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Mary POV

Eu olhei para Dabi, confusa e desafiadora:

— Não era você o durão sem sentimentos?

Ele me encarou com uma expressão séria, mas seus olhos mostravam um leve brilho.

— Eu não tenho sentimentos — ele começou. — Quer dizer, eu não tenho medo nem amor, que são os básicos do ser humano. Mas por você, eu tenho consideração por tudo que fez quando éramos pequenos. Não estou te ajudando porque gosto de você, só estou pagando uma dívida. Além disso, não tenho nada de bom para fazer e você me distrai.

Que idiota.

— Ok, agora vaza, eu tenho que trabalhar — respondi, virando as costas.

— Você tá toda ferrada e vai trabalhar? — ele retrucou, com uma sobrancelha arqueada.

— Sim, tenho crianças para sustentar. Não vou fazer nada demais, só avaliar e arquivar casos da delegacia, aqui mesmo sentadinha, pelo meu notebook.

Dabi soltou um suspiro.

— Misericórdia, você vai ficar velha logo.

Olhei para ele com cara feia e apontei para a janela.

— Expulsando o amor da sua vida — ele disse, com um sorriso debochado. — Vou lembrar disso pelo resto da vida.

— Vai dormir — respondi, impaciente.

— Só se for com você.

Eu ri das idiotices que ele falava, vendo-o sair pela janela.

Uma Semana Depois

Eu já estava quase 100% recuperada, e já tinha tido alta. Só precisava tomar alguns remédios. Eram exatamente 16:30 da tarde, os meninos tinham saído, e só eu e Yumi estávamos em casa. Eu estava passando o aspirador pela casa quando ouvi um choro baixo. Fui ver o que tinha acontecido.

— Hey, Yumi, você tá bem? — perguntei, preocupada.

Ela não me respondeu, apenas abraçou um porta-retratos que reconheci imediatamente.

— Você não sente falta dele? — Fuyumi perguntou, com a voz embargada.

Eu não percebi o quão egoísta fui. Eu sabia o quanto era doloroso e agora não sentia mais essa dor, mas eles sim.

— Ah, Yumi, isso é complicado. Eu sentia muita falta dele até pouco tempo atrás.

— E o que fez passar? — ela perguntou, curiosa.

— Você quer que eu seja sincera? Eu não sei. Vinha tomando remédios que acabam me fazendo ter talvez alucinações. Eu não sei, talvez em alguma dessas tenha visto ele — falei em tom de brincadeira, e a Fuyumi deu uma risadinha

Ajudei-a a se acalmar e ela chorou até dormir. Eu precisava falar com Dabi sobre isso.

....

Agora eram exatamente 00:40 e fazia 5 graus. Eu estava sentada na minha janela, com um pijama consideravelmente curto. Não estava com frio; na verdade, estava tão perdida que nem sabia dizer o que sentia.

 Não estava com frio; na verdade, estava tão perdida que nem sabia dizer o que sentia

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Até que senti uma mão gelada encostando no meu joelho. Olhei para o lado e vi Dabi.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei, surpresa.

Ele não respondeu, apenas me puxou para dentro do meu quarto, fechou a janela, pegou minha coberta e tocou na minha cabeça antes de ligar o aquecedor.

— Você é louca? Olha o frio que tá fazendo, você quer ficar doente?

— Não.

— Óbvio que não.

— Dabi, por que você vem falar justamente comigo? Não com Shoto, Natsuo ou Fuyumi?

— Ah, sei lá, você foi a mais fácil e por que essas perguntas agora?

— Sério? Sei lá, fiquei curiosa...

Ele não disse nada.

— Não temos que contar para eles? Eles ainda sentem saudades de você.

— Eles têm saudades do Toya...

— Você ainda é o Toya, em algum lugar aí dentro o Toya ainda vive.

— Não se iluda — ele disse, sentando na cama ao meu lado. Ofereci a coberta e ele aceitou, ficando cada um em um canto.

— Por que não conta a eles? Eu não consigo esconder mais...

— Como vou fazer isso? Vou bater na porta e falar "Hey, Natsuo, Shoto e Fuyumi, lembram do irmão morto de vocês? Então, não morri, tô aqui bem vivo". Não vai rolar.

— Seja mais criativo...

...

Nem reparei, mas ele já estava do meu lado. Estávamos escorados na parede, conversando sobre os problemas do dia a dia.

— Eu tava pronta e sempre estive pronta para ajudar os outros, esse é meu propósito. Mas agora eu simplesmente não pareço estar ajudando ninguém. Estou mentindo para meus irmãos e acobertando um assassino.

— Qualé, você é boa no que faz. Você quase morreu por alguém que nem sabia quem seria, você é admirável. E esse assassino é agente duplo — ele disse, fazendo o sinal de paz e amor e sorrindo.

— Seu sorriso é lindo — disse, encarando ele .

Não deu nem tempo de pensar,ele me deu um selinho, logo empurrei ele para longe

— vc tá louco?

Ele deu de ombros...

Estávamos apenas um do lado do outro. Eu mal conseguia manter os olhos abertos, mas não podia dormir, Dabi ainda estava ali. Por mais que eu sentisse que podia confiar nele, eu sabia que podia ser uma cilada.

Dabi POV

Olhei para ela e vi que estava babando.

— Besta.

Ajeitei-a na cama e ia sair, mas ela estava segurando minha mão.

— Fica aqui comigo — ela disse, dormindo.

— Se eu ficar, a gatinha aí não vai gostar do que vai ver de manhã.

Ela continuou segurando minha mão, então deitei ao lado dela, só até ela soltar minha mão. Mas acabei caindo no sono abraçado com ela. O cheiro do cabelo dela, com aroma de shampoo de bebê, suas mãos macias, seus lábios tão atraentes. Tudo nela me atrai. Eu sou completamente apaixonado por ela. Que merda...

você ainda é meu toya?Onde histórias criam vida. Descubra agora