Capítulo 9

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Rodolffo

Goiânia – 23 de agosto de 2021.

Meu celular despertou cedo, o quarto já estava claro, mas eu não sentia nenhuma vontade de me levantar daquela cama. Estiquei o braço, e desliguei o alarme, voltando a abraçar o diário da Ju, e fechando os olhos.

- Se ler uma palavra, eu te mato!

Arregalei os olhos, quando ouvi sua voz atrás de mim, meu corpo inteiro se arrepiou e meus músculos se contraíram.

- É sério, Rodolffo. Me dá isso! – me virei lentamente na cama, olhando para trás e me deparando com ela, sentada sobre as pernas, com a mão esticada em minha direção, querendo o diário de volta.

Quase gritei quando a vi, levantei da cama num salto, levando uma mão ao coração. Minhas mãos estavam trêmulas, e pela forma como ela me olhava, eu deveria estar sem cor.

- Calma, amor. – ela pediu, andando sobre os joelhos até a beirada da cama. – Eu tava brincando, não vou te matar.

- Vo...vo...você? – não conseguia concluir meu raciocínio, gaguejava e apontava para ela.

Juliette se levantou da cama, e começou a caminhar até mim, e eu dei alguns passos para trás, ainda assustado e confuso com o que acontecia.

- Você está...

- Calma. – ela pediu, ainda caminhando em minha direção. – Eu vou me aproximar, e vou te abraçar, ok? – ela chegou mais perto, deitando a cabeça em meu peito, e envolvendo minha cintura com os seus braços. – Você está tremendo.

Demorei alguns segundos, para finalmente fechar meus braços ao redor dela, a abraçando forte e sentindo o perfume floral que exalava de seus cabelos. Permitindo meu corpo relaxar com o seu toque.

Foi um sonho.

- Eu tive um pesadelo horrível. – declarei, a vendo levantar a cabeça e olhar em meus olhos.

- Quer me contar?

Ela parecia realmente interessada, mas eu não podia contar a ela sobre o meu sonho, eu só estava feliz de ter sido um pesadelo, e ela continuar ali comigo.

- Foi só um sonho ruim. – tentei parecer calmo, acariciando suas bochechas com as costas dos meus dedos.

- Então senta sua bunda gostosa, aí. – ela me empurrou até a cama e sorriu. – E me espera. – pediu, me apontando o dedo e caminhando até o closet.

As memórias do meu sonho, começaram a surgir na minha cabeça, era como se eu estivesse vivendo a mesma manhã.

- Ocê tem uma surpresa. – disse para mim mesmo, enquanto tentava me lembrar de todo o sonho.

- Sim, uma surpresa, então espera aí. – disse já dentro do closet - Ah, você já se decidiu? – ela gritou lá de dentro.

- Oi?

- Eu perguntei se você já se decidiu sobre a viagem a Paraíba. – ela repetiu colocando apenas a cabeça para o lado de fora, na porta do closet.

Respirei fundo e cocei a cabeça, aquela sensação horrível de déjà vu, estava confuso demais.

- Ainda não, Ju.

- E quando vai decidir? O casamento é daqui há duas semanas!

Juliette voltou para dentro do closet, eu fitava a parede confuso, passando as mãos nervosamente pelo cabelo, enquanto sentia minha boca seca e o ar me faltar.

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