Piston Pucker

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E então! Foi no raiar do dia seguinte, após a inevitável e desastrosa tempestade de ontem, que o sol pareceu estar sorrindo mais uma vez para aquele que seguíamos em jornada. Nossa figura de modos questionáveis; Martin Mellowick! Que cedo pela manhã, muito cedo mesmo, já havia pego suas coisas e embarcado numa rasante jornada ferroviária, rasgando o vento das planícies ao que seu trem partia do sul da Capital em direção ao Oeste, direcionado para o maior porto de todo o continente de Saborin; o Porto de Toscope. Por entre uma das cabines, à medida que seu grande transporte aproximava-se da costa, notou que já era de dia, e ao acordar com o tranco do maquinário freando na estação, Martin viu-se enfim despertando outra vez, mas dessa vez não numa cela suja e escura!

Acordou sonolento e esparramado meio a um dos assentos, ao passo que as outras, dezenas de passageiros, saíam às pressas desembarcando da grande máquina. Havia cochilado com o chapéu no rosto e as mãos atrás da nuca, e acordara confuso e cansado, com o passageiro em seu lado cutucando-o na tentativa de desperta-lo, isso quando quase todos os outros já haviam desembarcado. Assim, despertou coçando os olhos e dando um longo espreguiço, ao que banhava seus olhos no primeiro feixe de luz que viu penetrar pela janela. Via-se também contemplando o horizonte através das mesmas. Eram grandes e ensolaradas planícies costais na distância, prescindindo as fortes marés e acolhendo-o em sua nova aventura da melhor forma que podiam. Lembrava-se também, enquanto ainda levantava, bêbado de sono, do verdadeiro motivo de sua viagem, mas quando lembrou-se de fato da aventura, suas olheiras sumiram, sua preguiça morreu e assim despertou-se realmente. Depois disso, desembarcara com pressa, saltando trem a fora, nas mãos uma pequena bagagem e sua espada embainhada, onde por lá espreguiçou-se por uma longa e última vez, já propriamente disposto e pronto para o dia.

Meio a densa correria da estação, sacava lá um grande cantil onde dera um farto gole, (De proporções sobre-humanas), e com o morno vento soprando no rosto, sentiu-se alegre e animado para enfim dar início a sua viagem. Via-se agora de pé no maior posto do continente, afinal, o Porto de Toscope! E se me repito tanto quanto penso, peço perdão. Mas era mesmo a verdade! Tratava-se de um grande e elegante porto construído na ponta de uma enorme costa marítima conhecida como Poeiréu. Uma simpática e grande praia, batizada em jus a uma curiosa areia azulada que cobria-a por toda a sua extensão. Já dita, por velhas lendas, ser uma autêntica poeira celeste caída lá do céu.

Deixando a estação, Martin, diante dum porto daqueles, e com tal nome que se prezasse, viu-se diante de uma agitação muito maior do que ele jamais se lembrara, pois já havia estado lá antes, embora não em muito tempo. Descia por uma cidade estreita e muito densa, banhada pelo sol e dividia em pequenas vielas que estendiam-se em escadas meio aos comércios e residências, ligadas umas as outras por grandes varais e bandeirolas presas as fios de janelas em janelas. Por lá, comprara uma ou duas balas, e também conversara com alguns jornaleiros e comerciantes, meio aos estandes das lojas e cadeiras em botecos, mas nada de muito interessante lhe ocorreu, quando descendo mais um pouco a cidade, via-se finalmente na primeira palafita do porto, ao que uma ágil gaivota roubara-lhe o pirulito de chocolate que lanchava. Era rodeado por prédios, lojas, bares e estalagens, tal como na cidade, e entre suas colossais palafitas emadeiradas haviam tendas e brechós de todos os tipos, cores e tamanhos, repletas também de tudo oque era gente, de todos os tipos, cores e tamanhos. Iam de trajes escuros a vívidos e coloridos vestidos, refrescantes camisas e mesmo casacos de inverno, trajados por todo tipo de gente que por todo tipo de navio e cruzeiro aportavam por lá. De doca em doca, embarcação para embarcação.

Em sua grande parte, era composto por um grande e gigantesco palanque de robustas palafitas acima do nível do mar, frente à pequena cidade portuária, e meio a essas, centenas e dezenas de milhares de passos faziam-se presentes. Iam de um lado para o outro em duros e rápidos galopes pisoteados pela estrutura de madeira, oque somados ao chiar dos navios, a sinfonia das marés e aos cochichos, conversas e anúncios por toda parte, tornavam-no, sem sombra de dúvidas, um dos mais vívidos e populares lugares de toda a grande Saborin.

Momento Mellowick - A Grande Expedição para a Ilha de Goa.Onde histórias criam vida. Descubra agora