Em algum lugar da selva que pairava no além da praia, minutos afundo daquela refrescante manhã, haviam duas figuras que caminhavam no traçado da baixa mata. Repletas de verde, apertadas no passo e envoltas numa receptiva sinfonia natural. Lá, cantavam-se dezenas de cantos, chiados e grunhidos, em volta e ao longe no denso e fechado horizonte, e nas profundezas do matagal fazia-se presente um constante mistério, prescindindo-os no passo ao que solenemente avançavam pela alta floresta. Caminhavam plenas entre as densas folhagens, as grossas raízes do chão e as galhadas que fechavam caminho, levando consigo apenas suas roupas, em exceção de uma simpática bolsa, levada por uma, e um enorme estojo, levado por outra, enquanto que de humilde forma eles tomavam caminho afundo e meio ao brando verde, parecendo não muito familiares com suas trilhas. Eram longos cabelos verdes ao alto, e cabelos ruivos e longos no baixo, caminhando lado a lado no que se fazia como o começo de uma grande aventura. Do mais alto viajante a mais baixa artista, isso acontecia pouco tempo antes do despertar de Martin pela praia, mas embora ele fosse o nosso principal foco, nessa história, nesse papel ele não ficaria sozinho, e eis aqui algumas de suas fieis companhias! Essas que agora, precisamente, serão a quem vamos acompanhar por certo tempo.
Como bem devem imaginar, essas não eram nada mais, nada menos, que Tim e Clara! Aquelas mesmas excêntricas personagens que estiveram abordo do falecido Pucker na noite passada. Estavam aqui há muito pouco tempo após deixarem a praia, cheia de escritas e confusas direções ao seu outro companheiro, Martin, é claro, que ficara de sol por um tempo razoavelmente maior do que podiam (Ou queriam) esperar. No momento estavam sozinhos, plenos e dispostos em sua simpática busca, na procura de água e com muita sorte alguma refeição. Mas! Como o inesperado encontro com Willion mais tarde mostraria; Nas selvas de Goa, eles não eram, nem de longe, os primeiros a darem as caras, e também não seriam os últimos, ao que nesse exato instante podiam já estar na mira de misteriosas figuras; Aqueles que observam na floresta. Como o próprio Willion, mais tarde diria.
Mas, por enquanto... Ambos não faziam, muito claramente, a mínima ideia de onde estavam ou por onde iam (assim como Martin), e os contratempos que os aguardavam ainda estavam escondidos. Na espreita das moitas meio a essa terra de falso verão.
Na distância da mata, traçavam seu caminho trilhando-o pelos matagais, no cortar de folhas e galhos que cediam em pedaços meio ao caminho da selva, e junto ao canto de suas misteriosas aves, era possível ouvir oque ambas as figuras também conversavam;
— Ei, Tim! Pra onde é que você está indo agora? — dizia uma doce e aborrecida voz, numa silhueta que se limpava nas vestes, cheias de folhas e mato ao que pela frente eram tanto picotadas. Por sua vez, essa era Clara, claro! — Aonde quer chegar, picotando tudo desse jeito?!
— Lugar nenhum, por enquanto! — disse uma outra voz, alegre e sorridentemente, ao que sua silhueta brandia um largo facão de lâmina curva pela frente, para os lados, cima e baixo, abrindo caminho entre a densa mata. — Mas de preferência um que tenha água!
— Mas é como eu disse! — questionou Clara. — Já não estamos muito longe da praia? E quanto ao Martin, oque será dele se por acaso não nos achar aqui dentro? Acha que ele vai ficar bem?
— Haha! Eu aposto que sim. — Tim replicara. – Mesmo que não acorde tão rápido, não há nada a se temer muito numa praia, eu suponho! Além disso, eu estou abrindo a mata, não estou? Se ele vir por esse caminho, não há erro. Não se preocupe! — dizia — Mas espera! Não era você quem ia ficar mais um pouco lá? Quando foi que começou a me seguir, camarada artística?
— Eu me cansei de esperar naquele sol quente, só isso! — Clara então replicou. — E não queria ficar na ponta da mata sozinha, também...
— Ah, é só isso? — Tim a disse, sorrindo sugestivamente. — Quer dizer que o deixou sozinho só por isso? Pensei que vocês fossem mais chegados, Hahaha! — caçoava ele, amigavelmente — Eu até que ficaria um pouco mais por lá, mas preciso beber algo enquanto ainda tenho forças pra ficar de pé. Phew! — explicou Tim, e ao cortar outra vinha ele limpara o suor de sua testa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Momento Mellowick - A Grande Expedição para a Ilha de Goa.
AventuraNeste mundo de fantasia, uma ilha vai explodir. Não acredita? É verdade! Uma ilha inteirinha! E, numa ocasião rara como essa, é claro que o mundo não está reagindo bem. Mares surtando, dinossauros cor de rosa, destruição generalizada, inflação, ar q...