RJ📍
Gabriel povEstávamos atrasados pra porra, o Fabinho insistia em ficar escondendo a chave do Porsche, e essa brincadeirinha só acabou quando eu me rendi e deixei ele ir dirigindo até o estúdio.
Não que eu não confiasse nele pra tal coisa, pelo contrário, ele tinha total liberdade para pegar o carro que quisesse e quando quisesse, mas chegar de carona era zoado.
Assim que entramos no estúdio fui logo recepcionado por uma voz pouco familiar gritando o meu nome, forcei o olhar em direção ao homem que se levantou com os braços abertos e logo fiz o mesmo que ele ao perceber quem era.
— Porra, quanto tempo. — Cumprimento o puxando para um abraço apertado. — O que 'cê tem feito da vida, mano? Tá bonitão.
PA era um dos meus manos da infância, a gente brincava na rua juntos e até quando comecei a jogar nos times de base do Santos ele estava do lado.
Eu e ele já passamos por poucas e boas, como na vez em que decidimos sair no meio da madrugada sem avisar ninguém para gastar o primeiro salário dele, em resumo chegamos bêbados depois de umas duas ou três cervejas e fomos pegos pela Tia Mari que nos dedurou para os meus pais.Passamos um bom tempo sem nos ver depois dessa.
— Eu tô bonitão? Olha pra você. — Ele diz me analisando de cima a baixo.
— Eu não curto essas parada não, hein. Vai tirando o cavalinho da chuva. — Disse zoando.
— Porra, nem vai apresentar? Vacilão. — Fabinho fala pela primeira vez dando um tapa na minha nuca.
Esse moleque 'tá abusado demais pro meu gosto.
— Foi mal, esse é o PA, nós nos conhecemos quando ainda éramos crianças, ele me acompanhou em vários treinos quando eu entrei pro Santos.
— Aquele campo me ajudou pra caralho na hora de treinar resistência.
— Ah é mano, e aí, o sonho de virar atleta rendeu?
— 'Orra? Rendeu pra caralho.
— Aí sim, meu parceiro. — Demos outro aperto de mão estalado dessa vez batendo ombro no ombro.
Lembro de nós dois acordando antes do galo cantar e indo junto da minha mãe subir toda aquela favela, pegar ônibus — quando tinha dinheiro pra passagem — só para treinar com uns boy que não sabia nem o que era passar necessidade. A gente chegava em casa com o pé cheio de bolha, mas ainda assim sobrava energia pra brincar na rua.
Bons tempos...
Me afastei dele e fui cumprimentar todos os parceiros que estavam lá também. Assim que o Papatinho se aproximou me servindo um pouco de whisky, escutei a voz do PA chamar a minha atenção.
— 'Aê mano, lembra da Lua?
Não sei porquê, mas assim que meus olhos se encontraram com o da garota ao lado do Matuê, algo aconteceu, como se alguma caixinha empoeirada cheia de memórias do passado tivesse sido aberta.
Meus olhos inconscientemente passearam por todo o seu corpo. Desde quando ela tinha mudado assim?Saí dos meus próprios pensamentos e me aproximei dos irmãos e do trapper com um sorrisinho meio sem jeito.
— Pô mano, claro que lembro. E aí Lua, quanto tempo, 'cê tá linda. — Me inclinei em sua direção deixando um beijo em sua bochecha seguido de um abraço um pouco solto da parte dela.
— Faz tempo mesmo. — Ela diz sem render assunto parecendo estar um pouco envergonhada.
Só reparei que estava parado feito uma estátua na sua frente encarando o seu rosto quando senti o Tuê tirar o meu boné e abraçar os meus ombros me fazendo desequilibrar.
— Viu um fantasma, foi? — Ele pergunta se pendurando em mim.
— Não enche.
— Ihhhh, tá de olho na irmã do PA? Desencana, ela é muita areia pro seu caminhãozinho, Lil Gabi.
— Para de falar merda, cara. — Reviro os olhos o empurrando pra longe.
Porra mano, quando essa mina cresceu? Lembro de quando nós fomos na praia com a nossa família pela primeira vez, e ela não tinha esse corpo todo não. Tomou hormônio da noite pro dia, foi?
A Lua tinha sido a minha primeira namoradinha, e foi com ela que eu tive as minhas primeiras experiências, desde o primeiro beijo até perder a virgindade. E talvez fosse por isso que eu estava me sentindo tão estranho, será que ela lembrava disso tudo? Eu não podia ser o único, impossível.
E foram esses malditos pensamentos que me perturbaram a noite toda até eu criar coragem pra chegar junto.
— Aceita uma dose? — Pergunto em pé na sua frente com uma garrafa de Jack Daniels na mão.
— Não, obrigado. Eu estou bebendo o mínimo possível, amanhã preciso acordar cedo e uma ressaca não ajudaria.
— Pô entendo, mas 'cê vai acordar cedo por quê? Compromisso?
Isso Gabriel, se intromete na vida da garota mesmo.
— Eu tenho uma entrevista de emprego marcada para às oito da manhã.
— Ihhh, puxado. — Faço cara feia me sentando ao seu lado no sofá. — Mas e aí, 'cê trampa de quê?
— Eu me formei em psicologia, mas no momento não estou exercendo o meu cargo por falta de oportunidade mesmo. A entrevista de amanhã vai ser justamente pra tentar tirar as teias de aranha do meu diploma.
— Pô mano, boa sorte. Se quiser eu posso olhar no Flamengo, lá tem essas pira aí de psicólogo e tal.
"essas pira aí de psicólogo e tal" fala direito, porra, 'tá parecendo moleque.
— Ah, não sei não...eu nunca trabalhei com esporte, deve ser outro nível.
— Que nada, deve ser bem suave, pô. O Pitbull que sempre marca umas sessões de terapia toda semana, acho que isso tem ajudado ele bastante no quesito da timidez e 'pá.
— Pitbull?
— É, o João Gomes. Faz assim, pega o meu número, se a entrevista amanhã não der bom 'cê me dá um toque e eu falo com o pessoal.
Atacante dentro e fora de quadra, boa Gabigol.
Gostaria de ressaltar um ponto aqui: a Lua tem noção de que o Gabriel é jogador, mas nada demais, ela não se mantém ligada no mundo dos esportes.
Outras dúvidas serão esclarecidas ao decorrer do tempo, então se acalmem porquê nessa fanfic vai ter até capítulo de quando eles ainda eram crianças. (que TALVEZ seja o próximo)
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Meu Probleminha Diário • Gabigol
FanficEla é meu probleminha diário Que eu sempre gosto de resolver Parou de responder os otário Depois de me conhecer. ... Ela faz de um jeito louco, que chega a mudar minha visão É que ela me deixa louco, mas nunca me deixa na mão.