17 - Olivia

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Sabrina e eu havíamos acabado de chegar à praia, eu sabia que era um risco andar assim, em público. Mas nesse momento, eu não me importava.

Estar ali, a sós com ela, era o que importava.

Caminhavamos lado a lado pela areia, segurandos nossos sapatos nas mãos. A areia estava quente, mas não o suficiente para ser desconfortável.

Era até satisfatório andar ali.

Estava cedo, então não havia mais ninguém na praia além de nós e de uns surfistas.

A maré estava alta e as ondas enormes, não era seguro nadar ali.

Olhei para Sabrina quando o vento soprou e bagunçou os seus cabelos. Ela estava mais bonita do que nunca, isso era possível? Ou era só minha mente me pregando uma peça.

— Então, como está indo o trabalho na impresa?

Perguntei, querendo conversar. Eu queria conhecê-la melhor, só não sabia como fazer isso ainda.

— Para falar a verdade, está bem tranquilo. Quase nunca tem trabalho para mim, e não sei se isso é bom ou ruim, mas acho que estão todos tão focados em você que acabam esquecendo ou deixando de lado outros projetos.

Ela olhava para a frente conforme andávamos. Não sabia se ela estava evitando olhar para mim ou se queria aproveitar a vista.

— Desculpa...?

Ela riu, virando seu olhar para mim. Era incrível o contraste dos seus olhos com o mar, eram quase do mesmo tom, e ali, tão pertos um do outro, pareciam ser a mesma coisa. Era como se as ondas fossem me puxar para dentro e eu nunca mais fosse sair. Talvez eu quisesse me perder naquelas ondas.

— Você é engraçada, sabia? — eu sou? — Isso é ótimo, porque eu estou podendo descansar um pouco e também significa que eles estão totalmente focados com o seu projeto. Isso é uma coisa boa, tá? Não precisa se desculpar.

Olhei para os meu pés, cobertos de areia, segurando o sorriso. Não sei o que deu em mim, mas eu estava totalmente alheia à tudo.

— Você não descansava antes?

Afastei minha franja do rosto. O vento a soprava sempre, fazendo-a ficar balançando na frente do meu rosto.

— Não muito. Seguir famosos por aí não é muito bom, para ser sincera. A única coisa boa disso tudo era a grana e o exercício que eu fazia. Minhas pernas são ótimas de tanto andar e correr por aí.

Olhei para a suas pernas, hoje não estavam cobertas por uma calça como das últimas vezes. Ela usava um vestido rosa, que combinava perfeitamente com o seu corpo. Suas pernas realmente eram ótimas.

— É, entendo o que você quis dizer com "ótimas".

Deixei escapar, enquanto avaliava os músculos de sua perna. Meu Deus, ela treinava? Por que elas são tão fortes?

Sabrina Carpenter riu, ela riu da minha completa estupidez.

Levantei meu olhar quando ouvi a risada escapar de seus lábios. Provavelmente eu estava parecendo uma idiota que nunca viu pernas na vida. Mas o que eu podia fazer se as dela eram lindas?

— Você acabou de secar as minhas pernas?

Ela perguntou, em um tom divertido, enquanto se aproximava mais de mim.

— É, acho que sim.

Falei, desejando muito poder sair correndo dali, mas eu não podia. Droga, eu sabia que não podia.

— Tudo bem, você pode.

Havíamos chegado perto de um coqueiro e nos sentamos encostadas neles, olhando para o horizonte.

Ficamos olhando para o mar, para os surfistas e para os casais que passavam caminhado de mãos dadas, enquanto eu me perguntava porque eu fiz aquilo. Qual era o meu problema?

Eu já havia visto no insta dela que sim, ela gostava de garotas. Eu stalkeei tudo, talvez eu tenha sido exagerada demais, um pouco psicótica, mas não consegui me conter. Olhei todas as fotos até chegar na sua primeira postagem e conferi todos os destaques, vendo uma foto dela, aparentemente mais nova, com mechas rosas no cabelo, na parada lgbt com uma bandeira nas costas.

Então, sim, eu já tinha plena consciência disso. O que eu não tinha consciência era do porque eu estava flertando com ela.

Sério, o que estava acontecendo? Nunca havia me interessado por uma garota antes, pelo menos eu achava que não.

— Você tá muito calada.

Seu olhar estava fixado no meu rosto, paciente, mas as suas mãos estavam inquietas, mexendo na areia.

A encarei, sem dizer uma palavra. Pensei em algo para falar, porém, nada saia. Era como se meu cérebro tivesse resetado e eu tivesse esquecido como se fala.

Ela me encarava tão intensamente que senti seus olhos me atravessando, pareciam enxergar algo a mais. Vi quando suas pupilas dilataram e meu coração deu um salto.

Encarei cada detalhe do seu rosto, querendo memorizar cada pedacinho da sua pele.

Senti quando sua mão esquerda deslizou entre minha trança. Meu olhar ainda fixado em seu rosto. Olhei para a sua boca, hidratante e carnuda, pensando em mil coisas ao mesmo tempo. E nenhuma delas pareciam certas.

— Tudo bem?

Sabrina perguntou, passando sua mão pelo meu braço, causando um caminho de arrepios.

Pisquei duas vezes antes de puxa-lá para perto e beija-lá.

AURA - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora