Capítulo 7

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Juliette

- Não quer me contar, o porque está com essa carinha, Ju? - Lara perguntou depois de um tempo, me olhando de canto de olho.

Já estava no carro há alguns minutos, e nos aproximávamos do teatro municipal. Entrei amuada no carro, e Lara percebeu que havia algo errado, mas tentou respeitar o meu momento.

- Não é nada. - menti e a vi rolar os olhos.

- Te conheço há pouco tempo, mas sei que está mentindo. - suspirei. - Vocês brigaram? - insistiu.

- Mais ou menos... - respondi. - E foi por um motivo tão bobo, que me sinto estúpida.

- Me conta o que aconteceu, e eu prometo ser cruelmente sincera com você.

- Quando eu cheguei para entregar a pasta, vi ele ao lado de uma loira, que não parava de tocar nele e ele não fez absolutamente nada. Simplesmente deixou ela ficar pegando em seu braço. - contei e a vi esboçar um sorriso de canto. - Eu sei, é estúpido não é?

- Você ficou com ciúmes. - ela deu de ombros. - É normal sentir ciúmes de quem a gente gosta.

- Eu sei, só que eu não tenho motivos para ter ciúmes dele, e agora eu me sinto idiota por ter sentido.

- Não se culpe por ser intensa, Ju. - ela me recriminou. - Gente blasé é cafona, faz bem viver a vida com intensidade, então nunca se culpe por sentir as coisas, por se emocionar e se deixar levar pelas emoções.

Fiquei calada, apenas pensando no que Lara havia acabado de me falar. Eu realmente sinto muito, é tudo muito intenso aqui dentro, se eu estou feliz, triste, com raiva, apaixonada, eu demonstro. Estou sempre sendo levada pelas minhas emoções, agindo algumas vezes com impulsividade, mas sempre me permiti sentir.

Rodolffo, por outro lado. É o oposto, ele nunca me diz como se sente, além do básico, tipo, fome, sono, cansaço, tesão, que é sempre. Os sentimentos mais profundos, ele nunca me permite saber. Por convivermos muito, eu consigo decifrá-lo pelas suas expressões, sei quando está triste, ou com raiva, ou magoado, mas nunca sei os motivos, ele nunca se abre comigo.

- Sabe. - Lara interrompeu meus pensamentos. - Acho vocês dois tão diferentes, são como fogo e gelo.

- Pensei que eu pudesse derreter o gelo dele. - pensei alto.

- Acha que ele não gosta de você? - perguntou, enquanto estacionava o carro na porta do teatro.

- Acredito que goste. - suspirei. - Quer dizer, ele nunca disse as palavras, mas pela forma com que me trata e que cuida de mim, acho sim que ele gosta, só não sei se ele me ama.

- Ele nunca disse o que sente a respeito de você?

- Não. - balancei minha cabeça. - E eu também nunca quis cobrar isso dele, acredito que sentimentos a gente expõe, quando sente vontade e não por se sentir pressionado a dizer. Eu digo a ele o tempo todo, quero que ele saiba que é amado, que saiba o quanto é importante para mim. Mas não vou cobrar que ele faça o mesmo, não me parece justo.

- Entendo você não querer pressioná-lo, mas você largou toda a sua vida por causa dele, estão juntos há um ano, ele já deveria ter dito algo.

- Você acha que estou sendo estúpida de insistir nessa relação?

- Não. - ela me olhou e segurou minha mão. - Mas talvez, devesse pensar se ele realmente te trata como prioridade, e se abandonar tudo por ele, realmente valeu a pena.

- Vou pensar. - prometi e ela sorriu.

- Agora, vamos. Já devem estar esperando por nós no teatro. - Lara chamou, tirando a chave da ingnição e abrindo a porta.

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