10 - Sabrina

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Aceitar encontrar Olivia - mesmo que seja para pegar o meu cartão -, não me parece uma boa ideia. Muitas coisas podem acontecer.

Eu conheço a mídia, e eu sei o quanto eles estão em cima da Olivia ultimamente, porque eu também estava lá, tirando fotos, para a mídia. E eu sei que, se ela aparecer com qualquer pessoa desconhecida, irá causar um alarde. Não sei se quero passar por isso, ou que ela passe por isso.

Então sim, estou nervosa.

Quando Maddy tomou o celular da minha mão naquele dia - porque eu estava chocada demais para sequer conseguir digitar -, e aceitou o convite, eu quis morrer. Faz quase uma semana que eu estou nervosa por causa disso, até esqueci de entregar os currículos que eu fiz.

Estaciono o carro em frente a uma cafeteria mais afastada, não há muitas pessoas na rua, o que é um bom sinal. Não sei como Olivia encontrou o local, mas é excelente para a situação.

Ando até a entrada e olho para o letreiro: Rainbow café e livraria, é bastante colorido aqui fora. Quando entro, vejo que o lugar está praticamente vazio, exceto por duas garotas olhando alguns livros, a garçonete no balcão e Olivia me esperando, em uma mesa mais pro fundo. Seus olhos levantaram, na minha direção, quando o sino da porta ecoou.

— Bom dia, seja bem-vinda ao Rainbow! — a garçonete ruiva me cumprimenta, super animada. Parece que ela realmente gosta de trabalhar aqui.

Passo por ela e a desejo um bom dia também, caminho até Rodrigo, que parece meio perdida nessa situação. Bem, eu também estou.

Por mais que eu esteja acostumada a vê-la, falar com ela já é uma coisa diferente. Nos falamos aquele dia no casamento, mas eu fiquei completamente nervosa a conversa inteira.

E sim, ela é supergata e eu me sinto um pouco atraída por ela, mas fala sério! Eu nunca fiquei tão nervosa na presença de uma garota antes, é como se ela tivesse uma energia diferente, que me deixasse assim.
Não fiquei assim nem quando fui beijar pela primeira vez uma garota – Milla Williams –, no terceiro ano. E eu estava super afim dela. Então é, Olivia Rodrigo tem uma aura diferente, que mexe comigo.

Olivia está parada na minha frente, mas ela parece não saber bem o que fazer, então eu a abraço, parece o adequado para a situação. Ouço uma risadinha da garçonete quando nos abraçamos, eu a ignoro, mas aquilo parece deixar Rodrigo tensa, então saio do abraço e me sento.

— E aí, você trouxe?

Ela tira um envelope da bolsa e coloca em cima da mesa.

— Aí está.

Eu rio, porque isso ficou parecendo uma cena de filme de ação, cujo o objeto dentro deste envelope possa ser altamente perigoso.

— Olha, você não está me entregando drogas ou algo do tipo. Não precisa desse suspense todo.

Ela se encolhe na cadeira e pega um caderno de rascunhos, começa a escrever, e fica por isso mesmo.

Tá, tudo bem.

Talvez ela não esteja tão confortável com essa situação, e tudo bem. Decido ir me aproximando aos poucos, então para começar, pego o cardápio e olho as opções de café.

Não. tem. café. preto.

Ok, acho que consigo lidar com um pouco de caramelo e chantilly.

Escolhi algo para comer também, um sanduíche de queijo para quebrar o doce do café.

— Bom dia, já sabem o que vão pedir?

A garçonete, Anna – consegui ler em seu crachá –, apareceu ao lado da nossa mesa, com uma bloco de notas na mão.

AURA - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora