Juliette
Me chame de cafona e antiquada, mas sempre gostei de manter um diário. E nele eu registrava de tudo o que possa imaginar, o tratava como meu psicólogo particular, e um amigo confidente, para quem eu tinha liberdade de contar tudo.
Rodolffo, sempre ficava curioso para saber o que eu tanto escrevia nele, mas eu nunca o deixei ler nenhuma palavra. Ele era muito fechado em relação a sentimentos, e eu tinha medo dele se assustar com os meus, sempre tão intensos.
Eu sou intensa, sempre vivi tudo com intensidade. E foi essa intensidade, que me deu coragem de largar toda a minha vida na Paraíba, e vir morar com ele em Goiânia. No início foi difícil, minha família e amigos não entendiam, mas depois de verem o quanto eu o amava e o quanto ele se preocupava e cuidava de mim, começaram a apoiar minha decisão.
Ele não conhecia ninguém da minha família pessoalmente, conheceu mainha através de chamadas de vídeo, e apesar da insistência de todos, para que ele fosse conhecer minha família, ele sempre inventava uma desculpa, quando eu dizia que queria que fôssemos para Paraíba, visitar meus pais.
Desde que me mudei para cá, há um ano, eu só havia voltado na Paraíba duas vezes, uma delas para passar o Natal e a outra para o aniversário de mainha. Sentia falta do meu nordeste, e queria muito que ele fosse comigo da próxima vez.
Uma das minhas amigas de infância, Monalisa, vai se casar no início de setembro. Ela me convidou para ser madrinha, e eu logo aceitei. Só tentava convencer Rodolffo a ir comigo, mas ele sempre mudava de assunto e nunca me dava uma resposta definitiva.
- Eu ainda vou descobrir o que ocê tanto escreve nesse caderno. – ele chegou de surpresa atrás de mim, e eu fechei meu diário depressa.
- Só por cima do meu cadáver. – brinquei, e ele se inclinou para me beijar.
- Acordou cedo, linda. – ele afagou meus cabelos, antes de caminhar até a cozinha e se servir de café.
- Estou ansiosa. – respondi com a voz tremida. - A minha apresentação é na semana que vem.
- Eu não tenho dúvida nenhuma, que será um sucesso. – ele voltou até a mesa, onde eu estava sentada, e se sentou à minha frente. – Seu pé tá melhor?
- Como um pé de bailarina deve ser, todo estropiado. – ri alto e ele sorriu, negando com a cabeça.
- Vai pra academia agora cedo?
- Só mais tarde.
- Vou esquentar água, e te fazer uma massagem.
- Por isso que eu te amo. – falei empolgada, levantando e dando um beijo em seus lábios.
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Sentia a água quente em meus pés, Rodolffo colocou alguns sais efervescentes e óleos essenciais na água, além de pétalas de rosas, que segundo ele, era para ficar mais bonito. Já conseguia sentir o efeito dos escalda pés, o relaxamento vindo gradativamente em meus pés doloridos.
Depois de quinze minutos, apenas sentindo a sensação gostosa da água em meus pés. Rodolffo se ajoelhou a minha frente, tirando os meus pés da água e secando com uma toalha, tomando todo o cuidado para não os deixar úmidos.
Ele afastou a bacia com água, e se sentou no sofá ao meu lado, trazendo meus pés para o seu colo, e passando um hidratante, enquanto os massageava, me fazendo gemer em satisfação.
- Amo quando você me faz massagem.
- Preciso cuidar dos pezinhos da minha namorada. – ele sorriu. – Tem calos novos aqui. – ele disse, a medida que suas mãos percorriam meus pés. – Você está cheia de hematomas, Ju. Não tá exigindo muito d'ocê nesses ensaios?
- Estamos ensaiando o normal de uma companhia de dança, amor. – informei. – Enrico ainda acha que é pouco.
- Quem é Enrico?
- O príncipe Siegfried.
- Ocê vai mesmo chamar outro cara de príncipe na minha cara, Juliette? – ele perguntou encabulado e eu dei uma risada alta.
