08 - Sabrina

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Esbarrei em alguém encapuzado no caminho de volta ao beco, eu estava um pouco desesperada.

— Desculpa — eu digo, mas não espero nenhuma resposta, só continuo andando.

Ligo a lanterna do meu celular, na esperança de me ajudar a encontrar o meu maldito cartão de memória.
Eu passei aqui, nesse mesmo beco, hoje mais cedo, porque estavam falando que Taylor Swift tinha aparecido nesse Hotel. Era mentira. Mas no caminho para cá, deixei minha câmera cair, e não percebi que eu tinha deixado o cartão de memória para trás.

Ando até a porta dos fundos do hotel, porque foi por lá que eu derrubei a minha câmera. Meu Deus, como fui tão burra?
Olho em todas as direções, iluminando o chão com a luz do celular. Procuro, procuro bastante. Mas não acho o cartão em lugar algum.

— Merda.

Decido voltar para casa, já que minha procura foi mal sucedida e porque está chovendo muito.
Caminho para fora do beco, prestando atenção em tudo e com os ouvidos atentos, está tarde e estou sozinha. Sou uma mulher andando sozinha à noite em Los Angeles, todo cuidado é pouco.
Guardo meu celular no bolso e levanto a cabeça. Estou totalmente despreparado para enfrentar essa chuva, não trouxe nenhuma capa.
A frente do hotel está muito movimentada, alguns paparazzis estão parados na frente, como se esperassem alguém. Burrice, não tem nenhum famoso lá dentro. Todos irão pegar um resfriado se não sairem dessa chuva.
Os seguranças do hotel parecem irritados, eu também ficaria. Ignoro o tumulto e viro a esquina, andando até onde meu carro está estacionado. A rua está movimentada, é segunda à noite mas as pessoas estão lotando os bares e restaurantes, há alguns adolescentes fumando perto do meu carro. Tão irritantes. Se tem uma coisa que eu odeio mais do que fumantes, são adolescentes fumantes.
Me aproximo deles, já me preparando para a arrogância e grosseria.

— Esse carro é legal — o mais baixo deles diz, apontando para o meu carro.

O loiro, encostado no poste, chuta o pneu traseiro e ri debochado. Cruzo os braços, esperando eles notarem a minha presença.

— Que nada, parece um carro de uma viúva.

O mais alto e com cara de grosseiro traga a fumaça e diz:

— Para de ser babaca, Tuck. Esse é um Range Rover Evoque, é um carro super maneiro. Você nem conseguiria comprar um desses, então não seja irritante.

Ando mais um pouco e ligo o carro, os três se assustam e saem de perto em um pulo.

— O Loiro não gostou? Que bom que o carro é meu, e não dele. — Digo, olhando para o alto com cara de grosseiro.

Ele sorri e joga o cigarro no chão, aquela ação me irrita tanto que agora odeio ele mais do que o Loiro. Reviro os olhos e abro a porta, pronta para entrar antes do Alto se aproximar. Ele tá com aquela cara de cara babaca tentando te seduzir. Ele me faz lembrar do Logan, o rosto de babaca é quase o mesmo.
Ele se apoia ao lado da porta e cruza os braços, me olhando.

— Pelo visto o carro não é de uma viúva, Tuck — ele me olha de cima a baixo, e isso quase me faz vomitar. — Então, baixinha, onde conseguiu essa belezura?

É sério que esses caras estão parados debaixo dessa chuva forte me irritando?

Finjo pensar a respeito por um tempo, e então, por fim, dizer:

— Em um belo dia ensolarado, eu acordei e decidi que queria um Evoque, então eu me arrumei e fui até uma concessionária. Fim.

Dei um sorriso fingido, como se eu fosse uma adolescente boba, e não uma adulta independente.

O sorriso em seu rosto rosto sumiu e ele se esticou. O mais baixo começou a rir, e o Loiro ficou irritado.
Antes que eles pudessem falar mais alguma coisa, entrei no meu carro e dei partida.

