18. Sabrina

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Olivia Rodrigo estava me beijando. Me. Beijando.

A princípio, fiquei totalmente sem reação e paralisada, como uma idiota.

Estávamos completamente expostas, sendo cobertas apenas pela sombra do coqueiro, qualquer um que passasse por ali conseguiria ver isso: Olivia Rodrigo beijando uma garota. Ela não estava preocupada?

Não me levem a mal, eu estava amando a sensação de ser beijada por ela. Seus lábios quentes e macios nos meus era simplesmente muito, muito bom. Mas sempre tem um porém.

Quando você é uma pessoa famosa como ela, que todos pensam que gostam exclusivamente de garotos, ser vista beijando uma garota poderia gerar uma política. E, na maioria das vezes, polêmicas não são coisas boas

Olivia estava confusa e em fase de auto descoberta. E, sinceramente, eu não sei se quero ser a pessoa que vai encarar todo o hater se algo sobre isso ir a público.

Mas eu não conseguia me afastar dela. Era como se Olivia fosse um ímã me puxando para perto. Quanto mais eu achava perigoso e queria me afastar, mais me sentia sendo puxada de volta até ela. Até suas mãos no meu cabelo, até sua boca na minha.

Por mais que parecesse errado, eu queria errar, e não estava me importando com isso. Errar é humano, afinal de contas.

Cheguei mais perto dela, sentido a areia morna nas minhas coxas e não me importando com a sensação esfoliante na minha pele. Segurei em seu pescoço, intensificando o beijo, porque, se vamos mesmo fazer isso, vamos fazer direto.

Beijei ela como nunca havia beijado ninguém antes, para ela saber que se era isso que ela queria, era isso que eu iria dar.

Quando nos afastamos, o rosto dela estava completamente vermelho. Vermelho mesmo, sério. Sorri, vendo como ela respirava ofegante e parecia tímida.

Meu Deus. – disse, a voz saindo baixa e arrastada.

Me afastei e voltei a encostar as costas no tronco do coqueiro, sorrindo para o mar, como se aquele tivesse sido o meu primeiro beijo.

– Você me surpreendeu muito agora.

Olivia se acomodou só meu lado outra vez, ficamos olhando para o mar e para as pessoas passando.

– Não finja que não estava querendo isso.

Uau. – ri, arrumando a saia do meu vestido. – Não estou fingindo, Rodrigo. Nunca disse que eu não queria, disse que você me surpreendeu. Pensei que eu teria que dar o primeiro passo.

Ela virou o rosto para encarar o meu outra vez, a vermelhidão ainda não havia se dissipado. Ela conseguia ficar ainda mais linda quando estava com vergonha.

– Nossa, você é muito convencida, sabia?

– Eu sou, né? – levantei, limpei a areia das minhas pernas e estendi uma mão para ela. – Vem, vamos comer alguma coisa.

Rodrigo havia me apresentado o lugar secreto dela, estava na hora de eu apresentar o meu.

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Estacionei em frente ao May's Coffee, vendo pessoas entrando e saindo com pressa.

– Acho que não vai dar pra ficar aqui, mas podemos ir dar uma volta. Quer entrar e pedir?

Olhei para Olivia, sentada no banco do carona do meu carro. Tantas coisas aconteceram nessa manhã que eu havia me esquecido que antes disso tudo eu fotografava ela para revistas e sites de fofoca. Um arrepio percorreu minha nunca quando lembrei do que eu fazia antes. Faz tão pouco tempo que parei de ser paparazzi e já não me imagino mais fazendo aquilo.

– Que lugar é esse? – perguntou, olhando admirada para o letreiro da cafeteria, estava velho e empoleirado, mas tinha um charme que eu amava.

– Meu cantinho secreto não tão secreto. Venho aqui desde sempre com a Maddy.

Seu rosto se virou rápido na direção do meu.

– Maddy? – quis saber, os olhos em uma curiosidade genuína.

– Minha melhor amiga, sabe? Cabelo azul, louca por Gracie Abrams e meio biruta.

Sua expressão se suavizou e ela murmurou um "ah, tá", antes de soltar uma risada engraçada com a menção da sua amiga.

Me desprendi do cinto de segurança e tirei a chave da ignição, saindo do carro. Quando dei a volta, Rodrigo já estava em pé, na frente da lanchonete.

Diferente do Rainbow, a porta de entrada do May's não possuía sino, então ninguém olhou quando entramos. Agradeci mentalmente por isso, porque Lena, uma garota do meu prédio, super obcecada pela Olivia, estava sentada em uma das mesas do fundo com suas amigas também meio obcecadas pela cantora ao meu lado. Todo dia ela ouvia as músicas da Rodrigo e cantava tão alto que eu conseguia ouvir lá de casa. Era engraçado em algumas vezes, em outras era só irritante mesmo.

Caminhei apressadamente para o balcão, com Olivia ao meu alcance. Sentamos nos bancos giratórios e sorri quando May notou minha presença.

Sab, minha querida! – a mulher com idade suficiente para ser minha mãe sorriu, os cabelos cacheados presos em um rabo de cavalo balançando com o vento do ventilador de teto. – Quem é essa? – perguntou quando notou a presença de Olivia. Olhou para mim com um sorriso malicioso. – É aquela que você tanto fala quando vem aqui com a Maddy?

Quis enfiar minha cabeça na terra, sério. Balancei a cabeça em negação e gesticulei com as mãos, nervosa. 

Essa velha tinha que me entregar assim, de cara?

– Que? Não... – desisti de me justificar quando percebi que ela e Olivia riam uma para a outra. – Você pode só me dar dois brownies triplos e uma torta de morango, por favor?

May parou de olhar para Olivia como se estivesse olhando para sua nora perfeita e me lançou um olhar rabugento.

– Você é tão estressada. – disse, me entregando o pacote com os doces. Ergui a mão com o dinheiro e entreguei para ela.

Levantei do banco, puxando Rodrigo pela mão.

– Tchau, May!

AURA - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora