Ficar com você foi como atravessar uma rua movimentada fora da faixa para pedestres.
Cada carro que passava era um sentimento, cada atropelamento que eu evitava era um alívio.
Eram quilômetros para percorrer até o outro lado e ao chegar na metade já pegando o ritmo e me acostumando com os padrões, uma moto única desviou do seu caminho e veio em minha direção.
Fui forçada a cair no chão, com dor, em lágrimas e com algo quebrado dentro de mim. Algo que não se cura com remédios ou repouso.
A ambulância me levou novamente para o início da rua, agora o medo de atravessar me dominava, os carros pareciam muito mais rápidos e minha mente achava que cada moto iria vir como uma flecha em busca do alvo.
Então me sentei na calçada, acompanhando o movimento contínuo e incontrolável que estava na minha frente. Querendo me levantar, querendo atravessar e ver finalmente o que tinha do outro lado...
Até agora não consegui levantar, estou petrificada na calçada olhando para frente tentando decifrar aquele enigma antes de me colocar em risco novamente.
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Leia quem quiser
RastgeleTextos e reflexões de uma pessoa que tem muitas versões. Já não sou mais a mesma que escreveu os primeiros textos e em breve serei outra pessoa ao ler os de agora.