falar nada.

— Vou ser seu informante, mas o preço por informação é um beijo a cada informação — disse eu.

— Tá fumando? Eu, hein, cara. Não vou te beijar — respondeu Mary.

— Qual é, um selinho não dá nada.

— Dá sim, deixa de ser carente. Se for esse teu preço, não aceito. Obrigada.

Ela virou as costas e desceu. Fui atrás, mas ela sumiu.

POV Mary

Ele é louco? Nunca beijei ninguém e ele não vai ser o primeiro. Ele só quer se aproveitar. Tenho que lembrar que ele não é mais o meu Toya, ele é alguém ruim que mata pessoas inocentes. Cheguei no apartamento de novo, tranquei a porta. O pessoal já jantou, lavou a louça e foram dormir. Fui para o meu quarto e lá tinha um recado escrito na janela:

"Querendo se fazer de difícil, né gata? Ok, gosto do seu joguinho. Vou te ajudar, mas agora sem nada em troca. Vou considerar sua ajuda na infância."

Que idiota, meu senhor. Apenas fui dormir e ignorei que ele deixou um número para entrar em contato.

você ainda é meu toya?Onde histórias criam vida. Descubra agora