17. 𝐀 𝐃𝐀𝐍𝐂𝐄 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐓𝐇𝐄 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍

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dezessete

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dezessete. uma dança com o oceano

DOIS DIAS HAVIAM SE PASSADO. JADE ESTAVA começando a se acostumar com a rotina da ilha e da tribo. As pessoas foram acolhedoras e logo ela se enturmou com os mais novos e os mais velhos; todos fascinados por suas histórias fantásticas de pirata.

Naquela noite, uma festa acontecia. Era uma comemoração aos deuses pela chegada da viajante Jade Muñoz. Todos se aprontaram, fizeram as pinturas mais lindas em suas peles, ajeitaram as penas dos cocais mais coloridos e cantaram as canções mais animadas.

A própria Jade estava deslumbrante, com uma pintura azul na pele do rosto e corpo que parecia reluzir sob a luz da lua. Seus cabelos estavam soltos em longos fios negros como a própria noite e havia um arranjo com flores e penas enfeitando as madeixas. Sua roupa era um vestido bordado branco, que a lembrava vagamente daquele que ela usou no dia que fugiu para a liberdade.

— Jade! Você está linda como uma tarde de primavera! — Yona Nadhi entrou na pequena tenda com um sorriso brilhante.

Ela também estava linda, com o cabelo solto e um cocar com penas brancas, vermelhas e amarronzadas. Suas vestes também tinham esse padrão de cores. Na opinião de Jade, ela parecia uma deusa ancestral.

— Você também, Yona. Essa festa deveria ser para você. — Muñoz disse com certa timidez.

— Ei! Não diga algo assim. Os deuses te trouxeram aqui. É motivo para celebrarmos! Agora vamos, só falta você lá fora.

Jade e Yona saíram da tenda e foram recebidas por cumprimentos e sorrisos calorosos de todos, menos o cacique Chaske, que ainda tinha suas ressalvas em relação a Jade. Mesmo assim, ela se aproximou e se abaixou em uma respeitosa reverência ao responsável pela tribo da ilha de Mulshy. Ele era um líder e ela o respeitava por cuidar de seu povo.

— Ainda não sabemos o que os deuses queriam ao te trazer aqui, Jade Muñoz — ele disse, a voz grave e retumbante — Mas não duvidamos dos nossos deuses. Você aceita a vontade deles?

A pergunta foi feita enquanto Chaske fazia uma mistura de essências, óleos e pólens das flores coloridas em volta deles. Uma tinta azul escura com aroma de rosas surgiu de tudo isso.

— Sim. — Ela disse, fechando os olhos.

O cacique fez um desenho de runa na testa de Jade, que imediatamente se lembrou de todos os momentos de sua vida no mar. Era como se ela pudesse sentir o balanço do barco, a brisa marítima, o som das gaivotas e até sentir as gotas da água respingando em sua pele bronzeada.

Quando ela abriu os olhos novamente, parecia ter acordado de um sonho muito realista. Muñoz respirou fundo e se levantou. As pinturas azuis estavam mais brilhantes assim como seu sorriso, que era como o reflexo do sol do meio do dia nas águas de um mar calmo.

— Vamos celebrar! — Ela exclamou.

A música – que havia parado para a cerimônia – voltou e todos foram dançar, incluindo a própria Jade.

Ela se sentiu como naquele dia que fugiu de casa e acabou achando seu lar nas ondas do oceano. Livre, mas conectada as suas raízes mais profundas. De relance, ela conseguia até ver a cigana que dançou com ela e que a presenteou com sua pulseira de conchinhas.

Junto com Yona e todos os demais, Jade se sentia como ela mesma. Sem a responsabilidade de Capitã, sem relacionamentos complicados, sem espadas, canhões, deuses, e... Serpentes.

Ela não parou de dançar, mas seus movimentos pareceram sincronizar com as ondas que sentiram sua ira e se tornaram mais agressivas e se ergueram em alturas que ninguém ali já havia visto. Até que, em um giro em particular, a água salgada explodiu em gotas que choveram sobre todos os presentes.

Jade não tinha percebido o que fez, mas eles sim. E o povo achou mágico, magnético e assustador aquilo que uma mulher era capaz em uma simples dança com o oceano. 

𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍 𝐒𝐎𝐔𝐋 ━ pirates of the caribbeanOnde histórias criam vida. Descubra agora