CAPÍTULO 66

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Quinta
02:40hrs

Sara

eu tava literalmente cansada, o mesmo cara tinha vindo aqui ontem a noite ainda para perguntar se eu sabia de algo, nisso uma mulher que eu nunca vi veio e fez as mesmas perguntas , como se eu soubesse de algum caralho desse.

eu só queria sair desse inferno e viver minha vida em paz, mas parecia que cada segundo que passava algo de ruim acontecia.

- eu acharia melhor você dizer, ou eu vou te machucar mais -falou desferindo um tapa na minha cara- sua vagabunda, tinha que ser mulher daquele inútil mesmo

Vitinho: qual foi po, para de bater nela aí -falou puxando a mulher pra trás e ela olhou pra ele com raiva- se ela não sabe de nada, do que adianta fazer isso po, deixa ela

- você sempre protegendo quem não é pra proteger, um incompetente mesmo -falou saindo da sala.

no mesmo momento que ela saiu, que abriu a porta, dava pra escutar vários tiros e isso fez o vitinho trancar a porta e ficar agachado atrás dela.

Sara: puta que pariu -falei ouvindo um barulho alto na frente do quarto

Vitinho: acho que minha recompensa chegou -falou e eu olhei pra ele- mas acho que ele não veio sozinho, pelo menos teu homem nao é burro a esse ponto

ele riu e pegou a arma que tava na cintura, apontou pro mim enquanto ria e eu senti minha barriga doer

Vitinho: acho que ele ia adorar ver o filho -falou rindo de lado- mas felizmente não vou dar esse gosto nem pra mãe, quem dirá pra ele

Isis: para -falou abrindo a porta e ele olhou pra ela.

ela tava com uma arma apontada pra cabeça dele, enquanto ele mantia a maior calma do mundo, parecia não se preocupar com nada, como se tudo tivesse no controle dele.

Vitinho: você nem ao menos sabe atirar, você sabe que se a gente não matar ela, ele mata nós dois -falou abaixando a arma- você sabe disso

Isis: ela tá grávida, pensa no bebê dela -falou olhando pra mim- ela não pode morrer, você quer matar ele, você não precisa matar ela, lembra? vai carregar mais uma morte inocente nas suas costas, você nao matou ele por querer

ele continuou olhando pra ela e baixou a cabeça, ela parecia conseguir entrar na mente dele de um jeito absurdo, ele  colocou a arma na cintura e saiu do quarto.

Isis: você precisa sair daqui agora -falou me desamarrando- tô fazendo isso porque você merece ter esse filho, então sai daqui o mais rápido possível

ela ia continuar falando, mas quando eu levantei, ela olhou pra baixo.

Isis: você tá sangrando -falou e eu olhei pra baixo na mesma hora- acho que foi o nervosismo, não fica nervosa de novo, calma

eu nem tinha como evitar o nervosismo, tira tiroteio do lado de fora, uma mulher que ajudou a me sequestrar me salvando e eu tava louca, certeza que era um pesadelo.

Sara: o pedro tá lá fora? -falei sentindo uma lágrima molhar meu rosto, mas Limpei.

Isis: eu não vi ele, mas espero que ele não esteja -falou suspirando- vitinho quer matar ele,  desde quando ele foi embora, era pra a irmã dele Amanda tá no seu lugar, ai ele iria matar ela sem problemas, mas ele viu que você tava grávida e iria ser um alvo melhor, grávida dele ainda, ele matou o melhor amigo deles, Jean, ele diz que foi sem querer, mas quem briga com arma cara -falou rindo nervosa- eles tavam atirando, e tudo mais, aí o Jean comentou sobre algo ruim dele e o vitinho não gostou, então eles entraram em luta corporal e o vitinho bateu com a arma na cabeça dele, na hora ele tinha ficado atordoado, mas tava na hora da raiva ele atirou no peito dele e colocou o corpo numa vala, e eu já conhecia o Jean a muito tempo, vim pro Rio por conta dele

Sara: Pedro me falou dele -falei me encostando na parede do beco.

a gente tinha saído do quartinho, ela tava me levando pra fora do morro e eu tava tentando ir, mas minha barriga doía muito.

Isis: eu amava o Jean, mas ele era muito raparigueiro pra querer algo sério -falou sorrindo- mas enfim, vida é essa, fiquei com vitinho por achar que era um amor novo, até descobrir que ele matou o Jean, aquilo acabou comigo de todas as maneiras, eu quis matar ele, numa noite que ele dormia mas não tive coragem, não tenho coragem de matar ninguém

Sara: você foi forte, em tá com ele esse tempo todo -falei vendo ela me ajudar a andar-

ouvi um barulho de tiro mais alto e a gente olhou pra trás na mesma hora, depois de um tempinho o pedro apareceu com a mão no abdômen e eu me soltei dela, olhando pra ele.

Pk: eai loirinha -falou sorrindo de lado e caiu no chão em seguida.

tentei ir até ele, mas não consegui pois tava com dificuldade de andar, mas a Isis me ajudou, me sentei do lado dele e puxei seu pescoço pra cima da minha coxa, ele tava me olhando enquanto vi sua lágrima cair.

Sara: para de chorar -falei chorando- você nao pode fazer isso comigo, por que você tá aqui, eu não queria você aqui

Pk: cuida do cria -falou com dificuldade e eu chorei mais-

senti uma arma na minha cabeça e olhei pra cima devagar, vendo o vitinho, ele tava machucado por todo corpo e cospia sangue.

quando ele ia atirar, vi o pedro atirar primeiro e o corpo do vitinho cair do meu lado, com um impacto gigante e eu fechei os olhos.

Isis: precisa levar ele daqui, você ainda tá sangrando -falou do meu lado- você pode perder o bebê, levanta cara

me neguei a sair dali e vi os olhos do Pedro se fechar, fiquei parada olhando aquilo até ver o pai da Beatriz no beco que a gente tava.

Sara: não não não -falei sentido começar a me molhar.

olhei pra cima vendo que chovia e começou a ficar forte, senti tirarem ele de cima de mim e me levantarem, me pegaram no colo, enquanto eu olhava pra cima e sentia chover no meu rosto, cada gota da chuva que me tocava, era uma dor por dentro.

mas essa dor passou quando eu fechei os olhos, que foi uma coisa boa, um livramento.

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