— Idiotas.

📷

Maddy estava me olhando como se eu fosse idiota. Bem, eu era, mas ela não precisava ficar assim. Eu já estava irritada o suficiente com aquela situação. Porra.

Como você é paparazzi por anos e perde a porra de um cartão de memória cheio de fotos não postadas de uma famosa específica? Quem quer que tenha sido a pessoa que o encontrou pode vender aquelas fotos para qualquer site ou revista. Fotos onde Olivia Rodrigo está sorrindo e acenando para a câmera, coisa que ela nunca faz.

Então, desesperada, comecei a lotar a dm do Instagram dela de mensagens. Era mais um desabafo, um monólogo, já que ela nunca vai ler aquelas mensagens. Milhares de pessoas devem fazer isso em sua dm, então as chances de ela decidir visualizou justo a minha são tipo, zero porcento.

Maddy continuava tagarelando sobre a minha idiotice enquanto eu estava concentrada em descontar minha frustração em mensagens para uma famosa. Ela se joga no sofá, ao meu lado, e começa a ler as mensagens por cima do meu ombro.

— Sabrina Annlynn Carpenter, que porra você tá fazendo?!

Empurro ela enquanto envio mais mensagens, uma atrás da outra.

— Você ficou maluca? — Maddy pergunta, já em pé outra vez. — Por que você está lotando a dm da Olivia, sua doida?

Enviou a última e deixo o celular de lado, começando a andar de um lado para o outro.

— Estou estressada com isso. Amanhã vamos ver fofos minhas em sites e os créditos vão estar no nome de outra pessoa!

— Primeiro, por que você tinha tanta foto descartada guardada? Segundo, o que a Olivia tem a ver com isso? Foi você que perdeu o cartão, deixe a garota em paz.

Continuo andando de um lado pro outro na sala, tentando pensar no que fazer a respeito. Minha mente pensa em mil coisas, mas nenhuma delas é útil. Não é como se eu pudesse fazer algo a respeito disso, de qualquer forma. Talvez as fotos sejam publicadas, talvez não. Mas minha mente não consegue ficar parada. Aquelas fotos eram minhas, não deles. Só pertencia à mim. E pensar em outras pessoas verem as fotos dela sorrindo na direção da minha câmera me faz sentir um aperto enorme no peito. Vão pensar que os sorrisos foram para outra pessoa, e sabe de uma coisa? Eu não suporto a ideia disso. Talvez seja ciúmes, talvez eu seja egoísta demais para querer mostrar pro resto do mundo que ela sorri para mim.

Maddy desiste de ficar olhando para a minha cara, esperando que eu me acalme ou algo assim, então ela levanta e vai para a cozinha. Ela tira uma tijela do armário e pega o cereal e o leite. Derrama os dois na tijela e de repente sua boca já está cheia de cereais. São três da manhã e Maddy está comendo comida de café da manhã.

Paro e olho para ela.

— É sério?

Ela da de ombros, com a boca cheia de comida, depois engole e fala:

— Não posso comer mais, é isso? Não tem nada que possamos fazer para recuperar o seu cartão e Olivia também não. Não vou ficar parada aí vendo você corroer de ciúmes imaginado outras pessoas vendo as fotos que você tirou, sério, tá estranho.

Às vezes eu odeio o fato dela entender de linguagem corporal. Quem deu um livro sobre isso para ela?
Passo as mãos pelo cabelo quando lembro que fui eu mesma que dei o livro para ela, mas só porque ela pediu. Será que tentar mentir vai ajudar? Posso tentar.

— Olha, não é ciúmes... — começo, mas o meu celular vibra, e eu e Maddy olhamos para ele.

— Será que é...?

Rio, porque é óbvio que não é ela.

— Não, claro que nã... — começo, mas as palavras somem da minha boca assim que abro a mensagem e vejo a quem pertence.

Olivia: Sabe de uma coisa?
Olivia: sAcho que sou eu quem encontrou seu cartão de memória.

AURA - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora