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POV: Lua📍Rio de Janeiro

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POV: Lua
📍Rio de Janeiro

Eu recebi o e-mail.

A diretoria do Flamengo entrou em contato comigo e a vaga é minha.

Não soube nem como reagir, eu simplesmente fiquei paralisada lendo e relendo cada palavra com medo de ser invenção do meu subconsciente.

"Prezada Lua Camilo,

Um dos momentos mais emocionantes e que todo RH gostaria de comunicar, é a escolha e aprovação de um profissional para somar a nossa Equipe Rubro Negra. Então, queremos lhe dizer que você foi aprovada no processo seletivo para ocupar a vaga de psicóloga do Ninho! Parabéns!!

Entraremos em contato em breve para lhe fazer a carta de oferta e para informar demais informações sobre como será o processo de contratação.

Qualquer dúvida, por favor, nos contate por e-mail.

Cordialmente, Diretoria do Flamengo."

Só poderia ser um sonho. Sentia que a qualquer momento o PA iria aparecer me chacoalhando para que eu voltasse à realidade de desemprego.

A felicidade que percorria todo o meu sistema nervoso não era pelo fato de eu estar sendo contratada para trabalhar com um time de futebol mundialmente conhecido, mas sim por estar sendo contratada. Poderia ser para trabalhar na menor das clínicas, a felicidade genuína ainda seria a mesma. Só quem vive ou já viveu o desemprego tendo a sua área de formação sendo desvalorizada sabe o quão importante é ter um emprego fixo.

A Lua de dezessete anos merece isso. Foi com ela que esse sonho surgiu, foi ela que correu atrás, ela que passou madrugadas em claro e que se dedicou ao máximo para passar em concursos elitistas. Foi ela que precisou escutar que lugar de mulher não era em sala de aula, e ainda mais mulher preta. "Onde já se viu, mulher periférica em uma faculdade? Abre os olhos e volta pro fogão, seu futuro espera um filho e não um consultório".

Com lágrimas nos olhos e uma felicidade tão grande que nem palavras conseguem descrever, desço até a sala e paro no pé da escada como uma criança ansiosa para contar que tinha aprendido a matéria nova da escola.

— PA, a vaga é minha.

— O quê? — Ele pergunta tirando o fone de ouvido e puxando uma toalhinha de rosto para poder limpar a testa salpicada de suor.

— Eu vou trabalhar como psicóloga no CT do Flamengo.

— 'Tá de zoeira com a minha cara?! Porra, Lua, parabéns!! — Ele corre me tirando do chão ao me jogar sobre os ombros enquanto fica nos girando pela sala de estar.

— Me solta, você 'tá todo suado! — Bato em seus ombros.

— Nega, você vai trabalhar com um monte de jogador, são um monte de homens suados correndo pra lá e pra cá. — Ele tenta argumentar ao me deixar no chão.

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