- Ele faz a peça comigo, é o meu par.
- Então é bailarino? – ele perguntou e pude ver sua expressão suavizar, quando eu confirmei com a cabeça. – Então é gay, né? – ri ainda mais alto.
- O Enrico não é gay. – respondi e ele fechou a cara.
- Achava que todos esses bailarinos fossem gays.
- A grande maioria são, mas não são todos.
- Então ocê tá me dizendo, que tem um bailarino não gay, que dança todos os dias com a minha namorada?
- Sim. – respondi dando risada, vendo o bico que ele fazia.
- Não tô gostando desse trem.
- Não tem com o que se preocupar, amor. – o tranquilizei. - Não tenho tesão nenhum por homem de meia-calça. – dei uma risada e ele levantou o rosto para me olhar.
- Que tipo de homem que ocê tem tesão, Juliette? – perguntou arteiro, me puxando pelos tornozelos e se encaixando entre as minhas pernas.
- Cuidado com meu tornozelo, peste. – o recriminei, mas estava dando risada.
- Desculpa. – ele pediu antes de voltar a perguntar. – Ocê não me respondeu que tipo de homem tem tesão.
- Ultimamente, só tenho tido tesão em um moreno cheiroso, goiano, produtor musical, do abdômen trincado, e que faz massagens em meus pés. – respondi, enquanto ele deitava sobre mim, e eu enroscava minhas pernas em sua cintura.
- Que bom. – ele respondeu, mordendo a boca, esfregando seu corpo no meu. – Porque eu só tenho tesão, em uma bailarina do cabelão, com uma boca carnuda que eu amo morder. – sussurrou, aproximando seu rosto do meu, e puxando meu lábio inferior com os dentes, me fazendo arfar e gemer em seus lábios.
- Conheço uma bailarina que faz esse tipo.
- E eu também conheço um cara que faz esse tipo aí.
Sem mais demoras, ele encostou nossos lábios, num beijo suave e delicado. Senti sua língua quente tocar meu lábio inferior, num pedido mudo de conseguir passagem, que foi logo concedida. Quando sua língua encostou na minha, senti um arrepio percorrer minha espinha.
Segurei sua nuca, puxando os seus cabelos à medida que nosso beijo ficava mais intenso, sentindo ondas de choque pelo meu corpo, e a excitação molhar minha calcinha.
Fomos interrompidos, quando meu telefone começou a tocar, olhei no visor, e era Lara. Desbloqueei a tela, e atendi.
- Oi, Lara. – saudei, Rodolffo continuou beijando meu pescoço e apertando meu corpo, e eu tive que morder o lábio para reprimir um gemido.
- Ju, passo aí em vinte minutos pra te buscar. – ela avisou.
- Tudo bem, estou te esperando.
- Até daqui a pouco, beijo.
- Até, xêro. – me despedi e desliguei a chamada. – Amor, a Lara tá vindo preciso me arrumar. – o puxei pelo cabelo, para que ele parasse com os beijos.
- Eu escutei ela falando vinte minutos, dá tempo.- ele respondeu e eu dei risada.
- Eu preciso me arrumar.
- Mais tarde?
- Mais tarde. – afirmei, antes de dar um beijo em seus lábios e levantar do sofá para me arrumar. – Obrigada pela massagem. – pisquei pra ele.
- Disponha.
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N/A: Muitas vezes, as declarações de amor, são feitas em silêncio, com gestos e demonstrações de afeto e cuidado. O fato dele não dizer com palavras que a ama, não quer dizer que ele não sinta. Algumas pessoas sentem dificuldade de expressar seus sentimentos.
VI algumas pessoas preocupadas com o final da fanfic, se vai ser ou não igual a do filme. Fiquem tranquilas quanto a isso.
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Um dia
FanfictionJuliette, é uma bailarina clássica dedicada, que tem o sonho de um dia integrar uma grande companhia de ballet. Numa temporada de apresentação em Goiânia, acaba conhecendo Rodolffo se apaixonando à primeira vista, e não exita quando recebe o convite...