Prólogo

2.7K 219 52
                                    

Japão, Roppongi
Madrugada:3:24am

Em um beco qualquer ao lado de uma boate em meio a uma madrugada fria e nebulosa cujas as estrelas encontravam-se escondidas havia um grupo de policiais tentando afastar a pequena multidão que insistia em querer ver momentaneamente o cadáver gélido e já sem vida de um rapaz.

Foram colocadas faixas amarelas e pretas para tentar isolar o local até a chegada dos peritos criminais.

Vinte minutos depois um grupo de peritos chegou ao local com a vestimenta padrão e liderado por uma mulher de certa idade. Em sua face era evidente o desgaste devido aos anos de trabalho e vivência difíceis.

Seu cabelo continha um tom claro de grisalho que se tornava acinzentado contra a luz artificial do local. Suas madeixas eram curtas e emolduravam seus olhos afiados de forma belíssima, mostrando claramente a frieza, aspereza e o olhar de alguém que deveria ser temida e respeitada.

No total o grupo era pequeno, por volta de meia dúzia de integrantes, todos uniformizados e com equipamentos adequados para realizar seus respectivos serviços.

Os policiais deram rapidamente passagem para que pudessem passar e um deles começou relatar o caso.

- Hidetaka, vinte e quatro anos. Estudante de economia encontrado duas e quarenta e três da madrugada com sinais de overdose - O policial falou seriamente com ombros tensos e olheiras profundas abaixo de seus olhos.

A líder do grupo prestou atenção enquanto rolava distraidamente o anel de prata desgastado em seu dedo anelar. Ela não era casada atualmente porém era um hábito que não conseguia se livrar por mais que tentasse.

Logo o local foi meticulosamente analisado e o corpo encaminhado para um local próprio para analise.

Instituto Médico legal ( IML)
Manhã: 5:32am

- O rapaz não era dependente químico porém foi forçado a engolir uma grande quantidade de drogas plastificadas - O legista pegou uma espátula de madeira e abriu a boca do cadáver para mostrar uma garganta irritada.

- Haviam marcas vermelhas de mãos adultas e masculinas em seus pulsos e mandíbula - A mulher também com uma luva e máscara usou o dedo indicador para tombar a cabeça do morto e comprovar o que foi dito.

- Seguraram os pulsos, abriram a boca dele forçadamente e depois enfiaram os pacotes de forma grosseira. Mas por conta disso alguns desses pacotes devem ter rasgado e a droga vazado para seu organismo.

- Por isso ele morreu ? - A mulher mordeu a parte interna da bochecha com os olhos escurecidos.

- Também - A senhora ergueu a sombrancelha confusa.

- Olhe esse corte na barriga - O legista apontou para a longa linha avermelhada.

- E agora olhe para esses hematomas - O homem apontou para cada ponto escuro no cadáver - Você vê como o corte é recente ?

- Está me dizendo que tentaram abrir ele ainda vivo ? - A mulher questionou tentando entender o por que daquilo - Tráfico de órgãos ?

- Sim e não - O legista se afastou do homem e apontou para um frigorífico lacrado - O "sim" para abrirem ele vivo e o "não" para tráfico de órgãos.

- Tinha algo dentro dele então.

- Sim, o estômago está quase totalmente dilacerado - Ele relatou ainda mexendo no estômago aberto para verificar o que há de incomum ali.

A lider do grupo imperceptivelmente franziu o rosto e acenou com a cabeça em concordância.

- Mais alguma coisa? Uma marca ou uma tatuagem incomum ? - Ela perguntou depois de retirar a luva e a máscara.

RyōsokuOnde histórias criam vida. Descubra agora